Desafios são benefícios

ROTANEWS176 E POR BRASIL SEIKYO  28/11/2020 03:05

RELATO

Nos momentos difíceis, Rosiane mantém a convicção de que tudo pode ser transformado positivamente

Reprodução/Foto-RN176  Rosiane de Lima Silva, Empresária. Vice-resp. pela DF do Bloco Sorriso, CRE Oeste, CGRE. – Editora  Brasil Seikyo – BSGI                                                                                

Desde que iniciei a prática budista, em 2007, minha vida se transformou numa trajetória de superação de muitos desafios, que culminaram em grandes vitórias. E nessa fase, na qual enfrentamos a pandemia da Covid-19, determinei comprovar novamente o poder do Nam-myoho-renge-kyo, com a convicção de que não há oração sem resposta. Assim, em meio às adversidades, resgatei o espírito de levantar-se só, com a força do rugido do leão, para vencer infalivelmente.

Revolução humana

Meu marido, Cristiano [apelidado de Cris], e eu temos uma hamburgueria e uma empresa de prestação de serviços de manutenção em equipamentos industriais do setor gastronômico, em Sorriso, MT, onde moramos.

Em fevereiro deste ano, recebemos uma proposta para comprar também uma loja de bebidas artesanais, que casaria perfeitamente com nossa hamburgueria. Como atendemos num food truck, muitas vezes não temos onde abrigar os clientes e isso piorava nas épocas de chuva. O espaço nos proporcionaria atender às pessoas com mais conforto e segurança.

Iniciamos o projeto para montagem da cozinha e a etapa seguinte seria a fase de execução. Foi então que, quinze dias após assinarmos os contratos de compra e de locação da sala, o mundo foi surpreendido pelo coronavírus.

Como medida de prevenção, estabelecimentos como bares, restaurantes e afins foram impedidos de realizar atendimento presencial, tendo de optar apenas pelo serviço delivery. Perdemos o chão. Tínhamos agora um estoque de produtos, aluguel, parcelas da loja para pagar e nenhuma previsão de liberação para atendimento ao público.

Nessas circunstâncias, recorremos à recitação do daimoku antes de tomar qualquer decisão. Numa conversa, Cris relembrou o trecho de um discurso de Ikeda sensei exibido num vídeo em dezembro de 2019 na localidade, no qual ele explicava o significado das dificuldades, dizendo que por meio delas temos a chance de realizar nossa revolução humana. Isso encheu meu coração de esperança. Foi assim que decidimos desmontar a loja, entregar a sala e atender no food truck em frente à nossa casa.

Reinventar-se

Minimizamos os problemas, porém, com o agravamento da pandemia, o aumento do desemprego e a instabilidade econômica, não conseguíamos honrar os compromissos financeiros. Em maio, as contas estavam acumuladas e as vendas não eram suficientes para sequer pagar os colaboradores em dia. Mas, seguimos em frente, tentando poupá-los do desemprego.

Nós nos mantivemos fortes na prática da fé. No entanto, a cada semana minha esperança se misturava com o desespero. Nesses momentos, contamos com o apoio dos companheiros da organização, que jamais deixaram de nos incentivar. Na comunidade, a responsável, Lucia, se mostrou uma grande amiga não permitindo que eu desistisse, pois muitas vezes achei que não suportaria tanta pressão e enlouqueceria.

Certo dia, quando meu marido e meus filhos não estavam em casa, tive uma crise de ansiedade e meu peito doía a ponto de sentir falta de ar. Chorando desesperadamente, reuni minhas forças e, com a convicção de que não há oração sem resposta, sentei-me diante do Gohonzon e recitei vibrante Nam-myoho-renge-kyo com todo o meu coração. Agradeci muito por tudo o que estávamos passando e, lembrando-me das palavras de Ikeda sensei, desejei ter sabedoria para superar aquela situação.

Uma semana depois, tive a resposta das minhas orações. Conheci uma pessoa que trabalha com desenvolvimento pessoal e profissional, que me aconselhou a procurar uma empresa para gerir nossas redes sociais. A proposta de gestão era incrível e com valores acessíveis. Não perdi tempo e fechei o contrato.

Em junho, continuei me empenhando na recitação do daimoku, determinada a transformar nossa condição financeira, visando ao desenvolvimento da empresa e também da organização. Nos momentos difíceis, mantive o sincero desejo de contribuir para o kosen-rufu do Brasil de todas as formas, a todo custo; mal sabia quanta boa sorte acumulamos a partir daquela decisão.

No mesmo mês, relançamos nossa marca nas redes sociais e as vendas aumentaram de forma exponencial. Meu coração quase explodia de tanta alegria e de gratidão! Era benefício atrás de benefício. E se antes não estávamos conseguindo pagar os funcionários, agora contratamos mais dois, somando quatro colaboradores, Cris e eu. Aos poucos, estamos quitando nossas dívidas e honrando nossos compromissos.

Hoje, meu daimoku é de gratidão e desejo que esta história seja uma forma de incentivo para todos os que estejam enfrentando as mais variadas adversidades. Também desejo que seja a prova real das palavras de Nichiren Daishonin, quando declara: “O inverno nunca falha em se tornar primavera”.1 E o presidente Ikeda, a quem sou eternamente grata, complementa: “Aqueles que acreditam no Sutra do Lótus parecem estar mergulhados no inverno, diz ele [Nichiren Daishonin], mas o inverno certamente os conduzirá ao caminho da primavera”.2

Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin, v. I, p. 559.
  2. Brasil Seikyo, ed. 2.247, 11 out. 2014, p. B3.

Rosiane de Lima Silva, 33 anos. Empresária. Vice-resp. pela DF do Bloco Sorriso, CRE Oeste, CGRE.