ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 04/11/2021 07:40
ESPECIAL/REDAÇÃO
O dia 18 de novembro de 1930 marca o início da trajetória da Soka Gakkai, que se tornou uma caudalosa correnteza de criação de pessoas valorosas que se empenham pelo bem de toda a humanidade com base na unicidade de mestre e discípulo
O início
Em 1903, aos 32 anos, Tsunesaburo Makiguchi publicou, pouco antes da Guerra Russo-Japonesa, a obra Jinsei Chirigaku [Geografia da Vida Humana]. A mentalidade da sociedade japonesa da época pode ser simbolizada pela atitude de sete famosos acadêmicos do Japão, da Universidade Imperial de Tóquio, que fizeram uma petição ao governo para que endurecesse sua postura com a Rússia, inflamando ainda mais a população à guerra. Já Makiguchi, professor desconhecido, enfocava a comunidade local, mas com a consciência de cidadania global. Aos 42 anos, Makiguchi foi nomeado diretor de uma escola de ensino fundamental em Tóquio, e durante os vinte anos seguintes desenvolveu os trabalhos de algumas das mais notáveis escolas públicas de Tóquio.
Reprodução/Foto-RN176 SentadoTsunessaburo Makiguti Educador Pedagogista e Criador da Teoria Pedagógica em “Teoria da Criação de Valor”, Mestre e o Pioneiro e Fundador da Soka Gakkai e o seu discipulo Josei Toda, o Educador e Pacifista e o Segundo Presidente da Soka Gakkai – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Uma das maiores influências do pensamento de Makiguchi foi o filósofo americano John Dewey, em cuja ideologia ele se baseou para criar uma mudança no sistema educacional japonês. Franco defensor da reforma educacional, Makiguchi se encontrava sob constante vigilância e pressão das autoridades.
Em 1928, aos 57 anos, Makiguchi conheceu o budismo e sentiu que havia encontrado nessa filosofia os meios pelos quais poderia concretizar os ideais que buscara durante toda a vida — um movimento pela reforma social por meio da educação.
Em 18 de novembro de 1930, Tsunesaburo Makiguchi e seu discípulo, o também professor Josei Toda, publicaram o primeiro volume do livro Soka Kyoikugaku Taikei [Sistema Pedagógico de Criação de Valor]. Eles decidiram chamar a editora de Soka Kyoiku Gakkai [Sociedade Educacional de Criação de Valor], que se tornou a instituição precursora da Soka Gakkai [Sociedade de Criação de Valor], e formaram um grupo para empreender atividades educacionais e religiosas.
Makiguchi pretendia publicar doze volumes da obra. O primeiro foi lançado em 1930; o segundo em 1931; o terceiro em 1932; e o quarto em 1934. Os oito volumes seguintes jamais foram publicados. Dez anos se passaram desde o lançamento do quarto volume até o falecimento de Makiguchi na prisão, em 1944. O ponto de vista do educador passou por uma grande mudança nesse período por ter se convertido ao Budismo de Nichiren Daishonin. Seu interesse por essa filosofia era tão grande que começou a se dedicar totalmente às atividades da Soka Gakkai. Nela, ele via a possibilidade de propagar seus ideais humanísticos em prol da educação.
Criação de valor
Em 1935, o estatuto da Sociedade Educacional de Criação de Valor ficou pronto. O artigo 1o estabelecia seu nome e o artigo 2o estipulava que seus objetivos estavam voltados para as pesquisas relacionadas à “criação de valor”, ao desenvolvimento de professores altamente capacitados e à reforma do sistema educacional do país.
Então, em julho de 1936, o primeiro dos seminários foi promovido pelo grupo e, em 1937, Tsunesaburo Makiguchi, Josei Toda e mais de cinquenta pessoas realizaram uma cerimônia no Auditório Meikei de Tóquio, marcando novo começo para a organização, instituindo assim oficialmente a Soka Kyoiku Gakkai. Iniciou-se também um grande movimento de propagação do Budismo Nichiren com a realização de reuniões de palestra, que logo se tornaram uma atividade tradicional da organização.
