O Inferno é a Terra da Luz Tranquila

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 27/06/2020 10:10

CADERNO REUNIÃO DE PALESTRA

Matéria da reunião de palestra de julho

 

Com base na explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda — “‘Fé, prática e estudo’: princípio fundamental do Budismo Nichiren”

 

Este é o último escrito da explanação do presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, da série “Budismo do Sol — Iluminando o Mundo”, “‘Fé, prática e estudo’: princípio fundamental do Budismo Nichiren”. O estudo do budismo fortalece a fé e aprofunda nossa convicção, conforme incentivos do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda:

O simples fato de assistir às explanações do Gosho ou ler os escritos de Nichiren Daishonin e alegar que compreendeu os ensinamentos ainda pertence ao plano teórico; o essencial é se empenhar na fé e na prática exatamente de acordo com esses ensinamentos. (Terceira Civilização, ed. 614, out. 2019, p. 63)

Vamos estudar o escrito O Inferno é a Terra da Luz Tranquila e ver como Nichiren Daishonin incentivou sua discípula, que passava por uma grande tristeza, a superar a situação por meio da prática da fé.

 

Trecho do Gosho

Aquele que, ao ouvir os ensinamentos do Sutra do Lótus, fortalece ainda mais a própria fé possui o verdadeiro espírito de buscar o caminho. Tiantai afirma: ‘Do índigo, um azul ainda mais forte’.1 Esta passagem indica que ao mergulhar algo repetidas vezes na tintura de índigo, o resultado será um azul mais intenso que o das próprias folhas da planta. O Sutra do Lótus é como o índigo, e o poder da fé de uma pessoa é como o azul que se torna cada vez mais intenso.” (O Inferno é a Terra da Luz Tranquila, CEND, v. I, p. 478)

 

Sobre o escrito

Acreditava-se que essa carta, endereçada à monja leiga Ueno, tivesse sido escrita em 1274, após Nichiren Daishonin ter se estabelecido em uma pequena cabana em Minobu.

Entretanto, presume-se atualmente que esse escrito seja datado de 1265, logo depois do falecimento do marido da monja leiga, Nanjo Hyoei Shichiro. Essa senhora era mãe de Nanjo Tokimitsu, que sucedeu o pai como administrador da vila de Ueno. Nichiren Daishonin expressa na carta sua gratidão pela preocupação e devoção dessa senhora. Apesar
da profunda tristeza pela morte de seu esposo, ela se esforçava para criar seus nove filhos sozinha.

 

Explanação

 

Azul mais azul que o anil

Diante da terrível situação na qual a monja leiga de Ueno se encontrava, Nichiren Daishonin a incentiva dizendo que ela se tornaria feliz infalivelmente e reforça também que, para atingir o estado de buda, a pessoa deve dissipar a escuridão fundamental ou ignorância fundamental2 que encobre o potencial para essa vasta condição de vida.

Por saber que é a fé que a capacitará à vitória, Daishonin instiga a monja leiga a fortalecer ainda mais sua fé. Nessa carta, ele utiliza a metáfora do “azul mais intenso que o das próprias folhas da planta (índigo)” para descrever o processo para aprofundar a fé.

Essa analogia deriva de um texto do filósofo chinês Xunzi. O sumo extraído da planta índigo é usado como tinta. Embora o sumo não tenha uma coloração tão intensa, ao se mergulhar o tecido nele e repetindo o tingimento, produz-se um tom mais escuro. Desse modo, a analogia tem como referência nossa contínua prática da fé por meio do exercício budista: recitação diária do gongyo e do daimoku, estudar e compartilhar o budismo com as pessoas.

Na explanação do presidente Ikeda para esse escrito, ele comenta sobre a nossa compreensão de ser a prática da fé o que nos possibilita esclarecermos questionamentos e dúvidas, para nosso próprio avanço.

Quando realmente apreciarmos como é maravilhoso este budismo, nossas orações serão repletas de gratidão. Quando possuirmos a convicção inabalável de que nossos desejos serão realizados, nossas orações transbordarão alegria. (Terceira Civilização, ed. 614, out. 2019, p. 57)

 

Manifestar a fé inabalável

Nessa carta, Nichiren Daishonin refere-se a dois princípios budistas: “o inferno é, em si, a Terra da Luz Tranquila” e “atingir o estado de buda na forma que se apresenta”. Com base nesses princípios, ele assegura à monja Ueno que seu falecido esposo atingiu a iluminação e que, por meio da fé, ela poderá transformar qualquer sofrimento em fonte de felicidade.

Seu esposo, Shichiro foi o primeiro na família a se converter aos ensinamentos de Nichiren Daishonin e ele perseverou na fé sem ser abalado pelas dificuldades, e atingiu o estado de buda na forma que se apresentava. Esse conceito significa que podemos estabelecer a condição do estado de buda nesta existência, assim como somos. Budas em vida são aqueles que evidenciam sua natureza iluminada e se esforçam para cumprir a missão. Daishonin incentiva a monja para que siga o exemplo do marido, persista na fé e estabeleça uma condição de vida de felicidade inabalável.

Nichiren Daishonin também nos ensina que tanto a terra pura como o inferno existem em nossa própria vida. Dependendo da nossa condição de vida [do nosso coração], perceberemos o mundo em que vivemos como inferno ou paraíso.

Empreendendo ações para transformar seu sofrimento, a monja leiga Ueno viveu uma existência vitoriosa, comprovando as palavras de Nichiren Daishonin sem ser derrotada.

 

Dificuldades: trampolim para a vitória

O estudo do budismo não é meramente para o acúmulo de conhecimentos. Seu verdadeiro significado está em aplicá-lo na vida cotidiana e em meio às atividades da organização. O “estudo do budismo na ação” é o espírito do estudo do budismo da Gakkai. Ao se deparar com as adversidades da vida, você conseguirá ou não se levantar na prática da fé com base no Gosho? As pessoas que adquiriram uma grande convicção na fé por ter “lido o Gosho com a própria vida” em meio à árdua realidade da vida são as que relatam vitoriosas experiências pessoais. (Terceira Civilização, ed. 511, mar. 2011, p. 9)

 

Analisando a situação em que a monja leiga Ueno recebeu essa carta, percebemos a importância de Nichiren Daishonin para seus discípulos. Ele a incentivou a ultrapassar aquele doloroso momento com o sentimento de vitória. O estudo do budismo é o meio para atingirmos nossos objetivos, conforme o incentivo do Mestre acima.

Vamos, uma vez mais, ultrapassar os momentos de indecisão imbuídos da sincera prática da fé, alicerçados no princípio de “fé, prática e estudo” para dissipar toda a escuridão da nossa vida.

 

Material de apoio

Leia mais nos periódicos:

Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 478.

Terceira Civilização, ed. 614, out. 2019.

Aplicativo BS+.

Vídeo da reunião de palestra na Extranet.

 

Notas:

  1. Grande Concentraçãoe Discernimento. Essa passagem aparece no prefácio escrito por Zhangan.
  2. Ilusão inerente à vida mais profundamente e arraigada, que dá origem a todas as demais ilusões. Incapacidade de ver ou reconhecer a verdade, em especial a verdadeira natureza da vida.