Vencer pelas pessoas

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  14/08/2021 06:23

RELATO

Em meio à revolução humana, Ramon despertou para a missão de se dedicar à saúde e ao bem-estar social

Reprodução/Foto-RN176 Ramon Almeida Simão, Vice-coordenador da DMJ da Coordenadoria Serra-Mar do Rio de Janeiro.

Conheci o budismo no Rio de Janeiro, onde moro, numa época em que passava por problemas de relacionamento em casa, que me atormentavam. Além disso, não tinha objetivos muito claros. Mas, incentivado pelos veteranos, decidi comprovar a força do daimoku para transformar aquela condição. Assim, recebi o Gohonzon em 2004, e comecei a escrever a minha revolução humana.

Foco nos estudos

Logo que ingressei na BSGI, fui nomeado responsável pelo bloco e conciliava o tempo entre as atividades da organização, da escola e do trabalho. Ainda bem que podia contar com minha bicicleta (risos). Lembro-me de que, em 2005, participei de um curso de aprimoramento para líderes, no Centro Cultural Campestre, SP, no qual senti a unicidade com o Mestre. Foi inesquecível.

Com esse aprimoramento na Divisão Masculina de Jovens, passei a acreditar nos meus sonhos, pois até então não dava muita importância a isso. Ao procurar emprego, por exemplo, enviava currículo para qualquer lugar e, sem foco profissional, eu me contentava com a empresa que me escolhesse. No entanto, gostava de esportes. Pensava até em ser jogador de futebol.

Com os incentivos que lia do presidente Ikeda e com o apoio dos líderes da organização, aos quais sou muito grato, comecei a me atentar para o que gostava de fazer e traçar uma meta, visua­lizando um futuro melhor. Então, eu me voltei para os estudos. Fiz curso de patologia clínica e depois realizei o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), determinado a cursar educação física. Assim, em 2006, ingressei na faculdade, com bolsa de 100%.

Aquilo tudo me impulsionou a não desistir, pois enfrentei muitos desafios até concluir o curso em 2010. Para arcar com as despesas de um universitário, fazia bicos e vendia produtos de limpeza. Dava o meu máximo para manter boas notas. Em paralelo, comecei a trabalhar em projetos sociais do governo, com idosos e crianças, o que me fez despertar interesse por esse setor. Também dava aulas em academias na Baixada Fluminense buscando me aprimorar. Apesar de tantas atividades, estava feliz. Agora tinha objetivos claros e, alinhado à minha missão, determinei sempre atuar com a convicção de prezar cada pessoa, tal como aprendi no budismo.

Com esse sentimento, em 2015, participei de um curso de aprimoramento da SGI no Japão, renovando meu juramento de rea­lizar uma significativa luta pelo kosen-rufu. Viver a unicidade de mestre e discípulo nas terras do Mestre foi emocionante.

Naquele mesmo ano, dei um grande passo ao abrir minha própria academia, a partir de um acordo que fiz com os ex-proprietários, que estavam fechando o estabelecimento. Trabalhei bastante para pagar pelo espaço e até consegui comprar novos equipamentos para os alunos. Ensinei a prática budista para muitos deles e ouvia suas histórias com atenção. Foi um período de bastante aprendizado, no qual fiz vários shakubuku, que se encerrou em 2019, quando recebi uma proposta de emprego na Região dos Lagos, o qual me proporcionaria uma nova chance de crescimento profissional, alinhada ao kosen-rufu. Além disso, traria qualidade de vida para meu pai, que enfrentava problemas de saúde.

Avanço ininterrupto

Vendemos nossa casa e partimos para a nova cidade. Logo surgiram as dificuldades por conta da pandemia do coronavírus e tive o salário reduzido. Segui recitando firme daimoku e então encontrei outras oportunidades de trabalho.

Reprodução/Foto-RN176 Ramon e seus familiares

Meu pai e eu compramos uma nova casa e firmei uma parceria com uma escola municipal de Cabo Frio e uma organização não governamental (ONG) local para implantar um projeto social para todas as idades, no qual os alunos contribuem com doações que são enviadas à instituição.

Fazemos ginástica numa quadra poliesportiva e, como fico num palco, posso me atentar aos participantes. Quando alguém está desanimado, eu me aproximo e procuro conversar. Tento demonstrar a essa pessoa que ela é importante para mim e para a sociedade. Já na ONG, faço atividades físicas com jovens de 12 a 17 anos, no Projeto Modelo Manequim, com objetivo de torná-los modelos profissionais.

Hoje, eu me sinto muito grato pelos trabalhos desenvolvidos na localidade e no futuro quero contribuir cada vez mais para a saúde e para o bem-estar social.

Reprodução/Foto-RN176 Ramon em curso de aprimoramento da SGI, no Japão

Nesse sentido, a educação física se tornou para mim uma chance de ajudar as pessoas de alguma forma. Estar perto, dialogar com elas e tocar seu coração, assim como Ikeda sensei nos incentiva. Em um trecho do romance Nova revolução Humana, ele complementa: “Temos de inspirar e motivar a todos com nossas próprias ações, entusiasmo e dedicação. Um ‘bravo general’ é aquele que acende a chama do espírito de luta e transmite alegria ao coração das pessoas”.1

Ramon Almeida Simão, 34 anos. Professor. Vice-coordenador da DMJ da Coordenadoria Serra-Mar do Rio de Janeiro.

Nota:

  1. IKEDA. Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 30-I, p. 199, 2020.