Cultivar um nobre coração

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  20/03/2021 03:09

RELATO

Com foco na mudança interior, Tatiane venceu a si mesma, despertando a força para construir uma história motivadora

Reprodução/Foto-RN176 Tatiane Valete,  Resp. pela DFJ da Regional Ipiranga e pela DE da RM Ipiranga. Sub. Centro-Sul, CNSP, CGESP – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Aos 16 anos, estava muito confusa com relação à profissão que gostaria de exercer, achando que não tinha aptidão para nenhuma área específica. Foi então que participei de uma reunião da Divisão dos Estudantes Herdeiro na qual integrantes da Divisão dos Universitários (DUni) organizaram uma espécie de ‘’feira da profissão’’.

Quando uma das participantes compartilhou que era farmacêutica, descrevendo os detalhes do curso e as áreas de atuação, senti que tudo o que eu buscava estava bem ali. Não demorou muito e prestei vestibular para o curso de farmácia, passando na primeira chamada de uma faculdade referência no país. Iniciava-se uma nova e significativa etapa, na qual poderia cumprir minha missão em prol da felicidade das pessoas.

Constante aprimoramento

A história com o budismo começou em minha família há 55 anos, quando meus avós vieram do Japão em busca melhores condições de vida, tendo o primeiro contato com a BSGI ao chegar aqui.

Desde pequena, gostava de participar das atividades da organização e foi na época de estudante que decidi jamais abandonar a prática, os companheiros e o Mestre. E agradeço imensamente aos Três Mestres [Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e Daisaku Ikeda] por me permitirem viver uma juventude tão significativa na Soka Gakkai.

Reprodução/Foto-RN176 da esq. para a dir. Tatiane; o pai, Celso; a mãe, Susana; e a irmã, Thaís. No topo: Tatiane – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Aos 8 anos, ingressei junto com minha irmã no Coral Esperança do Mundo, sem imaginar que nesse grupo construiria a base da minha juventude e nele cultivaria sinceras amizades. Aos 14 anos, assumi a liderança da Divisão Feminina de Jovens (DFJ) do bloco, e aos 16, liderava a DFJ da comunidade e, dois anos depois, a do distrito na RM Ipiranga, na zona sul de São Paulo.

Já cursava faculdade quando me tornei secretária da DE da localidade e, em 2015, assumi como secretária da DE-Futuro da BSGI — grandiosa oportunidade para meu crescimento. Mas, na mesma proporção desse avanço, surgiram os desafios, e naquele ano sofri muito com o término de um relacionamento. Fiquei extremamente fragilizada, reclusa. Porém, o apoio da família e dos amigos Soka me motivou a vencer a mim mesma, realizando minha revolução humana para ser verdadeiramente feliz. Tal sofrimento me permitiu amadurecer. Hoje, posso incentivar outras jovens na mesma situação a não desistir da prática. Além disso, o sentimentalismo que havia em meu coração se transformou em gratidão.

Resoluto avanço

À medida que me empenhava na organização e no coral, concretizava os objetivos. No segundo ano da graduação, consegui estágio em minha área e, a partir daí, não fiquei mais desempregada. Consegui atuar dignamente na sociedade para melhorar a qualidade de vida e a saúde da população por meio do trabalho. Além do mais, eu, que vivia no hospital por diversos motivos e principalmente por conta de intensas crises de alergia, ultrapassei essas questões de saúde. Portanto, vitória!

Terminei o ano de 2019 com a notícia de que iria para o Japão no ano seguinte. Em fevereiro de 2020, recebi uma proposta de emprego numa empresa maior para uma vaga com melhores benefícios. Fui aprovada na entrevista e comuniquei a Ikeda sensei sobre essa conquista, o qual agradeceu pelos meus esforços. Quanta gratidão! Então, veio a pandemia do coronavírus e a viagem ao Japão foi adiada. Apesar de ter ficado muito triste, renovei a decisão e obtive outra vitória ao apresentar o budismo para a Dani, uma grande amiga de infância que sempre participou das atividades e então decidiu por vontade própria receber o Gohonzon. Que felicidade!

No trabalho, por se tratar de uma indústria farmacêutica que se caracteriza como serviço essencial, não foi possível trabalhar em home office. Por isso, tenho ido à empresa todos os dias desde o início da pandemia. Mesmo com o alto risco de contágio, não me contaminei com a Covid-19, apesar de todas as minhas colegas terem adoecido. Felizmente, elas se recuperaram. Quanta boa sorte! No começo de março, tomei a primeira dose da vacina por ser uma profissional da saúde e por atuar no município de Taboão da Serra, SP, seguindo meu trabalho em prol do bem-estar das pessoas. Assim, renovo meu juramento de jamais ser derrotada, de jamais abandonar a prática e de jamais trair o Mestre e meus companheiros.

Continuarei me esforçando ainda mais para cumprir a missão como uma pessoa valorosa. É como consta num trecho do juramento do Coral Esperança do Mundo:

“Ecoam-se as vozes dos bodisatvas da terra,

para buscar o coração dos esquecidos,

para ouvir os não ouvidos,

porque enquanto existirem pessoas sofrendo,

eu estarei lá!”

Tatiane Valete, 26 anos. Farmacêutica. Resp. pela DFJ da Regional Ipiranga e pela DE da RM Ipiranga. Sub. Centro-Sul, CNSP, CGESP.