Rede da solidariedade Soka

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  18/12/2021 10:09

CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustraçao da Editora Brasil Seikyo – BSGI

PARTE 9

Pelo fato de Genji Samejima ser vice-presidente da Soka Gakkai, o ataque foi direcionado ao presidente Shin’ichi Yamamoto. Os clérigos alardeavam: “Como está claro nas declarações de Samejima, a Soka Gakkai e o presidente Yamamoto não se arrependeram de nada”; “Não tinham nenhum sentimento sincero de proteger o clero!”.

Com isso, os esforços acumulados pela Soka Gakkai no árduo empenho e na sincera dedicação para a solução do problema foram todos em vão.

Shin’ichi ocupava a posição de coordenador-geral da Associação Hokkeko de Adeptos Leigos da Nichiren Shoshu. Porém, no clero já surgiam vozes que recomendavam a renúncia dele dessa função. Havia também sacerdotes que lhe enviavam cartas de protesto.

Além disso, no final de março, a Associação Hokkeko realizou uma reunião extraordinária da diretoria, na qual decidiram sugerir a renúncia de Shin’ichi do posto de coordenador-geral, submetendo-lhe uma “carta de recomendação”.

Aqueles que se afastaram da Soka Gakkai e se tornaram adeptos diretos do templo passaram a fazer um grande estardalhaço dizendo: “O presidente Yamamoto deve assumir a responsabilidade e renunciar”.

As flores de cerejeira em esplendor balançavam com as brisas primaveris.

O dia 2 de abril era a data de falecimento do segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda. Nesse dia, em que se completavam 21 anos de sua morte, foram realizadas reuniões de gongyo em sua memória na sede da Soka Gakkai e nas sedes centrais das províncias e regiões metropolitanas.

Shin’ichi Yamamoto conduziu o gongyo em memória do presiden­te Josei Toda no prédio anexo da sede da Soka Gakkai em Shinanomachi, Tóquio, junto com o diretor-geral Kiyoshi Jujo, o vice-presiden­te Eisuke Akizuki e pes­soas próximas de Josei Toda. Foi uma cerimônia em memória do venerado mestre que se realizou em meio a um clima turbulento.

Porém, no coração de Shin’ichi, que veio concretizando todos os planos de Josei Toda, um céu azul e límpido se estendia. Não havia uma única nuvem que desabonasse seu passado e suas ações como discípulo. O verdadeiro discípulo é aquele que consegue manter sempre um encontro radiante frente a frente com o mestre que está em seu coração.

Do ciclo de “Sete Sinos” estabelecido pelo venerado mestre, o “sétimo sino” estava enfim prestes a concluir seu badalar. A grande correnteza do kosen-rufu começava a desaguar no majestoso oceano do mundo. Com a construção do sólido alicerce da Soka Gakkai que alçava voo rumo ao século 21, iniciava-se agora uma nova etapa.

Shin’ichi Yamamoto dizia fortemente para si mesmo que era necessário estar preparado para o fato de que, quanto maior o avanço do kosen-rufu, mais intensas se tornariam as manobras da maldade.

PARTE 10

Durante a recitação do daimoku em memória de Josei Toda, o venerado mestre fitando-o surgiu nitidamente ao cerrar levemente os olhos.

Em seus ouvidos ecoava a voz do seu mestre: “Shin’ichi, conto com você! O kosen-rufu do mundo. Não tenha medo! Avance imponentemente pelo grande caminho da missão!”.

A coragem fluiu em seu coração. Sentiu a força efervescer por todo o seu corpo ao refletir: “Eu sou discípulo de Toda sensei! Sou o filho do rei leão que se levanta só em prol do kosen-rufu! Aconteça o que acontecer, transmitirei corretamente o Budismo de Daishonin e o espírito da Soka Gakkai! Lutarei para proteger os membros que são os nobres filhos do Buda!”.

