Benefício inestimável

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  13/11/2021 09:50

RELATO

A fórmula do sucesso é jamais desistir

Reprodução/Foto-RN176 Alberto Aragão, Membro do Bloco Vale do Paraíso, Comunidade Teresópolis  – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Sou carioca, morador de Teresópolis, RJ, filho de nordestinos, casado com a Carol, pai do pequeno Nicolas e do peludo Bolt. Pratico o Budismo de Nichiren Daishonin há 21 anos. Meu pai nunca frequentou escola, era pescador no interior do Ceará, responsável pelo sustento da família desde criança. Mudou-se para o Rio de Janeiro aos 17 anos. Minha mãe, também cearense, foi ainda criança com os pais para o Rio de Janeiro. Todos em busca de melhores condições de vida. Meus pais se conheceram na Rocinha, bairro da cidade, onde moravam e tiveram três filhos.

Em 2000, aos 15 anos, tive meu primeiro contato com a BSGI, numa reunião de palestra. Saí daquele encontro decidido a experimentar aquela oração diferente que aprendi e a verificar se traria algum benefício para minha vida. Meus pais foram contra e fui proibido de orar em casa. Com a prática budista, alcancei harmonia familiar e hoje minha mãe tem o próprio Gohonzon.

Viver a juventude na órbita da Gakkai foi uma grande boa sorte. Todos os desafios que enfrentei e as vitórias que obtive na vida são consequência da recitação do Nam-myoho-renge-kyo. Ainda aos 15 anos, com o objetivo de comprar meu oratório, conquistei o primeiro emprego temporário em uma livraria durante as férias escolares, e assim pude receber meu Gohonzon. Em 2003, consegui um emprego como professor de informática e iniciei a graduação em ciências da computação. Percebi que aquele trabalho não atendia aos critérios do “belo, bem e benefício”, conceito formulado pelo educador Tsunesaburo Makiguchi, fundador da Soka Gakkai, pois a remuneração era muito baixa e não existia expectativa de crescimento profissional.

Queria fazer um curso numa empresa renomada almejando um emprego melhor, porém não tinha dinheiro para pagar. Eu me candidatei a uma vaga de estágio nessa mesma empresa e, estudando sozinho, fui aprovado no processo seletivo. Pedi demissão do curso e me tornei estagiário, recebendo menos da metade do salário. Esforcei-me ao máximo e, em seis meses, fui contratado, passando a ganhar mais que no trabalho anterior.

Depois dessa experiência, tive oportunidades incríveis em grandes empresas até que, em 2008, surgiu a chance de participar de um processo seletivo para trabalhar, do Brasil, num projeto americano. Não falava praticamente nada de inglês e precisaria passar por uma entrevista. Lembrei-me do poema escrito pelo meu mestre, Daisaku Ikeda, para o Sokahan, grupo de treinamento do qual participei por treze anos, que diz: “Impossível é uma palavra / que foi banida da face da terra”. Durante duas semanas, fiz aulas particulares de inglês e me preparei para a entrevista na qual fui aprovado. Naquela empresa tive muitas oportunidades, inclusive de viajar a trabalho para a Inglaterra e os Estados Unidos. Apesar das condições oferecidas, ainda não me sentia realizado.

Em 2012, pedi demissão e abri minha empresa, com a certeza do sucesso e com um belíssimo escritório numa área nobre do Rio de Janeiro. Meses se passaram sem nenhum cliente. Contas pessoais e da empresa se acumulavam. Tentei de tudo, mas nada dava certo. Não via alternativa a não ser desistir e buscar um emprego. Li uma orientação de Ikeda sensei que diz: “Uma vez que decidiram sobre um trabalho, espero que não sejam o tipo de pessoa que desiste facilmente e que sempre está insegura e reclamando”.¹ Desafiei-me na recitação de daimoku em busca do impossível e um diretor da firma americana para a qual eu havia trabalhado me ligou e contratou os serviços da minha empresa. A partir daquele momento, entramos em franco desenvolvimento.

Em 2019, perdemos um importante cliente e as finanças se complicaram. Nova virada com o convite de um antigo chefe para trabalhar na multinacional em que ele estava. Ao compartilhar a proposta com minha esposa, ela me disse que pela nossa família eu deveria aceitar e não perder aquela oportunidade. Porém, aceitá-la implicou várias questões. Como exerço uma paternidade ativa, as viagens nos atrapalhariam. Li uma orientação do Mestre em que ele afirma: “Quero que cada um de vocês tenha sucesso em seu respectivo campo. Ser bem-sucedido é não fazer pela metade, é seguir o caminho escolhido até o fim”.² Orei firme daimoku e, com a decisão de ser bem-sucedido no caminho que escolhi, comprei a parte de um dos meus sócios. Com uma participação maior, pude continuar com o negócio. Mesmo com a empresa sediada no Rio de Janeiro, posso morar em Teresópolis, trabalhar de casa e oferecer qualidade de vida para minha família.

Os desafios continuam e sei que ainda não estou aonde sei que vou chegar. Oro diariamente, grato por todos os benefícios, pelo apoio dos veteranos, pela minha vida e por ter saúde para batalhar pelos meus objetivos. Por gratidão a Ikeda sensei, à sua dedicação e pelas orientações. Em uma delas, ele enfatiza:

Simplesmente canalizem toda a sua energia no trabalho atual e sejam pessoas indispensáveis nesse local. Orando fervorosamente ao Gohonzon e continuando a se esforçar ao máximo, sem deixar que tarefas ou atribuições desagradáveis os intimidem, acabarão encontrando um trabalho que apreciem, proporcione segurança financeira e produza o bem para a sociedade. Esse é o benefício da fé. E isso não é tudo. Quando olharem para trás, perceberão que seu árduo esforço nesse trabalho muito longe de ser satisfatório não foi em vão, e que tudo se transformou num patrimônio valioso para vocês. Compreenderão que tudo tem um significado. Posso lhes assegurar isso por experiência própria. Nossa fé se expressa na vida e na sociedade. Esse é o poder do budismo.3

Alberto Aragão, 37 anos. Empreendedor. Membro do Bloco Vale do Paraíso, Comunidade Teresópolis.

Notas:

  1. Brasil Seikyo, ed. 2.074, 5 mar. 2011.
  2. Idem, ed. 2.331, 16 jul. 2016.
  3. Ibidem.