Grandioso movimento em prol do kosen-rufu

ROTANEWS176 E POR JORNAL  BRASIL SEIKYO 19/12/2020  07:33

ENCONTRO COM O MESTRE

No Encontro com o Mestre desta edição, o Dr. Daisaku Ikeda, presiden­te da Soka Gakkai Internacional (SGI), discorre sobre renovar o sentimento de herdar a missão e sobre a relação de mestre e discípulo em um momento tão decisivo como este que a humanidade atravessa.

  1. DAISAKU IKEDA

A obra Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor] de Makiguchi sensei, ponto de partida da nossa organização, foi publicada num período em que o mundo se encontrava no auge da Grande Depressão, e tanto ele como seu discípulo Josei Toda, meu mestre, suportavam inúmeras dificuldades pessoais

Reprodução/Foto-RN176 Foto de de ilustração – Editora Brasil Seikyo – BSGI                                                                             

O desejo de Makiguchi era que a educação para a criação de valor habilitasse cada criança a se tornar feliz, propiciando, um dia, a “vitória eterna para a humanidade”.1

Toda sensei também contava com a sabedoria fornecida pela educação para eliminar o dogmatismo da religião e unir a humanidade como uma família global iluminada pela luz universal da paz.

Enquanto a educação enfrenta restrições sem precedentes em virtude da pandemia da Covid-19, os alunos das escolas Soka de todas as partes — entre as quais a Universidade Soka e as Escolas Soka de Ensino Fundamental 1 e 2 e Médio do Japão; a Universidade Soka da América; o Colégio Soka do Brasil; e as Escolas Soka de Educação Infantil de Sapporo, de Hong Kong, de Singapura, da Malásia e da Coreia do Sul — prosseguem estudando com afinco e espírito invencível, desenvolvendo-se e crescendo com vibrante força e energia.

O historiador britânico Arnold J. Toynbee (1889–1975) expressou grande expectativa em relação à educação Soka.

Ele também manifestou admiração pelo historiador medieval Ibn Khaldun (1332–1406), um dos grandes filósofos do mundo islâmico, que sobreviveu ao flagelo da peste negra.

Ibn Khaldun perdeu os pais vitimados por aquela epidemia mundial de peste bubônica quando tinha apenas 16 anos, mas superou a dor e despertou para sua missão de vida: registrar para as futuras gerações os fatos que testemunhara. Em sua obra mais famosa, Muqaddimah [Prolegômenos], uma introdução à história, ele declara com orgulho que o trabalho que empreendera “deveria ser um modelo a ser seguido por historiado­res do futuro”.2

Quando os jovens dão a volta por cima, superando tristezas e sofrimentos pessoais, e mantêm firme o juramento de contribuir para um futuro melhor para o nosso planeta, ganham imensurável força e conseguem gerar grande sabedoria, criatividade e solidariedade.

Hoje, jovens Soka de todos os recantos estão se levantando para fazer face aos diversos problemas que o mundo enfrenta. Eles estendem a mão para uma pessoa após outra num diálogo atencioso e sincero para mudar o coração das pessoas da divisão para a coo­peração, da ansiedade para a segurança, e da desconfiança para a confiança. Estou convicto de que os esforços determinados e constantes deles para abrir um novo caminho servirão como fonte de esperança e modelo para as futuras gerações.

Grande oceano do humanismo

O próximo ano, 2021, assinala oitocentos anos desde o nascimento de Nichiren Daishonin.3

Em seu escrito Saldar as Dívidas de Gratidão, ele cita o provérbio “Quanto mais distante a fonte, mais longa é a correnteza”4 e, em seguida, afirma: “Se a compaixão de Nichiren for real­mente grande e abrangente, o Nam-myoho-renge-kyo se propagará por dez mil anos e mais, por toda a eternidade”.5

Nossos membros anônimos e comuns, em especial as sinceras integrantes da nossa Divisão Feminina (DF), herdaram diretamente a imensurável “grande e abrangen­te compaixão” de Nichiren Dai­shonin e propagaram a Lei Mística para 192 países e territórios. Essa é a história incontestável da Soka Gakkai.

