ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 17/10/2020 18:20
CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Capítulo “Origem”, volume 29
PARTE 33
O ministro era conhecido como um eloquente orador. Gesticulando muito, falava em voz alta, que ressoava por todo o salão, sobre a política de Ashoka e o espírito de Mahatma Gandhi, que lutou junto com o povo.
Assim como Gandhi conduzia diálogos penetrando em meio ao povo, Shin’ichi havia ouvido que o ministro também saía frequentemente para conversar com as pessoas sentadas em círculo, ouvindo-as atentamente com sinceridade. Citando um exemplo, quando soube que as pessoas passavam por dificuldades devido à longa demora na emissão de passaportes, envolveu-se no aperfeiçoamento do sistema de tal emissão.
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da Editora Brasil Seikyo – BSGI
A eloquência nada tem a ver com verborragia. A eloquência, que capta o coração das pessoas, é uma fala que representa o sentimento delas, e começa com o esforço de ouvir persistentemente a opinião de cada uma. É o grito da alma que contém consideração, convicção e paixão.
O ministro era um poeta, mas não uma pessoa idealista teórica, e sim uma pessoa de ação. Desde a adolescência, dedicou a vida aos movimentos sociais, derramando suor e lágrimas para o desenvolvimento do povo.
No movimento de independência da Índia, ele chegou a ser preso ainda jovem. E, mais recentemente, foi detido pelas forças autoritárias do partido da situação; mas seu sorriso demonstrava plenamente seu espírito indomável.
Gandhi registrou: “No final, a rigorosa prova de fogo da não violência se encontra em conseguir ou não transformar o inimigo em aliado, sem nenhum ressentimento”.1
Parecia que o ministro procurava seriamente uma solução para a política e a diplomacia, fazendo viver o espírito do movimento da não violência. Todavia, esse caminho não devia ser nada fácil. Havia complexas barganhas de um grande país da Índia subcontinental, e ainda, as tensões com o Paquistão também se elevavam. Manter a direção em meio a essas ondas bravias era uma batalha contra a cruel realidade. Por isso mesmo, Shin’ichi desejava que o ministro abrisse uma nova era com base no diálogo, herdando e abraçando firmemente o espírito de Ashoka e o de Gandhi.
Mais tarde, o ministro das Relações Exteriores, Atal Bihari Vajpayee, tornou-se primeiro-ministro e melhorou a relação com a China que, por longo tempo, foi conflituosa. O diálogo com o ministro que, em meio às dificuldades, procurava se levantar encarregando-se do futuro da Índia tornou-se inesquecível para Shin’ichi.
PARTE 34
Após o término do diálogo com o ministro Vajpayee, Shin’ichi Yamamoto e comitiva se dirigiram para Raj Ghat, próximo ao rio Yamuna no subúrbio de Nova Délhi. Esse local é um belo parque memorial onde se encontram as cinzas de Mahatma Gandhi, que foi assassinado em 1948. Era a segunda visita de Shin’ichi a esse parque depois de sua primeira viagem à Índia em 1961.
Era uma tarde tranquila em que os raios solares banhavam o verde das árvores e do gramado.
No alto de uma colina, há um monumento de mármore negro de cerca de 10 centímetros de altura e de 3 metros em cada lado.
A comitiva estava preparada para depositar flores, expressando respeito ao homem de “grande alma” (Mahatma) Gandhi, e prometendo herdar seu espírito. Por se tratar de um lugar sagrado, todos caminharam solenemente com a coroa de flores à frente, cobrindo os sapatos com um protetor de calçados.
O ato de não violência e de desobediência civil conduzido por Gandhi se tornou o movimento de independência e de direitos humanos a lançar luz da paz e do humanismo à história da humanidade: o protesto contra a Lei Rowlatt, que permitia a prisão sem ordem judicial; a produção de artigos de algodão utilizando a charka (roda de fiar), tradicional ferramenta da Índia, para promover a independência espiritual do domínio econômico da Inglaterra; a marcha do sal em protesto contra a proibição de extração do sal imposta pelo colonialismo inglês, entre outros.
Os movimentos realizados por ele eram quase sempre reprimidos com o uso da violência. Porém, ele continuou a lutar sem nunca protestar com violência.
Gandhi afirma: “A não violência e a covardia são incompatíveis entre si” e “É impossível pôr em prática a não violência sem abraçar a genuína coragem”.2
O movimento de não violência e de desobediência civil de Gandhi era uma batalha da força espiritual contra o poder das armas e da violência. Pode-se dizer que era um caminho que exigia o “coração que não teme”. Como ele afirma: “Possuir valentia é a primeira condição da natureza espiritual”.3
Nichiren Daishonin declarou: “Os discípulos de Nichiren nada poderão realizar se forem covardes”.4 A grandiosa caminhada capaz de criar a história da vitória do ser humano inicia-se sempre a partir do despertar da coragem.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Notas:
- GANDHI, Mohandas K. All Men are Brothers [Todos os Homens são Irmãos]. KRIPALANI, Krishna (ed.). Unesco.
- GANDHI, Mahatma. The Collected Works of Mahatma Gandhi. Nova Délhi: Publications Division, Ministry of Information and Broadcasting, Government of India, 1966.
- Minha Religião na Prática. In: Religião para Mim. Tradução: Hiroaki Urata. Editora Shinhyoron. Texto de Gandhi.
- CEND, v. I, p. 503.