ROTANEWS176 E POR OVNOHJE 31/10/2021 10:20
O futuro poderá ver os dados humanos do mundo entregues através do poder crescente e alcance da inteligência artificial, nas mãos de poucos poderosos – uma receita para um amanhã distópico povoado por “humanos hackeados“, diz Yuval Noah Harari.
Reprodução/Foto-RN176 Você vai entregar a chave do seu “eu” para os outros? Crédito da imagem: depositphotos
O autor de renome mundial diz ao apresentador do programa 60 Minutes, Anderson Cooper, que as nações devem começar a cooperar para evitar isso, regulamentando a inteligência artificial e a coleta de dados em todas as nações. A entrevista com Harari será transmitida no dia 31 de outubro, às 19h. ET/PT na CBS (EUA).
Harari diz que os países e empresas que controlam a maioria dos dados controlarão o mundo.
“O mundo está cada vez mais dividido em esferas de coleta de dados. Na Guerra Fria, você tinha a Cortina de Ferro. Agora temos a Cortina de Silício, em que o mundo está cada vez mais dividido entre os EUA e a China.
Seus dados vão para a Califórnia ou vão para Shenzhen, Xangai e Pequim?”
Harari, professor de história da Universidade Hebraica de Jerusalém, publicou seu primeiro livro, ‘Sapiens‘, em 2014; foi um best-seller global. Desde então, publicou mais dois livros com temas futuristas, ‘Homo Deus‘ e ’21 Lições para o Século XXI’ (em tradução livre). Os três livros juntos venderam 35 milhões de cópias em 65 idiomas.
Ele tem alertado as pessoas sobre um futuro não muito distante de mudanças incríveis, dizendo que a inteligência artificial em funcionamento hoje por meio de algoritmos apenas fortalecerá seu controle sobre os humanos.
Harari diz:
“A Netflix nos diz o que assistir e a Amazon nos diz o que comprar. Eventualmente, em 10, 20 ou 30 anos, esses algoritmos também podem dizer o que estudar na faculdade e onde trabalhar, com quem se casar e até em quem votar.”
E ele aponta, a pandemia abriu a porta para uma coleta ainda mais intrusiva de nossos dados.
Ele alertou:
“São dados sobre o que está acontecendo dentro do meu corpo. O que vimos até agora, são corporações e governos coletando dados sobre para onde vamos, quem encontramos, que filmes assistimos. A próxima fase é a vigilância sob nossa pele.”
Harari disse a Cooper o que acha que precisa ser feito:
“Certamente, agora estamos no ponto em que precisamos de cooperação global. Você não pode regular o poder explosivo da inteligência artificial em nível nacional.
Uma regra importante é que, se você conseguir meus dados, eles devem ser usados para me ajudar e não para me manipular. Outra regra importante é que sempre que você aumentar a vigilância de indivíduos, deverá simultaneamente aumentar a vigilância da empresa, dos governos e das pessoas no topo. E o terceiro princípio é que – nunca permita que todos os dados sejam concentrados em um só lugar. Essa é a receita para uma ditadura.”
Harari diz que os humanos correm o risco de serem ‘hackeados‘ se a inteligência artificial não se tornar mais bem regulamentada.
Ele diz:
“Hackear um ser humano é conhecer aquela pessoa melhor do que ela mesma. E, com base nisso, manipulá-lo cada vez mais.”
Há uma vantagem no surgimento da inteligência artificial também, diz Harari, mas apenas se for acompanhada por regulamentação.
Harari diz:
“A coisa toda é que não é apenas algo distópico. Também é utópico. Quer dizer, esse tipo de dados também pode nos permitir criar o melhor sistema de saúde da história. A questão é o que mais está sendo feito com esses dados? E quem os supervisiona? Quem os regulamenta?”