Assim como a correnteza do eterno Ganges começa com uma simples gota d’água, nosso movimento cresceu a partir da ação de indivíduos dedicados e de pequenos grupos de pessoas que iniciaram esforços em prol do kosen-rufu nos países e comunidades em que viviam. Apesar de minúscula, aquela “simples gota” que cada um deles representa não é de modo algum ineficaz ou insignificante. Ela é como a “simples gota de orvalho que dá origem ao grande oceano”.6 Além disso, a vida de cada pessoa envolvida nesse esforço possui um potencial infinito e supremamente nobre. Conforme Daishonin aponta: “É como a água do grande oceano, da qual uma única gota contém a água dos incontáveis córregos e rios”.7

Todos nós travamos uma batalha contra tempestades do carma de alguma espécie — seja em forma de dificuldades econômicas, doença, desarmonia familiar ou outros problemas. Em alguns casos, guerras, desastres naturais ou epidemias podem se abater sobre nossa sociedade. A dura realidade da existência humana é que nossa vida é repleta de atribulações.

Quando nossa organização iniciou sua reconstrução após a Segunda Guerra Mundial, muitos japoneses viviam em desespero, sem nenhuma esperança de felicidade. Os membros pioneiros daquela época reacenderam a cálida e radiante luz da dignidade humana no coração enregelado de muitos desses indiví­duos e os inspiraram a evidenciar a coragem para recomeçar a vida com orgulho e confiança.

E hoje também, neste exato instante, nossos membros estão recitando Nam-myoho-renge-kyo e empreendendo ações pela própria felicidade e pela felicidade dos outros, com o profundo desejo de encorajar e ajudar aqueles que estão sofrendo. Ao mesmo tempo em que lutam contra as próprias vicissitudes, incentivam e apoiam os demais de coração, determinados a não deixar nenhum amigo para trás e a conquistar uma vida vitoriosa juntos. Esse espírito é similar à vasta e infinita compaixão do Buda, e a postura deles se espelha na conduta do bodisatva Jamais Desprezar, que demonstrava profundo respeito a todos os que encontrava.

Inspirados pela incomensurável compaixão de Nichiren Daishonin, abraçamos o compromisso de propagar a atitude respeitosa do bodisatva Jamais Desprezar e dos bodisatvas da terra em nossa comunidade e sociedade e produzir uma onda monumental para a concretização da paz e da felicidade perenes para a humanidade. Esse é o grandioso significado do nosso movimento em prol do kosen-rufu.

Levantar-se só

Makiguchi sensei faleceu pouco depois das 6 horas do dia 18 de novembro de 1944. Por alguma coincidência mística, por volta da mesma época, Toda sensei, que também estava na prisão, vivenciou um profundo despertar para sua missão como bodisatva da terra e inaugurou uma nova fase de sua vida.

O espírito de luta de levantar-se só e de empreender ações em prol do kosen-rufu assegura a transmissão infalível do juramento pelo kosen-rufu, do bastão da Lei Mística. “Myo [de myoho, ou Lei Mística] significa reviver”.8

Com base na unicidade de mestre e discípulo, firmemos a decisão de fazer brotar o espírito de leão demonstrado pelo presidente fundador com renovado ímpeto dentro de nós a cada manhã, todos os dias.

Inspirando-nos na vida dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, empenhemo-nos com máximo afinco hoje novamente, como heróis do kosen-rufu — criadores dos valores da justiça, da humanidade e da paz — e registremos mais uma página gloriosa e triunfal nos anais da luta conjunta de mestre e discípulo!

Notas:

  1. Traduzido do japonês. MAKIGUCHI, Tsunesaburo. Makiguchi Tsunesaburo Zenshu [Obras Completas de Tsunesaburo Makiguchi]. v. 8. Tóquio: Daisanbunmei-sha, 1984. p. 365.
  2. KHALDUN, Ibn. The Muqaddimah: An Introduction to History [Muqaddimah: Introdução à História]. Tradução: Franz Rosenthal. DAWOOD, N. J. (ed.) Princeton, New Jersey: Princeton University Press, 1969. p. 30.
  3. De acordo com o método de contagem tradicional japonês, no qual se considera que a pessoa possui um ano de idade no dia do nascimento.
  4. CEND, v. I, p. 770.
  5. Ibidem.
  6. CEND, v. I, p. 703.
  7. Ibidem, p. 71.
  8. CEND, v. I, p. 155.

Fonte:

Conteúdo composto por trechos do ensaio “Irradie a Luz da Revolução Humana”, de autoria do Dr. Daisaku Ikeda, publicado no jornal Seikyo Shimbun, 16 nov. 2020.