ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 07/08/2021 09:17
RELATO
Em busca do sonho de estudar, Julia transformou os desafios em impulso para avançar e conquistar uma carreira profissional vitoriosa.
Reprodução/Foto-RN176 Julia Ribeiro, Coordenadora-geral da DFJ da CGSP no Mirante Ilha Porchat, São Vicente, SP – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Meu maior sonho de infância era cursar universidade. No terceiro ano do ensino médio, apesar de inúmeras dificuldades em família, conseguimos custear um cursinho pré-vestibular. Meu objetivo era claro: cursar pedagogia na Universidade de Campinas (Unicamp) e me especializar em ensino bilíngue. Contudo, diferentemente da minha meta, fui aprovada no vestibular na Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Marília, SP. Naquele momento, não compreendi tal situação, mas, com apoio de minha família, decidi me aventurar nessa nova jornada para a conquista dos meus sonhos.
Grande missão
Na véspera da mudança de Itapira, SP, onde morava, para Marília, só chorava. Foi quando uma líder da Divisão Feminina me incentivou rigorosamente dizendo que se eu havia passado naquele local é porque minha missão era lá, e que deveria cumpri-la para ser feliz.
Assim, saí da casa dos meus pais aos 17 anos, vivendo por quatro anos e meio em Marília. Lá, encontrei a família Soka que me acolheu e me apoiou. No terceiro ano de pedagogia, quando fazia estágio com alunos do ensino fundamental, um garoto com síndrome de Down despertou em mim o desejo de compreender melhor o universo das deficiências. A partir do ingresso na habilitação em deficiência intelectual, ampla perspectiva se abriu. Encontrei naquele lugar minha missão, ao lado de Ikeda sensei e de meus alunos. E, desde que me formei, em 2009, tive experiências profissionais incríveis. No primeiro emprego de meio salário-mínimo na educação infantil, aprendi a valorizar minha trajetória, prezar a humildade e, sobretudo, o infinito potencial de cada criança.
Em 2010, eu me mudei para Franca, SP, atuando como professora de educação especial e na inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. E, em 2013, assumi como professora no município de Praia Grande, SP. Foi um início difícil, trabalhando com alunos que apresentavam quadros de deficiência moderada e grave, mas também uma oportunidade para exercitar diariamente meu olhar como discípula Ikeda.
Além disso, nessa fase, tive a chance de participar do primeiro Curso de Aprimoramento da SGI, no Japão, em 2015. Quanta boa sorte!
Avançar corajosamente
Ao final de 2016, participando de processo seletivo para a função de coordenadora pedagógica, apresentei um projeto que teve como base a Proposta de Paz de Ikeda sensei de 2016. Fui aprovada e ingressei na equipe de assistentes técnicos pedagógicos especializados em inclusão escolar de alunos com deficiência.
Em paralelo, atuava na primeira liderança central da Coordenadoria-Geral do Estado de São Paulo (CGESP) e pude fazer parte da equipe de bastidores do inesquecível Curso de Aprimoramento dos 200 Jovens, que me preparou para os desafios que estavam por vir.
Reprodução/Foto-RN176 Com os pais, Penha e Léo – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Isso porque, em 2017, fui diagnosticada com transtorno misto ansioso depressivo. Iniciei tratamento e decidi vencer a doença com base na recitação do daimoku. Uma passagem da Nova Revolução Humana se tornou uma bússola: “A oração é a coragem para perseverar. É a luta para vencer a fraqueza e a falta de confiança em nós mesmos. É gravar bem nas profundezas de nosso ser a convicção de que podemos mudar a situação sem falta. A oração é a forma de destruir todo o temor. É a forma de banir a tristeza e o caminho para iluminar a tocha da esperança. É a revolução que reescreve o cenário do nosso destino. Acredite em você! Valorize-se!”.1
Venci a depressão e aprendi que todas as circunstâncias são combustíveis para o nosso desenvolvimento. Assim, ensinei o budismo para várias pessoas que decidiram praticá-lo e, como eu, venceram a doença.
Ser forte
No início de 2020, vivenciei o maior dos desafios com o falecimento do meu pai — um homem grandioso, que vivenciava a prática budista diariamente incentivando todos os que cruzavam seu caminho. Recebi muitas visitas e fui encorajada a me tornar a própria comprovação da grandiosidade de sua vida.
Segui com essa convicção e, no ano passado, tive excelente desempenho profissional, implementando o ensino remoto para alunos com deficiência e com todas as dificuldades que as famílias desses estudantes enfrentavam em meio à pandemia do coronavírus.
Reprodução/Foto-RN176 E com a família na inauguração de um espaço público de esporte e lazer construído em homenagem ao seu pai, em Itapira, SP – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Em janeiro de 2021, recebi uma proposta de trabalho da Divisão de Educação Especial, na Secretaria Municipal de Educação — função que abarca mais de setenta escolas e 1.500 alunos da educação especial. Aceitei o convite com profundo senso de responsabilidade e de gratidão por atuar nos palcos da educação, grande empreendimento da vida do Mestre. Decidi me esforçar ao máximo para atuar como digna discípula Ikeda, prezando a vida de cada aluno e extraindo do daimoku e do estudo do budismo a sabedoria necessária para conduzir tudo com alegria e leveza.
A cada nova etapa, sou ainda mais grata àquela veterana que me incentivou, pois realmente cumprir minha missão é a maior alegria! E sei que meu pai está imensamente feliz! Tal como Ikeda sensei afirma: “Os filhos que permanecem vivos demonstram a grandiosidade dos pais. Eles continuam observando os filhos para ver como eles estão conduzindo a vida e o que estão realizando. Nichiren Daishonin escreveu: ‘O corpo que o pai e a mãe deixam para trás não é outro senão a forma física e a mente do filho’2”.3
Julia Ribeiro, 34 anos. Pedagoga. Coordenadora-geral da DFJ da CGSP.
Notas:
- Brasil Seikyo, ed. 1.883, 17 mar. 2007, p. A5.
- The Writings of Nichiren Daishonin [Os Escritos de Nichiren Daishonin], v. II, p. 572.
- Brasil Seikyo, ed. 2.242, 6 set. 2014, p. C2.
No topo: Julia no Mirante Ilha Porchat, São Vicente, SP