Fortaleçam-se em meio à luta

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 20/06/2020 16:16

ENCONTRO COM O MESTRE

No Encontro com o Mestre desta edição, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, aborda a importância de se manter firme enquanto se dedica ao kosen-rufu, de contribuir para o desenvolvimento da sociedade e de se empenhar no desenvolvimento de uma organização baseada no princípio de “diferentes em corpo, unos em mente”.

Reprodução/Foto-RN176 Dr. Daisaku Ikeda, ele  é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista  e atualmente é o Mestre e Terceiro  Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI. O presidente Ikeda incentiva membros da Divisão dos Jovens no Auditório Ikeda, da Universidade Soka, em Tóquio (Japão, 6 out. 2007) – Editora Brasil Seikyo – BSGI

 

 

Avancemos na sintonia da luta conjunta de mestre e discípulo

 

  1. DAISAKU IKEDA

Juntos, em unicidade

de mestre e discípulo,

concretizaremos

o juramento seigan.

 

Em Registro dos Ensinamentos Transmitidos Oralmente, Nichiren Daishonin ressalta: “O grande juramento é a propagação do Sutra do Lótus”.1

No auspicioso 3 de maio de 1951, em sua posse como segundo pre­sidente da Soka Gakkai, meu venerado mestre, Josei Toda, bradou: “Concretizarei 750 mil shakubuku!”.

Para muitos, essas palavras talvez tenham soado como um conto de fadas. Mas abracei o juramento do mestre como o meu próprio e parti para concretizá-lo.

No início do ano seguinte, ele me disse com toda a seriedade: “Daisaku, peço que você tome a frente da campanha”. Foram as palavras do mestre diante do resultado insatisfatório de shakubuku. “Sensei, pode contar comigo. Reverterei a atual situação, o senhor pode ficar tranquilo. Apenas me observe”, respondi.

Da sintonia da luta conjunta de mestre e discípulo, iniciou-se o histórico movimento de shakubuku do Distrito Kamata, alcançando as surpreendentes 201 conversões em um mês. Esse resultado se tornou o ponto de partida e, na sequência, as regiões de Tóquio, Hokkaido, Kansai e Chugoku seguiram criando imensas ondas de propagação em todo o Japão. Tal avanço deixou o presidente Josei Toda particularmente muito feliz; e ver a alegria do mestre é a maior satisfação e honra do discípulo. O resultado tão almejado, o juramento seigan do mestre, ou seja, o grandioso marco dourado de 750 mil conversões, foi erguido finalmente de forma imponente em dezembro de 1957. (…)

Suruga, atual província de Kanagawa, foi o palco principal da luta de Nichiren Daishonin para desenvolver e escrever o tratado Estabelecer o Ensinamento para a Pacificação da Terra. Nele, Daishonin afirmou: “Declaro tudo isso unicamente em prol da nação, da Lei e das demais pessoas, não em benefício próprio”.2

Daishonin meditava constan­temen­te em como assegurar a paz e a tranquilidade na Terra, a prosperidade do ensinamento e em lutar pela justiça e pela felicidade do povo. A família Soka, organização de mestres e discípulos, mantém inalterável essa mesma determinação, pois todos atuam ligados diretamente ao coração do Buda; por isso, são fortes e invencíveis.

Por mais que alguém ostente poder e fama, se for ganancioso será desmascarado pelas pessoas sábias do povo e não escapará de um rigoroso julgamento. Ao contrário, desprezamos as condutas movidas pela vaidade ou busca de fama e poder, e vivemos sempre junto do povo, seguindo o mais supremo caminho do humanismo, a mais nobre e correta estrada da vida.

 

Por que o desafio é importante?

Para o discípulo que concretizou 750 mil famílias, o mestre lançou imediatamente uma nova meta: 3 milhões de conversões.

Por que continuamos a desafiar a concretização do kosen-rufu e de “estabelecer o ensinamento” sem poupar a vida em meio à nossa dura realidade? Certa vez, o presidente Josei Toda falou sobre o significado disso aos companheiros de Hokkaido.

Em primeiro lugar, enquanto con­tribui para o bem da localidade e da sociedade, pode-se expandir para muitas pessoas a relação com o budismo e ampliar os benefícios tanto para si como para os outros. Em segundo, por meio das batalhas, pode-se fortalecer a organização como um todo e criar uma sólida união de “diferentes em corpo, unos em mente” (itai doshin). Em terceiro, em meio à busca pelo objetivo, cada um consegue registrar uma nobre história e relatar ao Gohonzon sem arrependimentos, experimentando a suprema alegria da vitória.

O desejo do meu mestre era que comprovássemos o valor da prática conquistando benefícios, harmonia e felicidade na vida por meio da forte união, da sabedoria e da alegria.

A concretização de 3 milhões de praticantes budistas se tornou o testamento do mestre; e com a dedicação do discípulo em gratidão a ele e também com a ousadia dos jovens de romper limites, esse objetivo foi alcançado em apenas cinco anos, em novembro de 1962, há cinquenta anos [fato que, em 2020, completa 58 anos].

