ROTANEWS176 E POR JOÃOBIDU 02/10/2021 07h02
De forma pacífica, Mahatma Gandhi ultrapassou as barreiras impostas pelo colonizador em busca da liberdade de seu povo
Reprodução/Foto-RN176 De forma pacífica, Mahatma Gandhi ultrapassou as barreiras impostas pelo colonizador em busca da liberdade de seu povo – Shutterstock. Foto-RN176 Mohandas Karamchand Gandhi foi um advogado, nacionalista, anticolonialista e especialista em ética política indiano, que empregou resistência não violenta para liderar a campanha bem-sucedida para busca da liberdade de seu povo
Histórias de pessoas que lutaram pela independência de um país são não poucas. Desde que o mundo conheceu a guerra por território, existem injustiças e opressão. Portanto, o que há de diferente nas atitudes de Gandhi? Basta conhecer um pouco da trajetória do líder pacifista para saber que seu exemplo mudou a forma de encarar a restrição da liberdade de um povo.
Tamanha foi sua doação ao bem comum que rendeu-lhe o nome de Mahatma, que em sânscrito, língua indiana, quer dizer “a grande alma”. O termo é utilizado para se referir a pessoas que atingiram um estado espiritual avançado, cujos feitos são admirados, e caracterizam os verdadeiros mestres e líderes.
Mesmo depois de sua morte, Gandhi continua sendo exemplo de liderança pacífica, tanto que em 2007 a ONU (Organização das Nações Unidas) instituiu o Dia Internacional da Não-Violência, no dia 4 de outubro, para marcar a data do nascimento de Mahatma Gandhi.
A Índia nos tempos de Gandhi
Mahatma Gandhi nasceu e constituiu família na Índia, país da Ásia Meridional com uma cultura milenar. No final do século XIX e começo do século XX, época em que Gandhi viveu, o país estava sob domínio do então poderoso Império Britânico, que ainda controlava diversas partes do globo.
Gandhi cresceu em uma terra de fortes contrastes. A Índia, por si só, concentrava diversas religiões, línguas e costumes, enquanto era controlada pelos britânicos. Hindus e muçulmanos, devotos das principais religiões do país, acirraram a disputa pelo controle da nação. Ao mesmo tempo, aos burocratas colonizadores era reservada a fartura daquelas terras: banquetes, festas, moradia luxuosa e criados. Enquanto os nativos mais pobres viviam na miséria e cada dia mais oprimidos.
O papel do grande líder
Gandhi precisou se isolar de sua terra natal para perceber quão precariamente estavam vivendo seus conterrâneos. Após morar em Londres e na África do Sul, país também sob domínio britânico no qual passou mais de 20 anos da sua vida, Mahatma voltou à Índia disposto a lutar contra as imposições dos ingleses e pela soberania indiana. Iniciada sua trajetória contra a desigualdade social no país africano, onde conviveu com atitudes claras de preconceito racial, Gandhi escolheu o caminho da não-violência.
Mahatma Gandhi pregava a resistência pacífica e a superioridade moral do seu povo em relação aos britânicos. O objetivo era vencer pela persistência, sem derramar uma gota de sangue ou pegar em armas.
A revolução provocada por Gandhi, que culminou na independência da Índia, o coloca ao lado de outros líderes religiosos, como Buda e Jesus Cristo. Além disso, suas ideias têm sido exemplo para pacifistas em diversas partes do mundo, como o Dalai Lama Tenzin Gyatso, que em 1989 recebeu o Nobel da Paz, ocasião em que foi lembrada a trajetória de Mahatma Gandhi.
Após mais de 60 anos de sua morte, sua luta e iniciativa ainda são muito influentes na Índia. Em 2007, a ONU instituiu o Dia Internacional da Não-Violência, no dia 4 de outubro, para marcar a data do nascimento de Mahatma Gandhi.
Em uma de suas falas, Gandhi disse: “A minha missão não está simplesmente na libertação da Índia, embora ela absorva, em prática, toda minha vida e todo o meu tempo. Por meio da libertação da Índia espero atuar e desenvolver a missão da fraternidade dos homens.”.
