Escrever a própria história

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  05/06/2021 10:19

RELATO

Determinado a vencer os desafios, Adriano conduz o drama da revolução interior com persistência e coragem

Reprodução/Foto-RN176 Adriano de Araújo Paiva, Responsável pela RM Fortaleza, Sub. Nordeste 2, CRE Leste, CGRE – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Após o falecimento do meu irmão em 2017 e da minha mãe no ano seguinte, ambos vítimas de infarto, determinei transformar, por meio da prática budista, essa tendência em minha família. Com essa decisão, também dava um grande passo em minha revolução humana.

Iniciei o ano de 2019, pondo em prática hábitos mais saudáveis na alimentação e fazendo atividades físicas. Busquei acompanhamento médico e, em novembro daquele ano, soube que estava com algumas artérias importantes obstruídas e tinha uma grave lesão. Fui submetido a um cateterismo e a uma angioplastia, realizados com sucesso. Percebi quanta boa sorte tive ao descobrir esse diagnóstico, diante de um quadro assintomático.

Em dezembro, minha família e eu viajamos de Fortaleza, nossa cidade, para São Paulo, a fim de visitar alguns parentes. Durante o voo, senti dificuldade para respirar e dor no peito. Assim que chegamos, fui internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com suspeita de infarto. Os exames apontaram uma nova lesão e tive de ser submetido a outra angioplastia, que transcorreu da melhor forma. Recitei daimoku e li os incentivos do nosso mestre, enquanto me recuperava no hospital. Por conta da minha decisão, senti uma alegria indescritível por vivenciar aquela experiência com clareza e gratidão.

Tive alta hospitalar e então participei do Gongyo de Ano-Novo no Centro Cultural Dr. Daisaku Ikeda (CCDI) — momento em que decidi ler a obra completa da Nova Revolução Humana naquele 2020. Ainda no primeiro dia do ano, lancei-me ao estudo do romance com o desejo de compreender a vida do Mestre, ampliar minha visão de mundo e dedicar-me cada vez mais ao kosen-rufu.

Certeza da vitória

Em fevereiro de 2020, logo após ser nomeado responsável pela recém-fundada RM Fortaleza, mais uma vez precisei ser internado na UTI, com muita falta de ar e forte dor no peito. Nesse momento, senti o apoio de todos os companheiros da organização. Recebi os cuidados necessários e logo retornei para casa, vivendo dias de muita alegria.

Nos períodos de internação, recitava daimoku para criar boa condição de saúde e não ser derrotado pela própria fraqueza interna e continuava a ler os incentivos do Mestre. Cada frase foi essencial para manter a tranquilidade e enxergar os benefícios em meio aos desafios; e foram muitos.

Chegada a pandemia, surgiu em mim um mar de inquietação, acompanhado de preocupação com os membros e os familiares. As notícias sobre pessoas próximas sendo infectadas pelo coronavírus e as perspectivas diante desse cenário me causavam uma ansiedade, que aumentou nos meses seguintes. Não conseguia dormir e sentia um desânimo profundo. Era uma condição de muita angústia e sofrimento; um quadro depressivo que se iniciava.

Reprodução/Foto-RN176 Adriano com a esposa, Patrícia, e o filho, Lucas – Editora Brasil Seikyo – BSGI

O amor e o afeto da minha esposa, Patrícia, e do nosso filho, Lucas, bem como o acolhimento dos grandiosos companheiros da Gakkai, foram muito importantes para eu atravessar essa fase. As dificuldades de fazer a prática individual, de continuar estudando e de participar das atividades aumentavam a cada dia numa escalada íngreme de uma grande montanha. No entanto, ciente dos benefícios da prática da fé, estava convicto de que venceria o sofrimento utilizando a estratégia do Sutra do Lótus e, além do mais, transformaria essa dor em nutriente para a minha revolução humana.

Novo capítulo

Segui com daimoku, estudo e diálogo e, aos poucos, as nuvens da tristeza deram espaço para o brilho do sol, refletindo num coração que estava em constante mudança. Novamente, senti gratidão, pois um novo capítulo estava sendo registrado, fazendo ampliar minha sensibilidade e empatia pelo sofrimento das pessoas.

No simbólico dia 18 de novembro, quando completava quinze anos de prática budista, fiz profundas reflexões sobre a minha missão como discípulo de Ikeda sensei, analisando essa importante década que se iniciava rumo ao centenário da Soka Gakkai. Um mês depois, concluía a leitura dos trinta volumes da Nova Revolução Humana, pela qual tenho buscado ancorar meu coração às entrelinhas dos incentivos do Mestre, avançando a cada dia.

Em fevereiro de 2021, ingressei numa nova graduação na Universidade de Fortaleza no curso de psicologia, no qual tenho riquíssimas interações com dezenas de jovens, inclusive, apresentando o budismo para vários deles. Que alegria!

Reprodução/Foto-RN176 com os membros da localidade. Exceto a foto com os volumes da NRH, as demais foram tiradas antes da pandemia do coronavírus – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Observando a minha trajetória, vejo quanto essas experiências, sobretudo as mais desafiadoras, se transformaram num magnífico patrimônio de vida que se juntará ao acervo da luta pelo kosen-rufu, com a família Soka. Tal como o presidente Ikeda cita no posfácio da Nova Revolução Humana: “Meu profundo desejo é que os membros da Soka Gakkai façam da conclusão do romance da Nova Revolução Humana um novo ponto de partida, levantando-se como ‘Shin’ichi Yamamoto’, e escrevam sua própria história brilhante da revolução humana, empenhando-se pela felicidade dos amigos por meio de ininterruptas ações indomáveis”.1

Adriano de Araújo Paiva, 47 anos. Engenheiro e empresário. Responsável pela RM Fortaleza, Sub. Nordeste 2, CRE Leste, CGRE.

Nota:

  1. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo, v. 30-II, p. 359, 2019.