ROTANEWS176 E ISTOÉ 03/02/2016 21:35
Reprodução/Foto-RN176 O pronunciamento da presidente Dilma, em 03/02/2016 causou panelaço no Brasil
Em uma tentativa de evitar a ira da população e panelaços que foram programados pelo País a fora, a presidente Dilma Rousseff começou seu pronunciamento de seis minutos em cadeia de rádio e TV para falar da transmissão de doenças pelo Aedes aegypti pedindo “licença” para entrar na casa de todos. A manifestação da presidente, no entanto, causou protestos em diversas cidades.
Em São Paulo foram registradas manifestações nos bairros Brooklin, Campo Belo, Consolação, Higienópolis, Bela Vista, Ipiranga, Jardins, Moema, Morumbi, Perdizes, Pinheiros, Saúde, Tatuapé, Vila Leopoldina e Vila Mariana. Em Ribeirão Preto, interior do estado, houve manifestação na zona sul da cidade.
Em Curitiba, terra da Operação Lava jato, teve panelaço no bairro Bigorillo. Em Brasília, panelaços foram ouvidos na Asa Norte e na região Sudoeste. Em Belo Horizonte, nos bairros Lourdes e Serra. Salvador e Rio de Janeiro também registraram protestos.
Durante o pronunciamento, a presidente disse “não vou falar sobre política ou sobre economia. Vou falar sobre saúde e sobre uma luta urgente que temos que travar neste momento em defesa das nossas famílias. Uma luta que deve unir todos nós”, disse. “Vamos provar, mais uma vez, que o Brasil é forte, tem um povo consciente, e não será derrotado por um mosquito e pelo vírus que ele carrega”, emendou.
Dilma fez questão de mostrar um histórico da presença do mosquito em vários países e afirmou: “o vírus zika, transmitido pelo mosquito, não tem nacionalidade”. Segundo ela, a doença começou na África, se espalhou pelo Sudeste da Ásia, pela Oceania e agora está na América Latina. “E este foi um processo excepcionalmente rápido, a partir do ano passado”, comentou.
Para ela, “este vírus, de presença recente no Brasil e na América Latina, deixou de ser um pesadelo distante para se transformar em ameaça real aos lares de todos os brasileiros”. E acrescentou: “não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação em eliminar os criadouros”.
O pronunciamento da presidente foi gravado na última segunda-feira, no Palácio da Alvorada.
Guerra
Depois de o ministro da saúde, Marcelo Castro, ter falado que o Brasil estava perdendo a guerra contra o mosquito, Dilma voltou a usar o termo e disse que a “guerra contra o mosquito transmissor do zika é complexa”. “Porque deve ser travada em todos os lugares e por isso exige engajamento de todos”, observou. “Se nos unirmos, a maneira de lutar se torna simples. Não podemos admitir a derrota porque a vitória depende da nossa determinação em eliminar os criadouros”, afirmou.
A presidente voltou a dizer que é preciso combater o mosquito antes de seu nascimento. “Basta que impeçamos o mosquito transmissor de se reproduzir em águas paradas. Se o mosquito não nascer, o vírus zika não tem como viver.”
Sem detalhar o montante investido pelo governo, a presidente afirmou que todos os recursos “financeiros, tecnológicos e humanos necessários” serão colocados “nesta luta em defesa da vida”. Ela citou novamente o contato feito com o presidente norte-americano Barack Obama para que os dois países possam desenvolver, “o mais depressa possível”, uma vacina contra o zika. “Acertamos colaborar nesse desafio.”
Dilma citou a operação que será realizada no dia 13 de fevereiro envolvendo 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas. “Vamos nos espalhar por todo território nacional e, junto com os agentes de endemia e de saúde, junto com você, vamos visitar o máximo possível de casas, para destruir os criadouros do mosquito”, afirmou.
“Todos nós precisamos entrar nessa verdadeira batalha. Precisamos da ajuda e da boa vontade de todos. Colabore! Mobilize sua família e sua comunidade.Vou insistir: como a ciência ainda não desenvolveu uma vacina contra o vírus zika, o único remédio realmente eficiente que temos para prevenir essa doença é o vigoroso combate ao mosquito”.
Criticada nesta terça em sua fala na abertura do ano legislativo pela deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) por não ter ações efetivas para cuidar das crianças com microcefalia, Dilma disse que queria transmitir “uma palavra especial de conforto às mulheres brasileiras, principalmente às mães e às futuras mamães”. “Faremos tudo, absolutamente tudo, que estiver ao nosso alcance para protegê-las. Faremos tudo, absolutamente tudo, para apoiar as crianças atingidas pela microcefalia e suas famílias”, disse.
A presidente falou em “grande exército de paz e de saúde”, com a participação dos 204 milhões de brasileiros e brasileiras e encerrou seu pronunciamento afirmando que “mais do nunca, o Brasil precisa da nossa união”.