Promover a revitalização da Terra

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  03/04/2021 06:19

REDAÇÃO/ESPECIAL

Proteger os ecossistemas a partir dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável é a chave para um futuro de coexistência harmoniosa

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração de sustentabilidade – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Quando o assunto é a preservação da vida no planeta Terra, é imprescindível falar sobre educação ambiental e climática, tecnologias de restauração do clima, agricultura regenerativa, equidade e justiça ambiental, ciência a serviço dos cidadãos, conscientização sobre o ciclo da água, reflorestamento. São muitas as alternativas que podem manter e restaurar os ecossistemas mundiais, mas se tornar cidadão consciente delas é a primeira atitude de impacto positivo para transformar esse planeta em muitos aspectos.

Recomeço confiante

Em 22 de abril de 1970, um protesto ambiental liderado pelo senador ativista Gaylord Nelson (1916–2005) tomou as ruas das cidades de Washington, Nova York e Portland, nos Estados Unidos. Vinte milhões de pessoas contestaram os impactos ambientais do desenvolvimento industrial. Com a sensibilização das autoridades, foi criado oito meses depois um órgão governamental responsável pelos assuntos ambientais — um marco na história da ecologia. E, em 2009, a Organização das Nações Unidas (ONU) implementou a data de 22 de abril como o Dia Internacional da Terra.

O tema de 2021 para esse dia é “Restaurar Nossa Terra” e se trata de uma análise dos processos naturais, tecnologias verdes emergentes e iniciativas inovadoras de recuperação dos ecossistemas.

A Assembleia Geral da ONU compartilha dessas metas e declarou esta como a Década da Restauração de Ecossistemas. O objetivo é fazer com que projetos de recuperação de biomas e a adoção de medidas para combater a crise climática, alimentar, hídrica e da perda de biodiversidade saiam do papel.

Tempo de semear

Um conjunto de comunidades que vivem em determinado local e interagem entre si e com o meio ambiente, constituindo um sistema estável, equilibrado e autossuficiente, é um ecossistema saudável. Isso vale para um aquário, um lago, um pequeno jardim, uma floresta inteira e até mesmo uma única árvore.

Reprodução/Foto-RN176 Exposição Sementes da Esperança é um convite para agir em prol do planeta – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Ecossistemas e a diversidade biológica são a riqueza natural do planeta e, como se pode imaginar, representam a fonte para a subsistência e a prosperidade da espécie humana.

No entanto, a degradação segue como um perigo iminente. Em 2018, por exemplo, pelo menos 33% dos recursos do solo do mundo, isto é, a base para a produção mundial de alimentos, passavam por algum grau de degradação ou desertificação.1

Tal estatística atesta os altos índices relacionados à fome e à desnutrição no mundo. Outro ponto relevante é que, uma vez degradado, o solo pode levar mais de cem anos para reconstituir apenas um centímetro. E se levarmos em consideração que pelo menos 13 milhões de hectares de floresta ainda são perdidos a cada ano, essa corrida contra o tempo é questão de sobrevivência.

Vida na Terra é o 15o dos dezessete Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e expressa a importância de combater e reverter a degradação dos solos e da gestão sustentável das florestas mundiais. Isso melhora a captação de carbono, auxilia no armazenamento e filtragem de água, e reduz o risco de desastres naturais.

Em regiões atingidas pelo terremoto e tsunami de 2011, ao nordeste do Japão, as crianças se envolveram ativamente no trabalho de plantar mudas para recuperar as florestas costeiras. Pois esse tipo de vegetação serve como uma barreira biológica protetora para as comunidades que vivem em localidades como essa.

O líder da SGI, Daisaku Ikeda, cita essa história em uma de suas propostas de paz, nas quais é comum destacar a importância das ações empreendidas por cidadãos conscientes do seu papel na preservação ambiental. Ele enfatiza:

Num futuro próximo, quando eles passarem pelo lugar do plantio, darão à paisagem um sentido mais profundo do seu valor. Sentirão a importância essencial, ainda que inefável, do ecossistema no qual se inserem, do caráter inestimável de seu próprio envolvimento no apoio ao meio ambiente e de seu cuidado com a redução do risco de desastres. Essa consciência crescerá com as árvores que plantaram, fincando as raízes profundas de uma comunidade de fato resiliente.2

Reprodução/Foto-RN176 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação de transformação social – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Cuidar das florestas

Ações de plantio e de restauração de florestas impactam diretamente na absorção de gás carbônico e nas mudanças climáticas porque poderiam auxiliar na remoção de até 70 bilhões de toneladas de carbono da atmosfera ao longo de cem anos.3

O Brasil tem a segunda maior área de florestas do mundo, com pelo menos 50% do seu território coberto por vegetações naturais e plantadas. Entre elas, está a Floresta Amazônica — grande aliada na redução de carbono —, que, há duas décadas, removia cerca de 2 bilhões de tonelada de gás carbônico da atmosfera a cada ano. Mas essa capacidade caiu pela metade e o país enfrenta altos índices de desmatamento.

