ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 26/06/2021 09:16
ROLATO
Decidida, Célia superou as dificuldades, fazendo da prática budista seu alicerce. Em terras mineiras, constrói uma história alegre e inspiradora
Reprodução/Foto-RN176 Célia Regina da Silva Pires do Prado. Vice-resp. pela DF do Distrito Vila Rica, RM Zona da Mata, Sub. Minas Gerais, CRE Leste, CGRE – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Célia conhece o budismo em 1986, por intermédio de um colega de classe, quando cursava faculdade de ciências econômicas, em São Paulo. Percebendo que a filosofia budista lhe fazia sentido, aos 18 anos, recebe o Gohonzon, lidando com o desafio de ser a única praticante na família. “Sempre lia as orientações do presidente Ikeda e, espelhando-me no escrito de Nichiren Daishonin Carta para os Irmãos, encontrei a base para vencer as dificuldades que surgiram pelo caminho.”
Os capítulos dessa história se desdobram num drama repleto de convicção, coragem, superação e descobertas, como o talento para a escrita, que aflorou ainda na Divisão dos Jovens (DJ). Hoje, Célia desfruta uma vida vitoriosa e compartilha com alegria que as páginas do primeiro livro de poemas estão prontas e retratam seu sincero desejo de incentivar as pessoas.
Tempo de avançar
Célia assume a primeira liderança na Divisão Feminina de Jovens (DFJ) e ingressa na banda Nova Era Kotekitai [Asas da Paz Kotekitai] assim que se torna membro da BSGI. “Atuei na RM Vila Mariana e, na época, trabalhava, fazia faculdade e nos fins de semana participava dos ensaios da banda. Minha querida mãe, Josefa, me esperava até tarde para me oferecer o jantar quentinho e preparava lanches para eu levar aos ensaios. Nessa fase, atuei na secretaria da Divisão dos Estudantes Colegiais [atual DE-Herdeiro], quando despertei para a escrita, tendo até mesmo um poema publicado no jornal Brasil Seikyo; ensinei o budismo para muitas pessoas, participei de intercâmbios e acumulei experiências inesquecíveis”, relembra.
Em 2002, ingressa na Divisão Feminina (DF) e a vida ganha outro rumo: “Consegui novo emprego, assumi a liderança da DF da Comunidade Pamplona, no Distrito Brasil, e atuei como vice-líder do grupo Zenshin. Quanta gratidão! Em 2004, conheci Edmilson e, após três meses de namoro, nós nos casamos numa cerimônia simples, porém, meu sonho maior se concretizou em março de 2005, quando realizamos nova celebração na Sede Social Josho”, conta.
O casal Prado enfrenta o primeiro desafio quando Célia engravida — uma gestação arriscada para ela e o bebê. “Havia um tumor no ovário esquerdo crescendo junto com o feto. Sem a possibilidade de parar de trabalhar, recitava intenso daimoku para que o tumor não crescesse e minha filha se desenvolvesse bem. Quinze dias antes do parto programado, a bolsa estourou, a pressão subiu e fui às pressas para o hospital. Valentina nasceu com saúde, e o obstetra que me atendeu constatou que o tumor, benigno, havia sido expelido durante o parto. Comprovei ali a grandiosidade do Nam-myoho-renge-kyo.”
Muitos foram os benefícios da prática budista e, a cada conquista, Célia vivia emocionantes transformações. “Com esforço, conquistamos estabilidade financeira. Compramos um apartamento no bairro do Morumbi e lá iniciei uma nova luta no Bloco Jardim Sul, que se tornou um Bloco Monarca, em 2010. No dia da certificação, meu marido me comunicou que havia aceitado um trabalho em Belo Horizonte, MG. Levei um susto, pois não imaginava sair de São Paulo.”
Nova história
O primeiro a se mudar para a nova cidade é Edmilson. Célia e a filha viajam periodicamente para encontrá-lo e vice-versa; mas a rotina se torna cansativa. “Resolvi pedir demissão do trabalho e me mudei para Belo Horizonte.”
Reprodução/Foto-RN176 Célia (centro) com a filha, Valentina, e o marido, Edmilson – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
O período adiante é de muita dificuldade de adaptação, mas também é a chance de fortalecer a fé: “Eu me sentia sozinha e triste, e orava para encontrar membros da Gakkai. Três meses depois, localizei um bloco e comecei a participar das reuniões. Logo me tornei líder da DF do Bloco Raja Gabaglia. Estava imensamente feliz e determinada”.
Essa convicção se tornou importante para ela quando seu marido foi demitido do trabalho, em meados de 2011: “Sem me desesperar, lancei novo desafio de recitação de daimoku, com o objetivo de que fôssemos felizes e encontrássemos a nossa missão, independentemente do local. Então, no mês seguinte, Edmilson conseguiu um emprego em Mariana, MG, onde moramos até hoje. Desta vez, inspirada num trecho do romance Nova Revolução Humana, direcionava as orações para que surgissem bodisatvas da terra naquele local. Assim, conhecemos um jovem casal budista e passamos a organizar reuniões de estudo. Nesses encontros, convidávamos os vizinhos e conhecidos para lhes apresentar o budismo”.