A luta pela paz e soberania
“Você deve ser a própria mudança que deseja ver no mundo”. Um hindu de origem indiana, de baixa estatura e pesando cerca de 45 quilos, mas que irradiava uma incrível saúde física, mental e espiritual. Assim era Mahatma Gandhi, que proferiu essas palavras e muitas outras que levaram a Índia a viver uma verdadeira revolução.
Com humildade e disciplina, conduziu seu país à independência, enfrentando o Império Britânico com homens desarmados e fiéis ao líder e à nação. Mesmo passando anos atrás das grades, Gandhi não poupou esforços para evitar que o país fosse dividido por questões religiosas, embora não tenha conseguido. Seus princípios da não-violência e de desobediência civil como forma de protesto contra a opressão são exemplos de luta até hoje, influenciando outros líderes pacifistas, como Martin Luther King, ganhador do prêmio Nobel da Paz, que enfrentou a segregação racial dos negros nos Estados Unidos.
Gandhi cravou seu lugar na História como modelo de pacifismo e líder espiritual, sendo aclamado pelos mais distintos povos em todo o mundo. Albert Einstein chegou a declarar que “é bem provável que as gerações futuras quase não acreditem que alguém como Gandhi tenha vivido em carne e osso na Terra”.
As crenças de Gandhi
A riqueza cultural da Índia se reflete também na religião. Oficialmente, o país tem seis religiões, sendo o hinduísmo e o islamismo as principais. Na época em que Gandhi viveu, a atuação dessas duas crenças era grande, colaborado, inclusive, para a criação do Paquistão, país predominantemente islâmico. Mahatma Gandhi era hindu, e por isso seguia doutrinas dessa crença, como o vegetarianismo e a prática de meditação. No entanto, estudava e convivia com outros credos, como o cristianismo.
O dia da morte de Gandhi
No dia 30 de janeiro de 1948, Mahtama estava hospedado na casa de um indiano, onde Gandhi fazia sua 18ª greve de fome em forma de protesto. Centenas de pessoas se aglomeravam nos jardins à sua espera. Gandhi aproximou-se da multidão e ergueu as mãos em saudação. De repente, três tiros são disparados em Gandhi à queima roupa. “Hey Rama”, foram as últimas palavras do líder, fazendo seu tributo a Deus.
O responsável pelo atentado foi Nathuram Vinayak Godse, ativista hindu que pretendia protestar contra a divisão do país.
Dias depois, realizou-se o funeral de Gandhi, às margens do sagrado rio Jumna. Um milhão de pessoas participaram do cortejo pelas ruas e avenidas de Nova Déli, a capital da Índia independente. Seu corpo foi cremado em uma pira, e as cinzas foram espalhadas nas águas sagradas da Índia e no mar.
A trajetória de Gandhi
1869 – Em 4 de outubro, nasce Mohandas Karamchand Gandhi, em Porbandar, na Índia.
1882 – Casa-se aos 13 anos.
1888 – Gandhi vai para Londres, na Inglaterra, estudar Direito.
1893 – Vai para a África do Sul a trabalho.
1896 – Guerra dos bôeres: Gandhi organiza o Corpo Indiano de Assistência Voluntária em apoio aos ingleses.
1908 – Dá início à primeira campanha de satyagraha. É preso consecutivamente.
1915 – Gandhi volta à Índia, difunde seu movimento e funda um ashram em Ahmedabad.
1919 – Em fevereiro Gandhi propõe greve geral.
9 de abril. Gandhi é preso. A cidade de Amritsar entra em agitação.
13 de abril. Massacre de Amritsar deixa 379 mortos. Atos de Gandhi desencadeiam protestos.
1922 – 10 de março. Gandhi é preso e condenado a seis anos.
1924 – Gandhi é libertado em janeiro.
1930 – 11 de março. Gandhi inicia a Marcha do Sal.
1931 – Gandhi viaja para participar da Segunda Conferência Imperial, em Londres.
1932 – 13 de setembro. Gandhi inicia jejum em protesto contra a segregação dos intocáveis no regime eleitoral e tem apoio da população.
1940 – Muçulmanos exigem a criação do Paquistão. Cresce a desobediência civil.
1942 – Lidera a campanha “Quit India” e é preso, novamente.
1947 – 15 de agosto. Criação do Paquistão e independência da Índia.
1948 – 30 de janeiro. Gandhi é assassinado.