Em 1940, foi promovido um segundo encontro. A organização havia atingido o número de quinhentas famílias, sendo necessária uma revisão em seus estatutos. Tsunesaburo Makiguchi foi nomeado presidente, e Josei Toda, diretor-geral. Nessa época, eclodiu a Segunda Guerra Mundial com a invasão da Polônia pelos nazistas. As tropas do Japão também avançavam, invadindo a China e a Coreia.
Makiguchi criticou abertamente a política dos governantes japoneses de unificar todos os ensinamentos ao xintoísmo, religião oficial do governo.
Como consequência, em junho de 1943, os líderes da Soka Gakkai foram convocados pelos clérigos a prestar esclarecimentos. Nessa ocasião, o clero sugeriu que os membros da organização acatassem a decisão do governo e abraçassem “provisoriamente” o talismã xintoísta. Makiguchi ficou indignado com essa proposta que feria totalmente o espírito do Budismo de Nichiren Daishonin. Em vista disso, todas as atividades da Soka Gakkai passaram a ser vigiadas pela Polícia Especial de Segurança.
Tsunesaburo Makiguchi não se intimidou e isso resultou na prisão dele, de Josei Toda e de vários líderes da organização, acusados de violar a Lei da Preservação da Paz e de desrespeitar os santuários xintoístas. Devido à pressão, somente Makiguchi e Josei Toda se mantiveram firmes e irredutíveis. Makiguchi foi enviado para a prisão de Sugamo e submetido a interrogatórios, sendo privado de todos os direitos, até de escolher o próprio advogado, sofrendo diversos tipos de dificuldades. Debilitado pela desnutrição, no dia 17 de novembro de 1944, ele pediu aos carcereiros que o transferissem para o ambulatório da prisão, onde logo entrou em coma e faleceu por volta das 6 horas da manhã do dia 18 de novembro de 1944, aos 73 anos.
Novo passo para a Soka Gakkai
Após ser libertado da prisão, em 3 de julho de 1945, Josei Toda deu continuidade aos ideais de Tsunesaburo Makiguchi, reformulando e construindo a base da organização, que passou a se chamar Soka Gakkai. Ele assumiu sua presidência em 3 de maio de 1951 e se engajou em amplo movimento de expansão do Budismo Nichiren no Japão, convertendo 750 mil famílias antes de falecer em 2 de abril de 1958.
Com o falecimento de Josei Toda, alguns duvidavam de que a Soka Gakkai sobrevivesse, mas a determinação e o empenho de seu discípulo, Daisaku Ikeda, fizeram com que as dúvidas se dissipassem do coração dos companheiros, devolvendo-lhes esperança e dando novo impulso à organização.
Em 3 de maio de 1960, Daisaku Ikeda assume a terceira presidência da Soka Gakkai. A data simboliza a unicidade de mestre e discípulo e o espírito primordial do Budismo Nichiren. Decidido a impulsionar o kosen-rufu mundial, no mesmo ano ele parte rumo ao exterior para estruturar a organização e estreitar os laços de amizade entre os povos — missão que vem sendo cumprida até hoje —, levando a filosofia budista para 192 países e territórios.
Em um discurso, Ikeda sensei diz:
Era 18 de novembro de 1930, uma terça-feira. Tsunesaburo Makiguchi, aos 59 anos, com o apoio de seu discípulo Josei Toda, na época, com 30 anos, publicou Soka Kyoikugaku Taikei. A criação da Soka Gakkai foi uma corajosa declaração pela eterna transmissão da Lei, revitalizando o fluxo do ensinamento correto e das doutrinas do Budismo de Nichiren Daishonin numa época em que estes se dispersaram. A unicidade de mestre e discípulo é eterna. O caminho da revolução humana ensinado pela Soka Gakkai possibilitou às pessoas, uma após a outra, despertar e fincar vigorosamente raízes no lamaçal da sociedade como altivos budas. Essas pessoas incorporam a Lei Mística, fazendo com que a nobreza da vida desabroche com toda a magnificência.1
Neste momento em que comemoramos os 91 anos de fundação da Soka Gakkai, é hora de reconfirmarmos nossa determinação de corresponder aos ideais de Ikeda sensei e construirmos uma vida vitoriosa, contribuindo para a sociedade como pessoas valorosas, rumo ao centenário da organização em 2030.