Passado meio século, a Soka Gakkai venceu todos os grandes obstáculos superando os “três poderosos inimigos”, e agora se tornou o “Grande Castelo da Vitória do Povo”. Os jovens herdeiros emergiram da terra e nós vivemos a era da perspectiva da concretização do kosen-rufu mundial. Nichiren Daishonin e meu mestre, Josei Toda, estão felizes ao ouvirem essa maravilhosa notícia.

Há o seguinte trecho numa escritura de Nichiren Daishonin:

Nas sessenta e seis províncias e duas ilhas, não há nenhum lugar onde o budismo não tenha chegado. Em cada província, distrito, cidade, vila e povoado, foram erigidos salões e estupas budistas, pagodes e templos, de forma que o budismo está agora presente em 171.037 lugares.3

 

É a prova de que, com seu magnânimo coração, observava a vida do povo em cada localidade por menos ou mais distante que fosse.

Também existe o seguinte trecho:

O Japão é conhecido por dez nomes diferentes, tais como Fuso, Yamato, Mizuho e Akitsushima. Pode ser descrito como uma nação de sessenta e seis províncias e duas ilhas, que mede mais de três mil ri de extensão e de cem a quinhentos ri de largura. É dividido em cinco regiões [Yamashiro, Yamato, Kawati, Izumi e Settsu], que cercam a capital, sete zonas fronteiriças [Tokai, Higashiyama, Hokuriku, San-in, San-yo, Nan-kai e Seikai], e possui 586 distritos e 3.729 vilarejos.4

 

Nessa mesma escritura, Nichiren Daishonin registra a população da época: “Sua população é de 4.989.658 habitantes. (…) Os homens somam 1.994.828, e as mulheres, 2.994.830”.5 Há escrituras que apresentam números diferentes, contudo, vemos que Daishonin considerava a população do Japão em torno de 5 milhões de pessoas. Emociono-me ao saber que ele possuía o conhecimento detalhado da população japonesa e entendo como seu profundo e intenso sentimento de se preocupar com todas as pessoas.

Acredito que isso expressa seu profundo compromisso de levar a paz e a prosperidade a todos os locais por menores que fossem, e fazer com que as pessoas, sem exceção, se tornassem felizes. (…)

Vamos nos empenhar em prezar cada pessoa, e juntos dialogarmos e nos incentivarmos mutuamente, desejando o desenvolvimento da nossa localidade e da sociedade, conforme o desejo de Nichiren Daishonin.

 

O esforço supera quaisquer dificuldades

 

Minha esposa e eu recentemente soubemos da luta de um casal que se refugiou em Ibaraki, vindo de Fukushima, em decorrência dos danos causados à usina nuclear pelo terremoto seguido de tsunami [que ocorreu em março de 2011]. O futuro é incerto. Porém, o casal participa do movimento em prol da comunidade, arrancando capim ou recolhendo lixo da rua, escondendo a insegurança atrás do sorriso. Não é fácil fazer amizade e conquistar a confiança das pessoas quando se é refugiado. Contudo, o casal continua a se empenhar para fazer amizade com os vizinhos e avança junto com os companheiros dessa localidade. (…)

O casal diz: “Mostrar o potencial para enfrentar uma grande catástrofe — essa é a nossa missão!”. Como gostaria de louvá-lo apertando for­temente suas mãos sujas de terra por capinar o mato! O coração dos companheiros de todo o Japão e do mundo inteiro, que se dedicam a essa luta, está sempre unido. Enquanto existir esse laço de humanismo, jamais seremos derrotados.

O gigante Leonardo da Vinci (1452–1519), o polivalente da Renascença, bradou: “Desconheço o que é a dificuldade. Diante do esforço, não há dificuldade”. Meus estimados porta-estandartes da Renascença Soka! Não temam nenhuma dificuldade. Vamos nos empenhar corajosa e ininterruptamente, pois somos portadores da estratégia do Sutra do Lótus, a mais poderosa e invencível de todas as estratégias.

Nichiren Daishonin declara:

Embora Nichiren e seus discípulos sejam poucos, por serem diferentes em corpo, unos em mente, eles, sem falta, cumprirão a grande missão de propagar o Sutra do Lótus de forma ampla. Apesar de as forças do mal serem muitas, elas não podem prevalecer sobre uma única grande verdade, assim como vários e tempestuosos incêndios são apagados por uma única chuva.6

 

Vamos lutar com o “coração de ouro” da coragem e da união, assim como afirma Nichiren Daishonin. E, juntos, vamos vencer e edificar o “Castelo de Mestre e Discípulo da Justiça”.

 

Resplandecentes

companheiros Soka da união,

deixem gravado

pelas três existências

a história de vitórias.

 

Notas:

  1. GZ, p. 736.
  2. CEND, v. I, p. 172.
  3. CEND, v. II, p. 272.
  4. CEND, v. II, p. 282.
  5. Ibidem.
  6. CEND, v. I, p. 646.

 

Fonte:

Este conteúdo é composto por trechos do ensaio Nosso Grande Caminho de Vitórias, publicado no Seikyo Shimbun de 7 dez. 2012. O trecho completo pode ser lido no BS, ed. 2.166, 2 fev. 2013.