ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 20/11/2021 07:44
REDAÇÃO/ESPECIAL
Prezar a vida é a atitude natural dos membros da SGI
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de pessoas em circulo olhando para baixo para ilustração da matéria – Editora Brasil Seikyo – BSGI
“Myoho-renge-kyo é a natureza de buda que existe em todos os seres vivos.”1 Essa afirmação do buda Nichiren Daishonin (1222–1282) revela algo muito especial, frequentemente discutido dentro da Soka Gakkai: a dignidade da vida humana. Todos os seres humanos são essencialmente dignos, e compreender a importância da vida de cada um é essencial para o convívio harmonioso na sociedade. O Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), filósofo e humanista, sempre ressalta esse aspecto em suas reflexões. Em uma delas, exprime que “O budismo ensina o valor e a dignidade de todas as formas de vida. Por isso, proteger e prezar a vida deve constituir a filosofia fundamental dos praticantes budistas”.2
Voltando à frase de Daishonin, ele afirma que todos os seres vivos possuem o estado de buda. Na sociedade, mediante tantas situações que vivenciamos ou que tomamos conhecimento, é até comum que inicialmente sejamos levados a sentimentos como tristeza, desesperança ou mesmo a revolta. Porém, sob a luz dos ensinamentos budistas, aprendemos sobre a nobre missão de prezar a vida e, consequentemente, cada pessoa. Não podemos ignorar o fato de que agimos de acordo com a condição de vida que manifestamos e, por vezes, algumas pessoas cometem atos impensados. É nesse ponto que percebemos a importância do empreendimento chamado kosen-rufu, pelo qual cada indivíduo desperta para seu imenso potencial e compreende como é essencial empoderar também os demais acerca dessa mesma consciência. Atuar em prol desse ideal é uma das facetas de prezar a vida, na qual você não se prende somente ao seu desenvolvimento, mas se dedica a evidenciar o melhor no outro.
Prezar a si e ao outro
Colaborar para o desenvolvimento das pessoas e da sociedade é um caminho no qual existem algumas etapas. Uma delas é a do desenvolvimento individual, ou do prezar a si mesmo. Nessa “fase”, aprendemos a importância de reconhecer nossas qualidades, potencialidades e nossos tesouros internos e valorizá-los. Quase paralelamente surge o autoaprimoramento e a compreensão de pontos que precisam ser melhorados. É no convívio com outras pessoas que polimos esses aspectos da nossa vida e assim podemos transformar nosso interior de maneira profunda. É por meio do autoconhecimento que despertamos também para a importância de prezar o outro. Não é fácil chegar até aqui. E, com o estudo do budismo, aprendemos que, com a recitação do
Nam-myoho-renge-kyo, conseguimos transformar o coração. Baseando-se na frase de Nichiren Daishonin, o presidente Ikeda afirma: “Portanto, se você recitar Nam-myoho-renge-kyo, mesmo uma única vez, diz ele [Nichiren], ‘estará chamando e reunindo ao seu redor a natureza de buda de todos os seres vivos’3 e sua própria natureza de buda também será ‘ativada e evidenciada’”.4
Zelar pelo núcleo familiar
Nos últimos meses, muito se falou sobre quanto as relações familiares foram impactadas pela pandemia. Entre aspectos positivos e negativos, tivemos muitas boas notícias a respeito de como as relações foram aprimoradas nesse período. Prezar a família está relacionado com aspectos como zelar pela saúde, estreitar as relações, dialogar, saber se o outro está bem, interessar-se de verdade por aquelas pessoas. Aumentaram as oportunidades de convívio, cresceram os momentos de dizer “eu te amo”.
O presidente Ikeda declara:
Como praticantes do Budismo de Nichiren Daishonin, devemos cuidar dos nossos integrantes da família e estimá-los. É importante que realizemos nossa revolução humana e nos desenvolvamos de modo que possamos nos tornar fonte de luz transmitindo o brilho da esperança a todos. O caminho direto para a construção da harmonia familiar é cada qual se transformar num radiante sol dentro da família.5
Atenção ao bloco e à comunidade
Uma maneira de exercitar o cuidado com as pessoas, além do nosso núcleo familiar, é o empenho nas organizações de base da BSGI. O companheirismo entre os membros do bloco e da comunidade forma uma sublime relação que deve ser permeada pelo respeito e conduzida pelo humanismo. Em essência, zelar pelos nossos companheiros de organização é algo que o presidente Ikeda sugere com certa frequência, conforme ele orienta:
Vamos nos empenhar em prezar cada pessoa, e juntos dialogarmos e nos incentivarmos mutuamente desejando o desenvolvimento da nossa localidade e da sociedade conforme o desejo de Nichiren Daishonin”.6
Combater a violência
Outra questão essencial quando se pensa em prezar a vida é o combate à injustiça e à violência, sendo a violência urbana um fenômeno recorrente nos tempos atuais. Conforme as cidades evoluem comercial e demograficamente, elas atraem para si tanto o bônus como o ônus, intrínsecos ao desenvolvimento. Temos cada vez mais acesso a notícias sobre injustiças sociais, violência doméstica, física, verbal e moral. Como reagir a isso tudo?