Ao retornar para sua casa após concluir o gongyo em memória de Josei Toda, ele ponderou a respeito da problemática com o clero.

A Soka Gakkai protegeu ao máximo o clero da Nichiren Shoshu, proporcionando-lhe uma grande prosperidade. E visando o kosen-rufu, a Soka Gakkai veio destinando grandiosos esforços para desenvolver o budismo amplamente na sociedade. No entanto, aproveitando-se, por exemplo, de palavras colocadas em determinados contextos em meio a essa luta, os clérigos desdenham e continuam a atacar os membros dizendo que estão distorcendo a doutrina e que são heréticos. Nesse aspecto do clero, não havia a mínima compaixão.

Nossos companheiros vieram suportando pacientemente contendo as lágrimas de ira e de indignação a essa tirania e opressão. Ao pensar nisso, Shin’ichi não conseguia se conter.

A Soka Gakkai envidou todos os esforços para resolver a situação, buscando a harmonia entre clérigos e adeptos, e para proteger os membros. Também aceitou diversas alegações do clero referentes à conduta da Soka Gakkai. Mesmo assim, continuaram a repetir insistentemente os ataques contra a organização.

No clero da Nichiren Shoshu estava fortemente enraizado o pensamento de superioridade dos sacerdotes sobre os adeptos leigos oriundo da tradição histórica do antigo sistema de paróquias adotado por templos budistas no Japão.

Mas esse pensamento se opõe ao espírito de Daishonin, fundador do budismo.

Nos escritos de Nichiren Dai­shonin consta: “Todos os discípulos e seguidores leigos de Nichiren devem recitar Nam-myoho-renge-kyo com o espírito de diferentes em corpo, unos em mente, transcendendo todas as diferenças que possam haver entre si”.1 Assim, o ensinamento de Daishonin afirma que tanto os sacerdotes como os adeptos leigos são, originalmente, todos iguais.

O Budismo de Nichiren Daishonin prega o princípio da igualdade de todas as pessoas que rompe as paredes da discriminação entre os indivíduos.

PARTE 11

Nichiren Daishonin revelou que todos são igualmente dotados da vida do Buda, mostrando o caminho da consecução do estado de buda para as pessoas. Ou seja, ele indicou o caminho para alcançar a condição de felicidade absoluta. Assim, revelou o ensinamento capaz de fundamentar a “dignidade da vida” e a “igualdade entre pessoas”. Por isso, o budismo se torna o princípio fundamental e universal a alicerçar a construção da paz da humanidade.

Shin’ichi Yamamoto sentia a terrível natureza perversa e maligna oculta na concepção dos clérigos de dominar os adeptos.

Durante a Segunda Guerra Mundial, quando avançava o controle ideológico no Japão que levou à aceitação do talismã xintoísta pelo clero da Nichiren Shoshu, o primeiro e o segundo presidentes da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, mantiveram o ensinamento correto e a doutrina verdadeira. Então, foram presos devido à opressão do governo militar japonês e, no final, Makiguchi faleceu na prisão. Foi sobre essa Soka Gakkai que os clérigos impuseram sucessivas sanções, de forma covarde e mesquinha, por exemplo, proibindo a peregrinação de seus membros ao templo principal.

Mesmo assim, no pós-guerra, a Soka Gakkai veio protegendo o clero e se dedicando sinceramente à Nichiren Shoshu, sempre desejando a concretização do kosen-rufu.

Os clérigos que se autodenominam discípulos atuais de Nichiren Daishonin perseguem a Soka Gakkai, que veio se empenhando na prática da propagação abnegada da Lei, exatamente em conformidade com o testamento do fundador do budismo. Tal situação inimaginável e absurda vinha acontecendo seguidamente desde a época da Soka Kyoiku Gakkai [precursora da Soka Gakkai].

