Consciência da missão

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  29/04/2021 08:10

REDE DA FELICIDADE

Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana

Reprodução/Foto-RN176 Imprimindo vigor em suas palavras, o presidente Yamamoto incentiva os artistas no cumprimento da missão deles

  1. DAISAKU IKEDA

Shin’ichi foi para o hotel no centro de Paris e manteve encontros com vários membros que seriam os futuros líderes da Gakkai na França. Na noite do dia seguinte, marcou com eles num restaurante chinês para jantar e dialogar informalmente.

Shin’ichi foi mais cedo ao restaurante e aguardou a chegada dos membros. Poucos minutos depois, chegaram os líderes que estavam retornando de Frankfurt.

Eiji Kawasaki relatou que 54 membros participaram da reunião e que todos estavam se dedicando com muito entusiasmo à prática da fé. (…)

— Um ponto muito importante na propagação do kosen-rufu é ter sempre um objetivo bem definido. Caso contrário, as atividades ficam sem direcionamento e não alcançam resultados satisfatórios. Quando temos uma meta a alcançar, nossa esperança no futuro torna-se mais forte e o esforço fica naturalmente mais firme. Além disso, nasce também a união entre os integrantes envolvidos. Contudo, quando o líder central não tem espírito de desafio nem vigor em sua vida, não consegue definir, acaba impondo aos outros a concretização do objetivo lançado. Dessa maneira, os membros não conseguem atuar com toda a disposição. Além do desafio e vigor, o líder central deve ter o forte senso de responsabilidade de alcançar o objetivo mesmo que tenha de lutar sozinho. É essa determinação do líder que toca o coração de outras pessoas e as faz lutar com disposição.

Nesse momento, chegou o primeiro convidado para o jantar. Era um pintor de aproximadamente 35 anos, magro e alto, que se chamava Shotaro Hasebe.

— Seja bem-vindo. Acompanhe-me, por favor.

Shin’ichi conduziu-o até a mesa e ficou conversando com ele enquanto aguardava os demais convidados.

Shotaro morava em Paris havia cerca de três anos com o objetivo de aprimorar os estudos sobre pintura. Estava na Gakkai fazia apenas um ano. Quando morou no Japão, trabalhou na companhia estatal de energia elétrica. Nesse tempo, dedicava‑se paralelamente à pintura a fim de se tornar artista plástico no futuro. Teve algumas de suas obras premiadas e chegou a realizar exposições individuais.

Especializou-se em pintura japonesa em guache e seu sonho era divulgar ao mundo a tradição da arte japonesa. Como primeiro passo, resolveu estudar na França com recursos próprios e mudou-se para Paris junto com a esposa. (…)

No entanto, não era fácil sustentar a vida em Paris. Nenhuma galeria aceitava expor suas obras para vender. Apesar da expectativa de Shotaro de viver em Paris, atraído pela fama da capital das artes, a realidade era demasiadamente rigorosa. (…)

Antes de sair do Japão, Shotaro havia guardado certa quantia de dinheiro para viver com sua esposa durante dois anos em Paris. Porém, os gastos foram maiores que o previsto e ele teve de arrumar trabalhos temporários, como lavar pratos em restaurantes e executar serviços braçais.

Contudo, ele não queria perder o objetivo principal de sua ida para Paris. Não queria deixar de pintar por causa da falta de dinheiro. Por mais pobre que fosse, queria ser pintor. Sua esposa começou a trabalhar em seu lugar.

Depois de um ano e meio em Paris, Shotaro recebeu uma carta de Shinsaku Haruno, um pintor que conhecera em Tóquio, avisando-o de que estaria em Paris para um programa de estudos sobre artes plásticas.

Membro da Gakkai, Shinsaku já era conhecido no Japão como pintor. No encontro em Paris, Shinsaku contou para Shotaro a respeito da organização.

— Uma obra de arte é fruto da excelência do artista. Essa excelência é cultivada por uma suprema filosofia. Essa filosofia é o Budismo Nichiren.

Shotaro ouviu com muito interesse as explicações sobre o budismo e sobre a Gakkai. Sentiu também que o sucesso de Shinsaku como pintor e o reconhecimento de suas obras em todas as galerias eram comprovações de sua prática budista.

Shotaro decidiu, então, abraçar o budismo. Isso aconteceu em setembro de 1963.

Logo que iniciou a prática da fé, Shotaro percebeu que muitas pessoas começaram a comprar suas pinturas. Shinsaku explicou-lhe que eram os benefícios por ter abraçado o budismo. Mas ele achou que era uma mera coincidência.

Apesar de a venda dos quadros ter crescido, a vida diária continuou difícil. Toda vez que se encontrava com Shinsaku, este não deixava de incentivá-lo.