Enquanto budistas, aprendemos a importância da oração e da ação, sem uso da violência, utilizando a sabedoria. O diálogo é fundamental em todas as esferas e em todos os momentos. Como diz o personagem Jiro Honda, da obra Jiro Monogatari, “Sem o combate à injustiça, não pode haver um mundo de amor, harmonia e criação. E, sem um mundo assim, não pode haver orgulho nem alegria na vida”.7 Nossas orações têm o poder de harmonizar qualquer situação e é por meio das nossas ações, sempre prezando pelo bem social, que elas tomam forma.
Zelar pela saúde
Dentro da ideia de “prezar a si”, podemos relacionar ações concretas (obviamente dentro da realidade de cada um), tais como desenvolver bons hábitos de higiene, ter maior cuidado com a alimentação, não descuidar da saúde mental, realizar atividades físicas etc. Cuidar da própria saúde é, também, uma maneira de prezar as pessoas com as quais convivemos. Sobre a relação entre saúde individual e desenvolvimento social, o Dr. Ikeda afirma:
Só será possível alcançar um século de verdadeira felicidade, paz e saúde quando as pessoas do mundo inteiro evidenciarem o brilho da dignidade da vida, e todos puderem desfrutar juntos uma vida longa e realizada. Essa é a razão de existir do nosso movimento budista.8
Utilizando palavras do primeiro presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi, o Dr. Ikeda fala sobre o real significado de felicidade e destaca a importância da SGI nesse contexto:
Makiguchi sensei afirmou: “O principal requisito para a felicidade é saúde. E o segredo da saúde é se manter ativo”. Essa era sua firme convicção. A SGI é um oásis espiritual. Empreender ações visando o kosen-rufu ao lado dos nossos companheiros da organização nutre nossa vida, infundindo em nosso ser a energia que eleva nossa saúde e energia vital, e constitui um manancial de felicidade.9
Cuidar do planeta
Quando nos referimos a “prezar a vida”, um dos aspectos que normalmente está vinculado é o cuidado com o meio ambiente. O princípio budista de “unicidade da vida e seu ambiente”
(esho-funi), revela a necessidade de elevar nossa condição de vida, com a recitação do daimoku, para nos relacionar positivamente com o mundo.10 Dentro dessa lógica está contida também a necessidade de zelar pelo planeta.
É muito comum encontrar registros da forma como o Dr. Daisaku Ikeda pensa as questões ambientais, e suas propostas de paz enviadas anualmente à Organização das Nações Unidas (ONU) são bons exemplos disso. A Proposta de Paz de 2016, por exemplo, traz reflexões e proposições sobre temas como altruísmo, importância do diálogo e abolição das armas nucleares como abordagens para a valorização da vida. Além disso, ele delega aos jovens o papel principal da transformação da sociedade:
Mais que tudo, é a profundidade do compromisso que vive no coração da geração mais jovem que transformará o mundo onde armas nucleares ameaçam a vida e a dignidade das pessoas num mundo onde todas as pessoas vivam em paz e manifestem plenamente a sua dignidade inerente.11
Ação conjunta
O que moverá a sociedade para o caminho de valorização da vida é a conscientização do respeito mútuo. Porém, até que se atinja a coletividade, é fundamental o aprimoramento individual. Na SGI, o ato de valorizar a vida perpassa questões que envolvem os indivíduos e também o mundo, baseando pensamentos, palavras e ações na Lei Mística de Nam-myoho-renge-kyo. Nesse sentido, valorizar a vida não é uma ação furtiva, mas uma missão, conforme orienta o Dr. Ikeda:
Nada é tão vasto e poderoso como a vida dos bodisatvas da terra que recitam Nam-myoho-renge-kyo e ensinam outras pessoas a fazer o mesmo. Nosso movimento pelo kosen-rufu é um grande empreendimento — que abrange os céus, a terra e todos os seres vivos — para revelar a natureza de buda, o poder positivo inato das pessoas que foram devastadas pelo desespero e pelos infortúnios, divididas pela desconfiança e pelo conflito.
Nossos nobres membros, enquanto desafiam a própria revolução humana e combatem corajosamente os muros do carma que os afrontam, também oram pela felicidade das pessoas e pela paz no local em que residem. Rompendo as barreiras que dividem corações e mentes, eles construíram uma rede global dedicada à realização do ideal de Daishonin de “estabelecer o ensinamento para a pacificação da terra”.12
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 135, 2020.
- IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 15, p. 284, 2019.
- Cf. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 135, 2020.
- Terceira Civilização, ed. 638, out. 2021.
- Brasil Seikyo, ed. 2.352, 31 dez. 2016.
