Nova forma de viver

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO 27/06/2020 10:19

RELATO

Rui superou os próprios limites impulsionado pela mudança do pensamento

 

Reprodução/Foto-RN176 Rui toca violão perto da Bridge of Dreams, em Princeton, Canadá. Todas as fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus

Iniciei a prática budista em outubro de 2016 e, de lá para cá, passei por altos e baixos. Mas, o maior desafio era compreender os questionamentos que tinha com relação ao Nam-myoho-renge-kyo, a Ikeda sensei e às pessoas à minha volta. Por isso, o marco da minha revolução humana foi quando decidi vencer a dúvida e quebrar as correntes que me aprisionavam num mundo de arrogância e solidão.

Primeiro passo

Na adolescência, comecei a desenvolver sintomas de depressão, vivendo uma condição psicológica de constante agonia, insegurança e falta de esperança. Em alguns momentos, nem mesmo as coisas que eu mais amava, como tocar violão e cantar, me davam prazer. Eu me sentia incompreendido pelas pessoas da minha família e por todos.

Aos 15 anos, conheci Yoshi Mae­hara na escola. Ele me apresentou o budismo Soka e me convidou para participar de uma reunião em sua residência. Lembro-me de retornar para casa e dizer à minha mãe que estava muito feliz e queria continuar participando dos encontros.

Naquela época, acreditava que o budismo me daria disciplina para sair da condição de inércia decorrente da depressão. No entanto, perdi o contato com esse amigo e minha vida piorou. Segui insatisfeito com as amizades, meus relacionamentos eram instáveis e sentia profundo desespero ao pensar no meu futuro.

O tempo passou, fiz intercâmbio de um ano no Canadá e quando voltei ao Brasil retomei o contato com meu amigo. Apesar de me sentir mais aberto a novas experiências, tentando até mesmo praticar outras religiões, ainda sentia falta de uma base que sustentasse a mudança interior que tanto ansiava.

O primeiro passo aconteceu quando, certa vez, Yoshi e eu voltávamos de uma festa. Ao observar a postura egoísta e preguiçosa dos jovens ao nosso redor, juramos promover o desenvolvimento social da cidade de Osasco, SP, onde moro, conforme o amplo movimento pelo kosen-rufu. E dali em diante fiz da prática budista a base para viver de forma significativa também.

 

Abandonar a dúvida

A decisão que tomamos resultou no projeto “Expansão do Coração”, da Divisão dos Universitários da BSGI na localidade, em 2017, cujo objetivo era mudar a realidade da cidade por meio de um grande movimento de oração, diálogos e visitas que fizessem florescer a força jovem em cada pessoa.

Reprodução/Foto-RN176 Com o Grupo Inabalável, que promove diálogo gerando um movimento de visitas na localidade, em 2019. Todas as fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus

No fim daquele ano, eu havia ensinado sobre o budismo para dez pessoas que iniciaram a prática. Meu coração pulsava de alegria e estava pronto para novos desafios. Porém, no começo de 2018, tive uma recaída de depressão e fiquei afastado das atividades.

Aos poucos, consegui me recuperar com a ajuda dos amigos. Logo percebi que a crise aconteceu porque, apesar de estar muito envolvido nas atividades da Soka Gakkai, ainda não tinha resolvido as dúvidas no meu coração, e isso sempre me levaria a um impasse nos momentos cruciais. Recitei vigoroso gongyo e daimoku e decidi abandonar a dúvida e conduzir minha vida com base na certeza.

Isso não teria sido possível se eu não confiasse tanto nos queridos amigos que fiz na organização para me ajudar nesse processo. Além do mais, observar o comportamento dos veteranos foi essencial. Então, recitei ainda mais daimoku para abrir um grandioso caminho de vitórias.

Ainda em 2017, consegui um estágio para trabalhar numa multinacional, na qual estou até hoje. Na organização, no ano passado, assumi a vice-liderança da Divisão Masculina de Jovens da Comunidade Bandeira, para mim uma nova chance de desenvolvimento. Entre os jovens, produzimos no fim do ano passado uma música oficial para nossa comunidade, que foi apresentada na última reunião de palestra, em maio.

 

Criar conexões

Em meio ao cotidiano atribulado, sempre me esforcei no trabalho, dedicando-me três vezes mais, conforme o presidente Ikeda orienta.

Assim, conquistei a confiança dos meus superiores e me tornei responsável pela aplicação da agenda brasileira de sustentabilidade global na empresa. Motivado, consegui envolver os funcionários do escritório em atividades relacionadas ao incentivo à preservação do meio ambiente, à diminuição do consumo de carne, à diversidade e aos direitos humanos. Durante um ano, estudamos sobre esses temas, realizando apresentações, seminários com especialistas, doa­ções, visitas etc.

Reprodução/Foto-RN176  Atuando pelo grupo Sokahan. Todas as fotos foram tiradas antes do isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus

Como resultado dessa atuação, em dezembro de 2019, recebi uma premiação por representar um dos valores da empresa, “Cuidar-retribuir”, e ganhei uma viagem de uma semana para qualquer lugar do mundo. Escolhi Hong Kong, China, uma cidade altamente desenvolvida economicamente, onde fica a sede global da empresa.

Nessa região, iniciaram-se os primeiros casos de pessoas infectadas pelo novo coronavírus, e, quando a pandemia eclodiu, passei a recitar bastante daimoku para me manter confiante e tranquilo. Além disso, na localidade, temos apoiado uns aos outros nesse sentido. Os membros estão se esforçando ao máximo para participar dos encontros virtuais.

No trabalho, tive suporte para continuar com meus objetivos, e a viagem deve acontecer assim que possível. E, recentemente, soube que as iniciativas que idealizei foram publicadas no relatório global das atividades da empresa em sustentabilidade, algo que me deixou bastante contente.

Sigo convicto de um futuro melhor. Meu objetivo é criar conexões com as pessoas e abrir caminhos para me tornar um cidadão global que contribua efetivamente para a paz mundial.

 

Rui Ferreira, 24 anos. Consultor de expatriação. Vice-resp. pela DMJ da Comunidade Bandeira, CGSP, CGESP.