A comunidade budista mais próxima ficava a oitenta quilômetros da cidade de Mariana. Com isso, o casal passa a viajar frequentemente para participar das reuniões. “Meu marido havia decidido praticar o budismo, acompanhando-me nas atividades. Na época, minha mãe foi diagnosticada com câncer na medula óssea. Ela, que não era budista, passou a recitar Nam-myoho-renge-kyo comigo num desafio de um milhão de daimoku. Edmilson ingressou na BSGI motivado pela minha postura.”
Célia e o marido visitam diversas cidades do estado de Minas Gerais, atuando em Ponte Nova, Viçosa, São João Del Rei, Ouro Branco, Itabirito, Santa Cruz de Minas e Belo Horizonte. E com o desenvolvimento da organização em Ouro Preto e em Mariana, em 2013, participam da fundação do Bloco Mariana, do qual se tornam líderes.
Reprodução/Foto-RN176 Célia na primeira atividade do Bloco Mariana – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Em paralelo, a jornada de companheirismo entre Célia e a mãe resulta em vitória: “Ao longo de sete anos, recitamos 10 milhões de daimoku e minha mãe conseguiu fazer o transplante de medula. Em 2017, ela recebeu o Gohonzon, com apoio do meu pai, que antes não aceitava a prática. Novamente, comprovei a veracidade do escrito Carta para os Irmãos. Em janeiro do ano passado, minha mãe encerrou sua nobre missão, tendo praticado o budismo e construído uma história emocionante”.
Rumo à vitória
A organização havia se expandido em Mariana. Com isso, é fundado o Distrito Vila Rica, em 2015, englobando várias cidades. Tantas conquistas impulsionam o casal Prado à propagação do budismo em terras mineiras, ainda que enfrentem dificuldades. “Foi nesse período que sofri um grave acidente de carro, em que o veículo capotou e ficou preso numa árvore, diante de uma ribanceira. Vi a morte de perto, mas recitei Nam-myoho-renge-kyo com toda a força, desejando cumprir minha missão pelo kosen-rufu. Felizmente, fomos salvos com a ajuda de um motorista e nenhum dos três passageiros se feriu.”
Ela continua: “Em novembro daquele ano, a barragem do Fundão, em Mariana, se rompeu, causando o trágico acidente que ficou conhecido em todo o Brasil. Muitas pessoas perderam suas casas e outras faleceram. Entretanto, nenhum membro ficou ferido e recitamos daimoku para que a situação se estabilizasse o quanto antes. Com gratidão por estarmos bem, renovamos o juramento de nos dedicarmos pela expansão do humanismo Soka. E, naquele mesmo ano, tivemos a reinauguração do Centro Cultural de Belo Horizonte”.
Célia e Edmilson avançam ainda mais e, em 2018, concretizam novos objetivos: “Compramos um apartamento, oferecendo o espaço para as atividades da organização. No distrito, concretizamos vários shakubuku. O Bloco Mariana cresceu e fundamos o Bloco Ouro Preto. Em dezembro de 2019, foi a fundação do Bloco Ouro Branco”.
Chega 2020, e Célia enfrenta, junto com os companheiros da organização, os desafios e as incertezas da pandemia do coronavírus. “Avançamos com muita determinação, inclusive, minha filha Valentina assumiu a liderança da DFJ do Bloco Mariana. Em paralelo, ingressei no Departamento de Artistas da Sub. Minas Gerais, aprimorando a aptidão para escrever poemas. Isso me ajudou a enfrentar a ausência da minha mãe e a incentivar os amigos e familiares, como ocorreu quando meu sogro faleceu, por complicações da Covid-19, em maio de 2021. Não parei mais. Hoje, são mais de cem poemas, os quais escrevo, em sua maioria, nas madrugadas, com o desejo de levar esperança às pessoas.”
Em comemoração dos setenta anos da Divisão Feminina, ela gentilmente compôs um poema intitulado “Mulheres em Ação”, que finaliza com o seguinte trecho:
As mulheres da Divisão Feminina da BSGI
são fortes, sábias, guerreiras e voluntariosas.
Sabem que o caminho a seguir
pode ser de estradas tortuosas.
Com Ikeda sensei no coração,
atuam sem descanso.
Mulheres em ação
hoje comemoram os setenta anos da divisão.
Setenta anos de vitórias mil, conscientes de que
através do avanço notável e iminente
demonstram toda a sua gratidão.
A luta não pode parar
sem a nossa vida poupar.
Vamos continuar caminhando
com passos firmes, bailando
e todo dia uma nova vitória alcançar.
Célia Regina da Silva Pires do Prado, 53 anos. Economista e escritora. Vice-resp. pela DF do Distrito Vila Rica, RM Zona da Mata, Sub. Minas Gerais, CRE Leste, CGRE.