— Shotaro, lembre-se de que, para tomar um bom vinho, é necessário abrir a garrafa. E, para abri-la, é necessário ter força para arrancar a rolha. Isso acontece também com a prática da fé. Para saborear os benefícios, é necessário esforçar-se na prática da fé.

Com os constantes incentivos de seu amigo, Shotaro empenhou-se cada vez mais na recitação do daimoku.

O final do ano estava se aproximando e, numa manhã fria de inverno, sua esposa disse-lhe, lamuriosa:

— Com o jantar de hoje à noite, não restará mais nenhum níquel em nosso bolso…

Além disso, o pagamento da mensalidade da escola de pintura estava atrasado.

Shotaro pegou algumas telas e resolveu visitar uma famosa galeria de arte. Apesar de saber que não seria atendido, decidiu bater à porta e enfrentar qualquer que fosse o resultado.

Com as mãos trêmulas, Shotaro mostrou as telas para o dono da galeria. Seguiram-se, então, alguns minutos de silêncio enquanto as telas eram observadas. Enfim, o dono da galeria levantou a cabeça e disse-lhe:

— São telas muito interessantes! Vou comprar todas!

Shotaro foi surpreendido por essas palavras.

Com o dinheiro na mão, voltou correndo para casa. O dinheiro era pouco, mas daria para resolver as dificuldades mais imediatas. Mais do que o dinheiro, sua maior alegria era de que sua pintura havia sido reconhecida por uma famosa galeria de Paris.

Esse fato proporcionou-lhe maior convicção na prática da fé. A partir de então, Shotaro e Shinsaku começaram a visitar os artistas plásticos que eram seus amigos para falar-lhes sobre o budismo. Chegaram a levar muitos deles às reuniões realizadas na casa de Eiji Kawasaki. Esse esforço fez com que seus amigos iniciassem a prática do budismo.

Quando Shotaro terminava de relatar sua vida para Shin’ichi chegou Shinsaku Haruno. O presidente Yamamoto recebeu-o calorosamente e pediu-lhe que se sentasse ao lado de Shotaro.

Shinsaku conheceu a Gakkai cerca de sete anos antes por intermédio de sua esposa. Foi numa época em que havia conseguido certo sucesso na carreira de pintor após dar aulas num curso secundário como professor de arte.

Seu maior desejo era estudar na França para aprimorar os conhecimentos sobre pintura. Quando ouviu uma orientação acerca do kosen-rufu mundial, isso o entusiasmou a ir para Paris.

Assim, ele viajou deixando a família no Japão. Já estava com 40 anos. Por causa da idade, não poderia fracassar nesse empreendimento. Shotaro também se encontrava na mesma situação.

Após ouvir os relatos dos dois, Shin’ichi, imprimindo certo vigor nas palavras, disse:

— Do ponto de vista do budismo, vocês dois vieram a Paris por possuírem uma importante missão na vida. Por essa razão, se devotarem todo o esforço no cumprimento dessa missão, não há a mínima dúvida de que terão êxito na carreira. A questão é ter uma firme consciência disso. E não há outra forma de conscientizar-se da missão a não ser atuando de forma objetiva e determinada. Também é imprescindível manter sempre forte energia vital para não ser arrastado pela dura realidade da vida.

Em seguida, Shin’ichi comentou sobre arte e religião.

— Como vocês já devem ter observado, as obras do Museu do Louvre têm sua concepção fundamentada na religião cristã. Isso significa que o cristianismo exerceu forte influência espiri­tual nos artistas. Da mesma forma, vocês devem atuar como pioneiros na criação de uma nova cultura, de uma nova arte, sempre embasados no budismo. Portanto, vou nomeá-los agora como integrantes do Departamento Artístico da França.

Então, Shotaro disse-lhe:

— Pretendo ir ao Japão dentro de alguns meses. Até essa ocasião, prometo-lhe que obterei algum resultado positivo em minha atuação.

— Muito bem. Vou aguardá-lo com muita expectativa. Ah! Vou aproveitar esta oportunidade para ver as obras dos dois e comprar algumas telas para prestar-lhes meu apoio pessoal.

Vendo que todos os convidados haviam chegado, Shin’ichi levantou-se e proferiu algumas palavras de cumprimento.

— Sejam todos muito bem-vindos. Agradeço por terem atendido meu repentino convite. Programei este encontro para conversar com vocês e conhecer melhor aqueles que certamente vão se encarregar do futuro desenvolvimento da Gakkai aqui na França.

Reprodução/Foto-RN176 Com as mãos trêmulas, Shotaro mostra as telas para o dono da galeria, que decide comprar todas

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

No topo: Imprimindo vigor em suas palavras, o presidente Yamamoto incentiva os artistas no cumprimento da missão deles

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Esplendor. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 9, p. 158-164, 2019.