O valor do incentivo

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  17/04/2021 07:00

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

Capítulo “Grande Montanha”, volume 30

PARTE 13

Havia algo que Shin’ichi Yamamoto já vinha pensando havia algum tempo. Era sobre a sucessão do cargo de presidente.

Se uma única pessoa assume a responsabilidade por longo tempo, é difícil desenvolver “valores humanos”. Até mesmo para a “perpetuação da Lei”,1 seu desejo era criar quanto antes um fluxo contínuo de sucessores.

Em 1970, quando completou dez anos de sua posse, ele transmitiu algumas vezes à diretoria a intenção de algum dia deixar a presidência, mas isso sempre foi rejeitado sob a justificativa de que o cargo de presidente era vitalício.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração Editora Brasil Seikyo – BSGI

Em 1974, ao transferir a função de representante executivo da Soka Gakkai como organização religiosa [pessoa jurídica] ao diretor-geral, como também em 1977, quando apresentou novamente a questão da sucessão da presidência, ela não foi aceita.

Agora, haviam se passado dezenove anos desde a posse presidencial e o ciclo dos “Sete Sinos” estava para ser concluído. Ele vinha de fato pensando em aproveitar a oportunidade e realizar a transferência do cargo de presidente. Estava ainda com 51 anos e, felizmente, com boa saúde. Seu pensamento era de que, mesmo deixando de ser presidente, poderia continuar apoiando e protegendo a todos.

Ao visualizar o mundo como um budista, havia muitas tarefas que Shin’ichi tinha de realizar a todo o custo.

Ele queria promover ações concretas de modo mais abrangente pela edificação da paz do mundo. Também sentia a necessidade de promover ainda mais diálogos com líderes do mundo. Queria empenhar mais esforços na promoção da cultura e da educação que tinham como base o budismo. Acima de tudo, a etapa de real construção do kosen-rufu mundial estava prestes a começar finalmente.

Porém, se ele desse um grande passo rumo ao mundo, a pessoa que sucederia o bastão assumindo as questões internas ao Japão iniciaria uma navegação em meio ao mar revolto. Embora a Soka Gakkai estivesse no auge, pairavam nuvens escuras e sopravam violentas tempestades. Portanto, não seria absolutamente uma jornada fácil. Era necessário se conscientizar e se preparar para grandes provações. Seria imprescindível que o líder a quem confiaria a sucessão possuísse a decisão e a ação de avançar lutando com força e bravura, desmascarando a maldade com os olhos claros da fé. Mais que nunca, Shin’ichi desejava que naquele momento todos tivessem coragem.

Sêneca, filósofo da Roma antiga, disse: “Nem os impactos das adversidades conseguem mudar o coração das pessoas de coragem”.2

PARTE 14

Na tarde do dia seguinte, 3 de abril, Shin’ichi Yamamoto compareceu à reunião dos donos de pontos de venda da Editora Seikyo Shimbun. Sua luta não cessava mesmo em meio às grandes ondas de ataques à Soka Gakkai.

Desejando do fundo do coração que os preciosos companheiros de missão se tornassem vencedores imponentes na vida, Shin’ichi declarou energicamente:

— Acredito que os senhores dos pontos de venda trabalhem desde antes do amanhecer, e estejam propensos a insuficientes horas de sono. No entanto, desejo que empenhem esforços pessoais para se cuidar e ter boa saúde e assim cumprirem sua missão sem nenhum acidente. Qual é o segredo para prevenir acidentes? É respeitar firmemente os fundamentos tanto da fé como da vida diária. Negligenciar os pontos fundamentais corresponde ao descuido e, ainda, à manifestação da arrogância. Em especial, no mundo da fé, pessoas que se descuidaram dos fundamentos são dominadas pela fama e fortuna, circularam astutamente na organização e, sempre acabaram fracassando no final. Desejo que gravem no coração que, mesmo que consigam enganar os outros aos olhos das pessoas, ninguém escapa da lei de causa e efeito do budismo. Peço que os senhores se dediquem persistentemente aos pontos fundamentais em todos os aspectos. E não importando o que ocorra, sem nunca se deixarem ser influenciados, conquistem a vitória, sempre com seriedade e sinceridade, empenhando todas as forças em cada uma das questões. Saibam que é a soma perseverante dessa postura que traz o resplendor da vida. O trabalho do ponto de venda é árduo, discreto, não chama atenção, e é difícil tirar folga. Além do mais, a responsabilidade é enorme. Porém, é a existência dos senhores, como também dos entregadores das publicações, que faz com que o jornal chegue aos leitores e promova o avanço do kosen-rufu. Mais que ninguém, expresso meu maior respeito aos senhores que avançam convictos na prática da fé mesmo sem ser observados pelos outros.3 Continuarei enviando daimoku todos os dias, orando pela segurança e total ausência de acidentes.

Não importando quão cansado ou exausto estivesse, Shin’ichi não parava de incentivar enquanto houvesse ali um bravo companheiro. Ele havia decidido que a razão de sua vida estava em continuar falando sobre o budismo e em incentivar as pessoas, independentemente das circunstâncias em que se encontrasse.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Notas:

  1. “Perpetuação da Lei”: Passagem do capítulo 11 do Sutra do Lótus.
  2. Tradução de Motozo Motegi. Editora Tokai University Press.
  3. Refere-se ao princípio de “luta nos bastidores” (myo-no-shoran), que corresponde ao poder transcendental dos budas em enxergar aquilo que é profundo e está oculto aos olhos dos mortais comuns. Ou seja, indica que os budas, as divindades celestiais e as divindades benevolentes estão plenamente cientes das ações e da determinação na mente das pessoas.