Brilho do sol no coração

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  18/09/2021 07:31

RELATO

Para Wagner, a verdadeira vitória é construída a cada dia por meio da convicção e da sincera fé

 

Reprodução/Foto-RN176 Wagner Gomes, Responsável pela Comunidade Santana Júnior, RM Fortaleza, Sub. Nordeste 2, CRE Leste, CGRE, Wagner com os filhos Nicolas e Wagner – SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Nasci numa família simples, no bairro Mucuripe, em Fortaleza, CE, e com os esforços dos meus pais tive uma infância feliz e uma vida confortável que mudou bastante quando eles se separaram. A partir daí vieram os perrengues e comecei a trabalhar ainda jovem para ajudar minha mãe com as despesas.

Encontrei nos esportes uma forma de me socializar e nos estudos uma chance de ter um futuro melhor. Tentei fazer faculdade, mas nunca consegui custear os cursos. Nesses momentos, sempre me vinham as dúvidas “O que está faltando?; O que eu tenho de fazer”. E por muito tempo desperdicei oportunidades por responder esses questionamentos.

Aos 26 anos, eu me casei, tive o primeiro filho, Wagner. O relacionamento durou dez anos até que decidimos nos separar. Continuei me dedicando aos estudos e ingressei no curso de ciências contábeis. Em paralelo, buscava contribuir para o desenvolvimento da minha localidade e, no ano 2000, atuei como coordenador pedagógico de um projeto social no Pirambu, também em Fortaleza. Foi uma experiência que me fez despertar para a necessidade de incentivar os jovens, principalmente por perceber a capacidade de mudança dos alunos em relação ao bairro, considerado violento.

Essa bagagem me auxiliou na criação do meu filho mais velho e também do Nicolas, fruto do meu segundo relacionamento.

Quando a mãe dele e eu nos separamos, meu filho ficou morando comigo. Na época, eu havia saí­do da empresa em que trabalhava para abrir meu escritório. Como tinha somente um cliente, a renda diminuiu muito.

Nicolas estava com 4 anos. Tive de ser pai, empresário, dono de casa, amigo. Andávamos de skate, jogávamos vôlei, íamos à praia. Contava para ele as mesmas histórias que encantavam meu filho Wagner, quando criança, sobre “Shin Maru”, personagem que criei como um símbolo da paz e da coragem, que tem um mestre para lhe orientar diante dos desafios do planeta Terra. Foram momentos de total dedicação para que Nicolas tivesse uma infância feliz. Mas, particularmente, sentia que precisava mudar minha vida, pois seguia angustiado com meus questionamentos.

Foi então que, em 2019, retomei o contato com Joselma, uma grande amiga que praticava o Budismo de Nichiren Daishonin, e me convidou para participar de uma reunião de palestra. Ao chegar à atividade, tive a sensação de que já fazia parte daquele grupo, tamanha receptividade. Um veterano no budismo me entregou um exemplar do Brasil Seikyo, no qual encontrei muitos incentivos. Retornei a outros encontros e tive a certeza de que havia encontrado as respostas pelas quais procurava; após seis meses, em 11 de junho, ingressei na BSGI. Joselma, hoje minha esposa, é uma grande companheira que me incentiva em todos os aspectos.

Reprodução/Foto-RN176 Wagner, a esposa Joselma e o filho Nicolas

Cumprir uma missão

Pouco tempo depois, assumi a liderança do Bloco Maria Tomásia com o sincero desejo de levar o Budismo Nichiren ao maior número de pessoas. Com a mesma convicção, tornei-me responsável pela Comunidade Santana Júnior.

Passamos a realizar atividades cada vez mais dinâmicas, inserindo música, teatro e mais pessoas na programação das reuniões de palestra. Pegava meu violão e fazia apresentações musicais com o Nicolas, que logo se tornou membro da BSGI. Compus, inclusive, uma canção chamada Brilho do Sol no Coração, em homenagem a Ikeda sensei. O mais importante era incentivar os membros. Empenhei-me realizando visitas, enviando e-mail e fazendo ligações para eles e, pouco a pouco, o comparecimento aumentou nas atividades.

Tudo caminhava bem. No trabalho, tinha novos clientes em negociação e o ano parecia promissor. Então, veio a pandemia do coronavírus atingindo todos e até as empresas de modo geral. Felizmente, no mês de abril, prestei serviços aos meus clientes com as declarações de imposto de renda, e isso me ajudou financeiramente. Contudo, fui infectado pela Covid-19, ficando sem condições de trabalhar. Tomava remédios para amenizar a febre e as dores no corpo. Mesmo assim, piorei. Nesse momento, a prática budista foi fundamental e bastava sentir um pouco de disposição que já estava recitando daimoku. Melhorei com o apoio de uma integrante da Divisão Feminina, que é médica, e segui fazendo uso de medicamentos. Estava exausto, mas, convicto de que não há oração sem resposta, determinei sair daquela situação. Minha esperança era que meu corpo reagisse, e assim aconteceu. E com isso senti intensa vontade de viver. Dias depois, recuperei-me e intensifiquei as orações. Em paralelo, surgiram mais clientes, reorganizei as finanças e pude aumentar minhas cotas no Departamento de Contribuintes (Kofu), em setembro. Também consegui reformar uma parte da minha casa, transformando-a em escritório. Quanta gratidão!

Tantas vitórias vieram para validar a prática budista e fortalecer ainda mais meu desejo de propagar o budismo. As respostas aos meus questionamentos da juventude se tornaram a sabedoria para vencer as adversidades e cumprir minha missão pelo kosen-rufu, avançando a cada dia. Certa vez, li no BS que “Fazer tudo o que posso é normal. Fazer além das minhas possibilidades é um desafio. Onde terminam as minhas capacidades, começa a minha fé. E uma forte fé vê o invisível, acredita no incrível e recebe o impossível”.1

No topo: Wagner com os filhos Nicolas e Wagner

Wagner Gomes, 56 anos. Contador. Responsável pela Comunidade Santana Júnior, RM Fortaleza, Sub. Nordeste 2, CRE Leste, CGRE.

Nota:

  1. Brasil Seikyo, ed. 2.097, 26 ago. 2011, p. A8.