Nota:
- Terceira Civilização, ed. 507, nov. 2010, p. 5.
Fontes:
Brasil Seikyo, ed. 2.346, 5 nov. 2016, p. A3.
Idem, ed. 1.793, 30 abr. 2005, p. A7.
Idem, ed. 1.770, 6 nov. 2004, p. A6.
Terceira Civilização, ed. 393, maio 2001, p. 2.
Vamos escalar juntos o Monte Everest do kosen-rufu
Neste discurso, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, comenta sobre o centenário da Soka Gakkai, a ser comemorado em 2030
Dr. Daisaku Ikeda
Na Reunião Nacional de Líderes [realizada em 25 de abril de 2001], sugeri que lançássemos nosso próximo grande objetivo para o ano 2030 — centenário de fundação da Soka Gakkai.
O pico do kosen-rufu é elevado. A Soka Gakkai chegou enfim à metade do caminho em sua escalada do Monte Everest do kosen-rufu. E sou profundamente grato pelo fato de ter chegado até aqui junto com todos vocês.
Vamos desfrutar uma longa existência e seguir para o topo dessa montanha com alegria, esperança e forte comprometimento, com o objetivo de concluir as bases do kosen-rufu. Apesar de alguns terem falecido no curso dessa jornada, eles atingirão o estado de buda e renascerão rapidamente. E como a vida e a morte são inseparáveis, eles continuarão a lutar pelo kosen-rufu como nossos eternos companheiros da fé.
A primeira difícil escarpa do século 21 está bem diante de nós. As pessoas que conseguirem subir essa escarpa, e vencerem esse desafio, serão vitoriosas em todas as batalhas. Os próximos anos serão muito importantes. Agora estou criando com seriedade o impulso para a vitória total da Soka Gakkai. Vamos deixar registrada uma história magnífica!
Gostaria que os jovens, com a força e a paixão inatas, adornassem essa ocasião conquistando uma admirável vitória pela causa do bem.
Não há felicidade maior que participar de uma significativa batalha. Essa é também uma maneira rápida de transformar o carma. Dos grandes desafios surgem os grandes benefícios. Toda sensei sempre dizia: “Gostaria que enfrentássemos perseguições maiores!”; “Será que não há alguma batalha maior para empreendermos?”. Makiguchi sensei possuía o mesmo espírito. E eu também.
A Lei budista é impressionante e insondável. Quanto maiores os esforços que empreendermos pelo kosen-rufu, maiores a força e a energia que surgem em nós. Nossa vida ficará transbordante de ricos benefícios.
Somente com esses incansáveis esforços construiremos uma base sólida e duradoura capaz de direcionar não apenas o Japão, mas também a humanidade. (…) Os que possuem um grandioso poder não são aqueles que detêm uma posição de autoridade, tampouco as pessoas famosas na sociedade. [O escritor francês] Victor Hugo (1802–1885) sempre conclamava aos seus concidadãos insistindo que não se considerassem pessoas sem importância. Ele os incentivava a demonstrar para os adversários a força colossal das pessoas despertas. (…)
Fonte:
Trechos do discurso proferido pelo presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, na 6ª Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai, realizada no dia 21 de maio de 2001 no Auditório Memorial Toda de Sugamo, em Tóquio, em conjunto com a 2ª Convenção Nacional da Divisão Feminina e com a reunião geral das regiões de Kyushu, Chugoku e Okinawa; e publicado no Brasil Seikyo, ed. 2.149, 29 set. 2012, p. B2.