ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 02/09/2021 08:10
REDAÇÃO/CIDADANIA GLOBAL
Ricardo rompeu os limites para se adaptar à vida num novo país e faz dos desafios a chance para avançar
Reprodução/Foto-RN176 Ricardo com a esposa e os filhos – Editora Brasil Seikyo – BSGI
A história de Ricardo com a Alemanha começa há 22 anos, quando ele conhece a esposa, Nicole Klein, uma jovem alemã que, na época, vivia no Brasil. “Logo passamos a morar juntos. Nós nos casamos, adotamos nossos dois filhos, compramos uma casa no Rio de Janeiro, mas sempre viajávamos à Europa para visitar os parentes dela. Numa dessas viagens, as crianças insistiram para que morássemos na Alemanha. Mas aquilo era algo distante para mim”, conta.
Isso porque Ricardo tem uma vida estabelecida na Cidade Maravilhosa, trabalhando nos projetos de seu escritório de design, lecionando em instituições de ensino e se apresentando como músico. “Eu, que atuei durante vinte anos no Taiyo Ongakutai [banda da Divisão Masculina de Jovens (DMJ)], sempre estive envolvido com a música. Além disso, tinha o escritório e meus alunos. Mesmo assim, repensei sobre a ideia de me mudar. Consultei alguns amigos e chequei as possibilidades com relação ao trabalho. Minha esposa e eu chegamos à conclusão de que, profissionalmente e em outros aspectos, valia a pena essa transição. Apesar de ter de ficar longe da família, dos amigos e da organização.”
Ele, que ingressou na BSGI ainda criança junto com os pais, cita que a juventude foi uma fase de intenso aprimoramento, tornando-se a base de vida: “Minha mãe [que faleceu recentemente] vivia dizendo para eu recitar daimoku (risos). Sou muito grato aos meus pais, pois cresci participando das atividades. Lembro-me com alegria das apresentações que fizemos para Ikeda sensei, em 1984 e em 1993. Pela DMJ, atuei como líder de bloco, de comunidade e de distrito, entregando periódicos, realizando visitas. Era intenso. Quando ingressei na Divisão Sênior é que fui fazer faculdade, aprender outros idiomas e viajar. Aí não parei mais! Fiquei conhecido como o aventureiro da família”.
A postura destemida foi o impulso para que Ricardo, a esposa e os filhos fizessem as malas, partindo para Saarbrücken, Alemanha, em fevereiro de 2017. “Alugamos nossa casa no Rio e compramos outra na nova cidade. A primeira surpresa foi que logo percebemos que o imóvel precisava de reparos e coloquei a mão na massa, numa reforma que durou um ano. Mas o grande desafio foi com o novo idioma, ‘o alemão’. Minha esposa, claro, não tinha problemas com isso; aliás, ela fala sete línguas. As crianças, acompanharam o ritmo da mãe e se adaptaram bem à escola. Eu falava bem pouco.”
Nova etapa
Até começar a participar das atividades da Soka Gakkai, ele entra para um clube de remo, faz amizade com integrantes de grupos de samba, chorinho, bossa-nova e música baiana, e se matricula num curso de alemão. “O contato com a organização veio tempos depois, mas segui realizando a prática diária. Temos uma única comunidade em Saarbrücken, com muitos estrangeiros. Realizamos reuniões semanais com daimoku e estudo com base na revista e no jornal mensais e nos escritos de Nichiren Daishonin. As conversas são muito fluídas sobre aspectos históricos e culturais. Eles refletem sobre a paz e condenam a guerra com pesar por tudo o que já aconteceu no país. São grandes defensores do kosen-rufu”, explica.
Ele continua: “No começo, era difícil me integrar às discussões porque não entendia nada. Mas os membros estavam sempre dispostos a me ajudar, a ouvir minha história e sobre a luta pelo kosen-rufu no Brasil”.
Em 2020, com a pandemia do novo coronavírus e o distanciamento social, Ricardo se vê diante de um novo desafio: “Interrompi todas as atividades que me ajudavam a melhorar no idioma. Vieram as reuniões on-line e continuava inseguro para falar. Até que decidi resolver essa situação. Eu precisava me integrar! Então, aceitei uma vaga num serviço de delivery a convite de um amigo e fui para a rua. Ao me comunicar com as pessoas diariamente durante quatro meses, meu alemão deslanchou. Sou outra pessoa! (risos)
Ricardo, que segue trabalhando remotamente nos projetos de design de seu escritório no Rio, afirma que é preciso ser persistente diante das dificuldades e agora faz planos: “Quero realizar trabalhos em minha área. Comecei a dar aulas numa instituição em Porto, Portugal, e é um passo importante. Também estou me dedicando com mais autonomia à organização. Acredito que mudar de país é estar disposto a se desprender das limitações para se redescobrir. O mais importante é estar preparado e não desistir, pois existe diante de nós uma missão a ser cumprida”, finaliza.
No topo: Ricardo com a esposa e os filhos em Munique, Alemanha