ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 21/08/2021 09:14
RELATO
A partir da revolução interior, Daisy constrói uma jornada significativa em prol do meio ambiente e da mudança social
Reprodução/Foto-RN176 Daisy Aparecida Campos Partal, Consultora da DF da Regional Fonte Áurea, RM Itaquaquecetuba, , Sub. Ayrton Senna, CGSP, CGESP – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Minha mãe conheceu o budismo por intermédio de uma vizinha, em 1977. Na época, eu estava com 10 anos e, em casa, era comum presenciar frequentes desentendimentos por conta dos problemas que meu pai tinha com a bebida. Aliás, esse foi o primeiro aspecto que conseguimos transformar com a prática budista. Além disso, a vitória do meu irmão mais novo em relação à saúde fez meu pai se dedicar ao kosen-rufu com gratidão.
Essa bagagem, somada ao aprimoramento que recebi na Soka Gakkai, foi essencial para mim, pois construí um eu sólido para lutar em prol da dignidade das pessoas em meu trabalho, local ideal para pôr o humanismo Soka em ação.
Fortalecer a fé
Em 1986, recebi o Gohonzon. Aos 20 anos, casei-me grávida. Quando já tinha o segundo filho, em meio a muita desarmonia, meu marido foi embora de casa.
Contudo, consegui criar as crianças sozinha, trabalhando como faxineira, vendedora de pano de prato, fazendo bicos. Também me esforçava para assinar o Brasil Seikyo e participar do Departamento de Contribuintes (Kofu).
As coisas melhoraram quando fui contratada como merendeira numa escola estadual em Poá, SP, onde moro. Em paralelo, havia me casado novamente e tive o terceiro filho. No entanto, após quinze anos de relacionamento, novamente enfrentava o sofrimento de uma desgastante separação.
Levantei-me com firme recitação de daimoku e com o incentivo dos meus filhos. Em 2006, resolvi fazer faculdade de geografia, inspirada na trajetória do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi. Nessa fase, tive contato com o Departamento Ambiental (Depam) da BSGI [na época, núcleo do Departamento Científico (Depac)], no qual hoje atuo como vice-coordenadora. Foi amor à primeira vista! Também atuei pelo Mamorukai [grupo de bastidores da Divisão Feminina] e no Grupo Coração do Rei Leão.
Reprodução/Foto-RN176 Daisy e familiares – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Concluí o bacharelado, cursei licenciatura plena na mesma área e, então, decidi que era o momento de seguir nessa carreira profissional. Após uma tentativa frustrada na escola na qual ainda trabalhava, eu me inscrevi para um concurso publicado num edital, mesmo sem ter muito tempo para estudar. O resultado é que fui aprovada para atuar como agente educacional na Fundação Centro de Atendimento Socioeducativo ao Adolescente (Fundação Casa), em Ferraz de Vasconcelos, SP.
A princípio, foi um grande desafio para mim! Mas estava determinada a realizar um trabalho com base no humanismo Soka, implementando, como iniciativa, um projeto sustentável na unidade. Um ano depois, iniciei uma nova etapa na Fundação Casa, no complexo Guarulhos, SP — experiência que me impulsionou a prestar concurso para professora, em 2014, e hoje dou aulas num colégio estadual, além de integrar um projeto que oferece entretenimento às crianças internadas em hospitais.
Chegou 2015, um ano gratificante, mas também desafiador, pois, em fevereiro, meu querido pai faleceu, encerrando sua missão. Em julho, embarcava para o Japão, a fim de selar meu juramento seigan; e, em agosto, inaugurávamos, em família, uma sede particular para ser oferecida às atividades da organização, realizando um antigo sonho do meu pai.
Respeito às pessoas
No trabalho, ao longo dos anos, segui me baseando na filosofia da dignidade da vida e ganhei a confiança das pessoas. De forma prática, passei a utilizar as propostas de paz do presidente Ikeda e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para promover meu trabalho com os jovens. Foi assim que surgiu a ideia de divulgar os ODS durante a pandemia do coronavírus.
Começamos com palestras, textos e vídeos a respeito do assunto. Fiquei no setor socioeducativo para revitalizar a horta que estava abandonada. Logo, carpimos o local e separamos com garrafas pet os espaços para o plantio. Ao mesmo tempo, trabalhava na organização da biblioteca, aberta em fevereiro. A curiosidade, aliada ao diálogo sobre a importância da leitura, fez com que os meninos internos começassem a buscar os livros com frequência.
Enquanto isso, a horta começou a produzir alface, almeirão e temperos. Agora, é comum ver os funcionários colherem as verduras. Que alegria! Temos também cidreira e erva-doce, que são utilizadas para fazer chás para quem quiser saborear. Com relação ao lixo orgânico, as sobras de alimentos são recolhidas e colocadas na nossa composteira. A mudança foi bem grande!
Reprodução/Foto-RN176 Painel interativo e horta comunitária na instituição em que trabalha – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Nesse trabalho, temos o apoio de coordenadores de segurança, pedagógicos, administrativos, setor técnico, diretoria. Um dos funcionários até começou a fazer faculdade em gestão ambiental.
Nosso novo projeto consiste no plantio de uma muda de árvores para cada rapaz que chega à unidade, e a ideia é que eles cuidem dela até obterem a liberdade. Nesse período, de três até seis meses, eles terão a oportunidade de aprender a respeitar e a cuidar do meio ambiente. Quando libertos, levam a muda e plantam em sua localidade. Estou muito feliz, pois tenho a convicção de que, por meio das minhas ações, posso levar um pouco de esperança para as pessoas, tal como aprendi com a prática budista. Sigo realizando minha revolução humana sempre mantendo a certeza no coração de que “o inverno nunca falha em se tornar primavera”.1
Daisy Aparecida Campos Partal, 55 anos. Geógrafa e educadora. Consultora da DF da Regional Fonte Áurea, RM Itaquaquecetuba, , Sub. Ayrton Senna, CGSP, CGESP.
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 560,