Porém, aos olhos do budismo, tudo se torna claro. Daishonin se refere àquele que promoveria a destruição do budismo: “O ensinamento correto d’Aquele que Assim Chega não pode ser destruído por não budistas nem por inimigos do budismo; mas os discípulos do Buda, com certeza, podem destruí-lo. Conforme afirma um sutra, o leão só pode ser devorado pelos vermes que se criam dentro dele”.2

Ele diz que não são os não budistas nem as pessoas más que caluniam o budismo, mas os discípulos do Buda que realizam o trabalho de destruí-lo. Isso porque, conforme consta no sutra — “demônios malignos se apossarão das pessoas”3 —, o rei demônio do sexto céu entra no corpo dos clérigos e cria a desordem nas pessoas. Aqueles que têm o aspecto de clérigos pisoteiam o espírito de Daishonin e obstruem o kosen-rufu. A Soka Gakkai sofreu por causa da opressão irracional dos clérigos também na época de Josei Toda.

Shin’ichi recordou-se do que Toda sensei havia dito rigorosamente: “Sem a existência da Soka Gakkai, não haverá, de forma alguma, o desenvolvimento do kosen-rufu. Tentar destruir a Soka Gakkai, que é a Ordem budista harmoniosa, não é, em suma, obstruir o kosen-rufu?”.

PARTE 12

O presidente Shin’ichi Yamamo­to visualizou o grande caminho da justiça Soka, e então dirigiu o olhar para as questões imediatas e emergenciais que o cercava: “Agora, o que devo priorizar, acima de tudo, é cessar os ataques desuma­nos dos clérigos e proteger os membros. Foi para isso que a Soka Gakkai veio aceitando as diversas exigências do clero e fazendo várias concessões”.

A cada vez que ele ouvia sobre os atos de violência cometidos por maus clérigos contra os membros das localidades, sentia uma dor dilacerante no coração. Shin’ichi podia imaginar o semblante de sofrimento e de aflição dos companheiros, e os gritos de tristeza e de raiva deles ecoavam em seus ouvidos. Todos os esforços acumulados visando sair dessa situação até aquele momento foram em vão devido às afirmações do vice-presidente Genji Samejima.

“É a Soka Gakkai que Toda sensei disse ser a organização mais importante que sua própria vida. É preciso continuar protegendo, absolutamente, esta Soka Gakkai e seus membros. Quais são os caminhos existentes para isso?”

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustrações da Editora Brasil Seikyo – BSGI

Se fosse para o bem dos estimados membros, ele não temia encarar o fogo cerrado. Se necessário, estava decidido a assumir, sozinho, a responsabilidade por tudo. Esse era seu juramento imutável desde o dia em que se levantou como terceiro presidente.

Pode-se dizer que nessa época a Soka Gakkai havia alcançado o apogeu.

No Japão, a Soka Gakkai havia se tornado, tanto em nome como de fato, a monarca do mundo religioso e uma sólida grande força pela paz. A rede de solidariedade Soka, que fincou raízes no grande solo do povo, expandia-se agora rumo ao mundo.

O estudo do budismo em ação havia se enraizado como filosofia e modelo de vida dos membros. Com a profunda consciência pelo kosen-rufu, um grande número de extraordinários talentos havia se desenvolvido, atuando e contribuindo nos mais variados campos da sociedade. Os movimentos Soka de grande amplitude social em prol da paz, cultura e educação, que têm como base o budismo, recebiam elevado reconhecimento, e os círculos de simpatia e de louvor à Soka Gakkai haviam se expandido amplamente.

Assim, a Soka Gakkai recebia o ano de 1979, que marcava a auspiciosa conclusão dos “Sete Sinos”, em seu auge. Shin’ichi tinha plena confiança de que poderia comunicar com orgulho, a qualquer momento, a vitória ao seu mestre, Josei Toda. A forte determinação de corresponder a ele era sua força motriz.

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.


Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. Editora Brasil Seikyo: São Paulo, v. I, p. 226, 2014.
  2. Ibidem, p. 318.
  3. Ibidem, p. 327.