Leão ou formiga?

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 20/06/2020 16:00

INCENTIVO DO LIDER

Como todos os assuntos giram em torno da pandemia, da minha parte, neste espaço, também não será diferente. Mas um ponto positivo a destacar é que a BSGI, na vanguarda do mundo, saiu na frente a respeito da manutenção das atividades da organização. Com criatividade, espírito de procura e um sentimento solidário de abraçar todos os companheiros, as reuniões acontecem por todos os cantos através das inovadoras plataformas virtuais. Com o distanciamento social, o que aparentou ser uma interrupção do fluxo do kosen-rufu deu lugar a eventos virtuais. Além disso, mesmo sem contatos físicos, não devem em nada no que se refere a calor humano.

Em minha participação em inúmeras atividades virtuais, uma questão sempre se faz presente: “Nesta crise sem precedentes, como não se desencorajar nem ‘surtar’ ante a tantas incertezas ainda pela frente?”. Sem a pretensão de ser alguma resposta, gostaria de construir uma reflexão. No escrito Resposta à Kyo’o, Nichiren Daishonin declara: “Dizem que o rei leão avança três passos e recua um para concentrar toda a sua força e atacar” (CEND, v. I, p. 431).

Aprendemos aqui a postura do rei leão sobre como conquistar a vitória. O desejo de cada pessoa sempre é o de avançar. Porém, ninguém consegue vencer sempre, porque a vida não é assim. Se a vida fosse só coisas boas, perderíamos facilmente o seu valor. Elas rapidamente se tornariam banais. Já pensou se tudo o que desejássemos, acontecesse fácil assim? Nos tornaríamos pessoas melhores ou piores? Apesar de ser uma ideia muito bem-vinda, creio que seria bem pior, pois nos tornaríamos mimados, ou seja, acostumados com conquistas fáceis. Assim, não aceitaríamos mais o que viesse contra. É enxergar somente um lado, o nosso, e não ver os outros. Isso é egocentrismo, isto é, a pessoa acha que é o centro de tudo e que tudo gira em torno de si. Por isso, nós nos tornaríamos muito piores como seres humanos.

Por outro lado, um revés na vida serve como um chacoalhão! Existe outro lado em que é preciso encarar para mudar e melhorar. Este é o sentido da adversidade, do recuo, que aprendemos no budismo. Sabe aquele momento em que você ultrapassa uma dificuldade e conclui: “Agora entendi o por quê foi assim. Se não tivesse sido dessa forma, não teria percebido, não teria aprendido como lição de vida”. Em uma orientação, o presidente Ikeda afirmou que “O verdadeiro benefício é criar valor mesmo enfrentando as piores circunstâncias” (Terceira Civilização, ed. 532, dez. 2012, p.16) .

A crise que estamos enfrentando, nós vamos sair dela. Mas como vamos sair dessa crise? O comum seria sairmos abalados, não é? Afinal, a crise nos dá todas as justificativas para fracassar. Que tal darmos a ela o significado de recuo do leão? O filho de um leão é um leão também. O discípulo do Buda é um buda também. É pela postura do rei leão que vamos compreender que isso que estamos enfrentando é recuar um passo. Recuar um passo para criar valor, concentrar toda a nossa força e avançar como nunca antes!

Na sequência deste escrito consta: “Emprega a mesma força tanto para a agarrar uma minúscula formiga como para atacar um feroz animal” (Ibidem, p. 431) .

Fé é enfrentar e vencer com sinceridade a adversidade que se apresenta diante de nós, por mais simples que possa parecer. Essa vitória é que nos dará condições de vencer a próxima e as demais dificuldades. Na vida diária, um dia de cada vez, um problema de cada vez, dando o nosso melhor com fé resoluta no Gohonzon — esse é o caminho da vitória.

O presidente Ikeda pondera:

“Viver como o rei leão, portanto, significa desafiar cada problema ou tarefa imediata com toda energia e vencer resolutamente cada uma delas. Um grande progresso e uma vitória retumbante só podem advir do acúmulo de esforços diários deste tipo. Somente ao triunfarmos hoje aqui e agora, poderemos desfrutar um futuro radiante e glorioso e uma suprema vitória na vida”. (Pode Haver uma História Mais Maravilhosa do que a Sua?, p. 153)

 

Enfim, nesta crise, vamos vencer um dia de cada vez, “hoje, aqui e agora”. Quando a crise acabar, mesmo no “novo normal”, vamos construir “um futuro radiante e glorioso e uma suprema vitória na vida”.

 

Reginaldo Tateigi

Coordenador de coordenadoria