“A vida é uma cadeia. Todas as coisas estão relacionadas. Quando qualquer elo dessa cadeia é danificado, os outros serão afetados. Deveríamos considerar o ambiente como nossa mãe — a Mãe Solo, a Mãe Água, a Mãe Terra. Não há crime maior do que ferir a própria mãe”,4 reflete o Dr. Ikeda num diálogo com alguns jovens.

Nesse sentido, preservar as florestas representa um importante papel na vida terrestre. E não é difícil encontrar organizações brasileiras e até mesmo internacionais que atuam em projetos conjuntos de reflorestamento e proteção do bioma amazônico, e de educação ambiental a começar pelos jovens.

O projeto Academia Ambiental promovido pelo Instituto Soka Amazônia, por exemplo, já atendeu mais de 5 mil alunos da região. Além disso, o instituto segue com novas iniciativas educacionais em parceria com universidades e oferecendo cursos voltados para o meio ambiente e sustentabilidade.

“As academias ambientais seguem em formato virtual e a ideia é, uma vez por mês, disponibilizar um vídeo temático para as 39 escolas municipais que previamente aderiram ao projeto. E em Rede Pedagógica Ambiental, funcionárias de creches recebem aulas sobre a Carta da Terra e os ODS para que possam transmitir esse conhecimento aos alunos”, explica a coordenadora de programas ambientais do instituto, Tais Tokusato.

No Quênia, o Movimento do Cinturão Verde, idealizado pela ativista Wangari Maathai (1940-2011), que gerou o plantio de mais de 51 milhões de árvores, visa promover a conservação ambiental, construindo resiliência climática; fortalecer as comunidades, especialmente as mulheres, além de fomentar o espaço democrático e a subsistência sustentável. Essas ações se desdobraram na fundação do Instituto Wangari Maathai para a Paz e Estudos Ambientais, em 2009, que cultiva tais valores promovendo, por meio da educação, líderes engajados pela paz, vinculando a teoria à prática: “Nossa ideia é criar uma relação próxima com a comunidade, empoderando as pessoas, especialmente as mulheres e os jovens nas questões ambientais. Temos espaços democráticos no instituto para envolver os jovens e encorajá-los a pensar de forma sustentável, dar novas ideias e aplicá-las em sociedade, tal como Wangari Maathai acreditava. Esse era seu legado”, explica a assistente de graduação do instituto, Phyllis Wamaitha Ndono.

Construir o futuro

É inquestionável a participação dos jovens nas questões ambientais e climáticas para promover soluções criativas e eficazes diante de crises tão severas.

Reprodução/Foto-RN176 A Iniciativa da Carta da Terra visa promover a transição para formas sustentáveis de vida – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Num seminário organizado recentemente pela suíça The Lutheran World Federation com a participação da Soka Gakkai Internacional, as mudanças climáticas foram tratadas como questões de direitos humanos e a inclusão dos jovens foi citada como fator essencial nesse cenário. “Se nós jovens pudermos falar sobre esses e outros desafios ambientais com clareza, então poderemos agir. Jovens precisam ser agentes essenciais da mudança em suas comunidades”, afirmou a jovem estudante da Indonésia Aldonna Purba.

É imprescindível garantir que haja espaço para que todos façam parte desse movimento pelo desenvolvimento sustentável, pois os esforços pela preservação da vida na Terra representam a transformação da realidade em áreas de integridade ecológica, a educação para os direitos humanos e a não violência. E ainda que não haja obrigação legal de alcançar os ODS, a rede jovem de cidadãos engajados nessas ações é a garantia da integridade humana e a chave para a construção de uma era de coexistência harmoniosa. “Quando um crescente número de jovens faz da conquista dessa esperança seu juramento pessoal e age com base nele, os esforços para alcançar todos os objetivos se potencializam”,5 finaliza o Dr. Ikeda.

Notas:

  1. http://www.fao.org
  2. Terceira Civilização, ed. 573, maio 2016, p. 18.
  3. http://climainfo.org.br
  4. Brasil Seikyo, ed. 1.473, 22 ago. 1998, p. 3.
  5. Terceira Civilização, ed. 585, maio 2017, p. 16.

Saiba mais

https://earthday.org

https://wmi.uonbi.ac.ke

https://earthcharter.org/online-launch-of-seeds-of-hope-action-exhibition

https://odsbrasil.gov.br

https://cartadaterrainternacional.org