Ser feliz e radiante

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  12/06/2021 07:30

RELATO

Nancy decidiu avançar em meio aos desafios para concretizar os sonhos e inspirar os demais

Reprodução/Foto-RN176 Nancy Keiko Fujita, Resp. pela Divisão Feminina do Distrito Agreste, RE Pernambuco – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Em 2001, prestei meu primeiro e único vestibular. Havia me dedicado bastante aos estudos e, mesmo sem cursinho ou reforço, fui aprovada no curso de engenharia eletrônica na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no estado em que moro.

Quando estava no segundo semestre da faculdade, meu pai faleceu. Então, o salário da minha mãe, somado à sua aposentadoria, passou a ser nossa única renda. Eu estava com 18 anos e esse desafio foi, para mim, uma chance de realizar a minha revolução humana.

Ser forte

Essa não foi a primeira vez que enfrentei um grande obstáculo. Quando estava com uns 13 anos, a empresa do meu pai entrou em falência. Perdemos nossos bens, chegando a morar de favor, tendo apenas arroz ou pão para comer. Eu, que sempre vivi com boas condições e todo o conforto, senti que era o momento de reagir com base na fé.

Apesar de ter nascido numa família que já praticava o budismo, foi somente nessa fase difícil que compreendi o real significado da prática budista. Ao participar assiduamente das atividades e me empenhar para assinar os periódicos e como membro ativo do Departamento de Contribuintes (Kofu), desenvolvi aspectos importantes para atuar na sociedade e para resolver minhas próprias questões.

Esse aprimoramento foi fundamental quando meu pai faleceu, pois comecei a me sentir desmotivada com o curso na faculdade e inferior aos meus colegas. Mas não desisti e, aos trancos e barrancos, concluí a graduação em 2008. No romance Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda orienta: “Quanto mais nos esforçamos sem sermos derrotados pelas adversidades e pelos sofrimentos, mais nossa mente é treinada. Com o fortalecimento cada vez mais profundo da nossa mente, cultivamos uma força interior para vencer quaisquer tipos de provações”.1

Reprodução/Foto-RN176 com o pai, Akihiro – Editora Brasil Seikyo – BSGI

No ano seguinte, conquistei uma bolsa de estudos no Japão e, após a histórica convenção dos jovens, em 3 de maio de 2009, fiz a primeira viagem internacional, morando e estudando nesse país por quase um ano.

Com essa oportunidade, fortaleci a fé, pondo em prática as orientações de Ikeda sensei. Elevei a autoestima, fiz amigos de diversas nacionalidades e ainda aprendi a me organizar financeiramente, pois precisava “sobreviver” apenas com o valor da bolsa.

Sem desistir

Bem, agora eu tinha um diploma de engenheira eletrônica e um intercâmbio no exterior no currículo. Parecia que estava tudo certo para seguir uma boa carreira profissional, no entanto, continuei trabalhando em áreas diferentes da minha, recebendo salários baixos, mas sempre me esforçando com sinceridade.

Em 2014, prestei concurso público na área que eu queria e fui aprovada. Porém, o processo entre a aprovação e a convocação se tornou uma maratona. Passados três anos, estava desempregada e sofrendo com problemas financeiros.

Havia assumido a liderança da Divisão dos Estudantes (DE) da Subcoordenadoria e, na primeira viagem para visitar os membros, preparei lembrancinhas de origami [dobradura] com retalhos de papel que tinha em casa, sem condições de comprar material novo. Para minha alegria, os estudantes me receberam com carinho e adoraram o presente.

Nessa época, soube que participaria do Curso de Aprimoramento dos 200 Jovens, no Japão. Em meio à luta de daimoku, shakubuku e visitas, comecei a trabalhar na área comercial de uma empresa, tendo apoio do meu chefe para viajar, e renovei o juramento de concretizar o kosen-rufu do Brasil junto com os demais jovens.

Reprodução/Foto-RN176 Durante Curso de Aprimoramento dos 200 Jovens, no Japão. As fotos foram tiradas antes da pandemia do coronavírus – Editora Brasil Seikyo – BSGI

 Depois de um ano, entrei na justiça para fazer valer meus direitos com relação ao concurso público, cuja validade acabou sem que eu fosse chamada. Em paralelo, no trabalho, fui demitida, em meio a um corte de funcionários. Mas o que seria ruim se tornou um grande benefício, pois, com o valor da rescisão, arquei com as despesas do processo judicial. Além disso, recebi um valor extra de bônus por bom desempenho.

Em janeiro de 2019, mês da última parcela do seguro-desemprego, assumi oficialmente o cargo de engenheira de qualidade na Companhia Brasileira de Trens Urbanos, em Recife. Pela primeira vez trabalhava na minha área, com um salário quatro vezes maior do que já havia recebido. Com isso, assumi as despesas da casa e, mesmo durante a pandemia, não tive redução salarial. Consigo investir para o futuro e contribuir de todas as formas para as atividades da Soka Gakkai.

Reprodução/Foto-RN176 Nancy com a mãe, Toshiko; e o namorado, André – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Na organização, encerrei minha jornada na Divisão Feminina de Jovens (DFJ), com toda a alegria, após compartilhar meu relato com os membros na última Reunião Nacional de Líderes da BSGI. Sigo com a decisão de avançar a cada dia, dedicando-me à felicidade das pessoas. Ainda, na Nova Revolução Humana, o presidente Ikeda cita: “O modo de viver sem desmoronar diante das adversidades, avançando e lutando resolutamente, torna-se a comprovação da grandiosa força do budismo. Quando se vive pelo kosen-rufu, o destino se transforma em honrosa missão, e as adversidades se tornam o tesouro do coração”.2

Nancy Keiko Fujita, 36 anos. Engenheira. Resp. pela Divisão Feminina do Distrito Agreste, RE Pernambuco.

Notas:

  1. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo.v. 30-II, p. 212, 2020.
  2. Idem.