- Idem, ed. 2.166, 2 fev. 2013.
- KOJIN, Shimomura. Jiro Monogatari. Tóquio: Kokudosha Co. Ltd., 1975. p. 374.
- Brasil Seikyo, ed. 2.356, 28 jan. 2017.
- Ibidem.
- Cf. Brasil Seikyo, ed. 2.443, 10 nov. 2018.
- Terceira Civilização, ed. 573, maio 2016.
- Idem, ed. 638, out. 2021.
Prezar a vida diariamente
Muito do que fazemos em nosso dia a dia configura “prezar a vida” tanto individual como coletivamente. Listamos aqui alguns pontos:
Atenção com a alimentação
Nos últimos meses, Brasil Seikyo trouxe em suas páginas algumas dicas da nutricionista Ana Paula Cony alertando para os cuidados com a alimentação e seus reflexos na saúde como um todo. Cuidar da saúde física é uma forma de prezar a vida. Abaixo, segue a lista dos textos e em qual edição de Brasil Seikyo encontrá-los:
2.546 – Voltando pro Eixo – alimentação após as festas de fim de ano.
2.551 – Comida de Verdade – alimentação em tempos de pandemia.
2.560 – Micro-organismos do Bem – cuidados com o intestino.
2.571 – O Melhor Combustível – relação entre cérebro e cuidados com o intestino.
2.576 – Pele Bem Cuidada – Relação entre a derme e a alimentação.
2.580 – Leve como uma Pluma – cuidados com a alimentação para ter um bom sono.
Mente sã: a minha e a do próximo
Colunista sobre psicologia no Brasil Seikyo? Essa novidade, assim como a nutricionista, foi um dos diferenciais do jornal neste ano. Rosa Carbone, psicoterapeuta, especialista em terapia cognitiva comportamental, vem colaborando com o periódico por meio de textos que nos faz perceber a importância de cuidar da nossa mente e de como apoiar aquelas pessoas mais próximas que atravessam alguma dificuldade de cunho psicológico. Junto com a prática budista, buscar cuidados com especialistas da saúde mental ou física constitui passos importantes para o desenvolvimento não só de si mesmo, mas também de núcleos ao redor, como família e amigos. Revisite aqui os textos de Rosa Carbone para BS:
2.548 / 2.549 – Cuidado em Dobro – cuidados com a mente em épocas de isolamento social.
2.559 – Solte o Verbo – somatização.
2.567 – Donos da Própria Mente – TEPT: transtornos de estresse pós-traumático.
2.576 – Mergulho em Si – diferença entre psicoterapia, psicanálise e terapia.
Educação
Dedicar-se a estudar é fator fundamental para o desenvolvimento individual e, consequentemente, para se abrir ao mundo, o que impulsiona o pensamento de prezar a vida. Educar-se, assim como colaborar na educação de outras pessoas, também é prezar a vida. Em uma mensagem enviada em 2004, para a Coordenadoria Educacional da BSGI, o Mestre enfatiza:
A educação é o grande caminho que assegura a herança do humanismo do passado para o futuro. Espero que atuem como altivos pioneiros da educação humanística e avancem imponentemente pela estrada da unidade budismo-educação. Vamos construir prazerosamente o “século da educação” e o “século da Coordenadoria Educacional do Brasil”.1
Leitura e estudo
Assim como a educação, a leitura tem um grandioso poder: o de abrir a mente das pessoas. Ferramenta essencial para o desenvolvimento humano, por ser uma das formas de adquirir conhecimento e autonomia de pensamento, a leitura também é um fator considerável para o ato de prezar a vida. Fazer uma leitura mais crítica de obras literárias para refletir de forma mais abrangente é importante. Ikeda sensei frequentemente indica a leitura de obras clássicas ou cita destacados autores da sociedade contemporânea. Para os que não gostam muito de ler, uma dica valiosa é a experimentação. Ler um pouco dos clássicos, ou de ficção, ou de biografias etc. até descobrir o gosto pela leitura. Os audiolivros também são alternativas que podem ajudar bastante.
Zelar pelo ambiente
Ações concretas visando ao desenvolvimento global são um dos pontos fortes da BSGI. Por exemplo, a Divisão dos Jovens (DJ) está engajada em popularizar as ações da agenda 2030, tendo como base os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) adotados pela Organização das Nações Unidas (ONU), assim como desenvolver ações que colaborem para o seu estabelecimento. Outro exemplo é o do Instituto Soka Amazônia (ISA) que, por diversas frentes, atua incessantemente com ações de replantio, estudos sobre as águas e eventos de conscientização que abrangem um público cada vez maior. Sobre essa amplitude e também sobre as ações de plantio, o ISA lançou, recentemente, em parceria com instituições, o aplicativo Tree Earth, que ajuda no acompanhamento do desenvolvimento de mudas que foram plantadas com apoio da instituição.
Nota: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.735, 14 fev. 2004.