Presente fazia referência à desaceleração da economia chilena
ROTANEWS176 EANSA 15/12/2016 18h02
O ministro da Economia do Chile, Luis Felipe Céspedes, recebeu de presente uma boneca inflável de um grupo de exportadores, o que desencadeou uma série de críticas da população do país.
Reprodução/Foto-RN176 O ministro da Economia do Chile, Luis Felipe Céspedes Foto: EFE
A boneca nua carregava um cartão na boca com a mensagem: “Para estimular a economia”, em referência à desaceleração pela qual passa a economia chilena. O brinquedo sexual foi entregue na última terça-feira (13) durante um evento pela Associação de Exportadores de Manufaturas e Serviços (Asexma) que anualmente dá presentes estranhos a ministros.
No entanto, a “brincadeira” causou uma enorme polêmica e retomou a discussão sobre a valorização da mulher. Em seu perfil no Twitter, a presidente chilena, Michelle Bachelet, escreveu que “o ocorrido na ceia de Natal organizada pela Asexma não pode ser tolerado. A luta pelo respeito à mulher tem sido um princípio em meus dois governos”, ressaltou Bachelet.
Em resposta, o presidente da organização, Roberto Fantuzzi, tentou se redimir. “Tenho esposa, filhas e neta, jamais teria intenção de provocar violência contra a mulher”, disse. “Se ofendi alguém, quero pedir desculpas. Isto se faz em um comitê, não são apenas minhas ideias, também há mulheres participando. E se eu realmente cometi um erro, tudo que posso fazer é pedir perdão, perdão, perdão”, acrescentou.
Em declaração à imprensa, Céspedes, que recebeu o presente sorrindo, pediu desculpas pelo inconveniente. “Me pegou de surpresa e minha reação não foi adequada”, disse ele. O ministro ainda recebeu um telefonema da ministra da Mulher e da Igualdade de Gênero, Claudia Pascoal. “Rejeitamos e condenamos toda situação na qual nosso país continue usando a mulher como objeto sexual”, disse à imprensa.
O Movimento pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos (Miles) chamou de “sexista e misógino” o “espetáculo com a boneca inflável”. “A Asexma entregou a boneca ao ministro porque a seu juízo, a economia é como as mulheres, que precisam ser estimuladas”, declarou.
Nas redes sociais, os chilenos consideraram o presente totalmente machista e criticaram a “brincadeira” das autoridades. Nos últimos meses, o país tem registrado diversas manifestações para protestar contra a violência machista enraizada na cultura popular. Assim como em outros países da América Latina, o Chile enfrenta constantemente casos de feminicídios. Segundo organizações de defesa das mulheres, quase 50 chilenas foram assassinadas e mais de 100 sofreram ataques graves em 2016.
ANSA