Órbita da fé

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  18/12/2021 11:17

EDITORIAL

Reprodução/Foto-RN176 Foto ilustrativa do editorial – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

No século 13, Nichiren Daishonin declarou, de maneira poética, que a pessoa que celebrar o Dia de Ano-Novo receberá benefícios e que isso é tão certo quanto a lua aumentar de tamanho conforme se move.1 Tecnicamente, sabe-se que as fases da Lua, fenômeno imutável descrito pelo Buda, são a representação da posição em que ela está em certo momento em relação ao Sol e à Terra. De forma resumida, a maneira como enxergamos esse satélite varia de acordo com a perspectiva.

Em diálogo com um dos cientistas responsáveis pela ida do primeiro homem à Lua, Ikeda sensei disse que a observação do grande universo alarga o coração, expande os horizontes, ensina a preciosidade da paz e abre os nossos olhos para a grandeza da vida.

De fato, a vastidão da natureza e seus fenômenos são a representação das nossas capacidades. Mas, por vezes, as dificuldades que nos levam ao sofrimento podem fazer com que duvidemos desse poder inerente à nossa vida. Então, Daishonin nos ensina sobre o poder da fé usando, mais uma vez, uma analogia com a Lua:

Se a sua oração será ou não respondida, isso dependerá de sua fé; [caso não seja,] de maneira alguma deverá me culpar. Quando a água é transparente, esta reflete a Lua”.2

A fé é como a água de um lago, e o reflexo da Lua, os benefícios de praticar este budismo. Num lago em que a água está cristalina, é possível enxergar a beleza da Lua. Mas se você deixar que os problemas agitem ou perturbem sua fé, a imagem da Lua, ou os benefícios, não poderão mais ser vistos. Manter a serenidade das águas da sua fé não significa deixar de se angustiar. A fé budista é mais que isso. Significa manter a recitação do Nam-myoho-renge-kyo, a crença na dignidade da vida de todas as pessoas e a esperança. Isto é, manter-se na órbita do kosen-rufu. Dentro da órbita da fé nem mesmo os sofrimentos são em vão. Até os obstáculos se tornam fundamentais para refletir a boa sorte e os benefícios na vida. Ikeda sensei explica como isso é possível:

Passar por sofrimentos é angustiante, mas é importante encarar a realidade, fitar a dificuldade que está diante dos olhos sem se desviar e enfrentá-la. Não há nenhuma pessoa grandiosa ou heroica que não tenha passado por duras adversidades e provações. Os sofrimentos são como uma fornalha para forjar um “férreo espírito”. Cada adversidade da vida se transformará em força para aprimorar a si mesmo e em fonte da criação de valor. Por exemplo, o sofrimento com a doença também pode se transformar em força para que uma pessoa seja um ser huma­no melhor. Nos escritos de Nichiren Daishonin consta: “Ele se vê imerso nessa doença há um longo tempo e agora busca o caminho”.3 Quando uma pessoa enfrenta uma doença e sofre com isso, manifesta ardente determinação movida pelo espírito de procura e uma forte fé imbuída da decisão de curar a enfermidade, levando-a para o próprio desenvolvimento. O budismo elucida que “os sofrimentos do nascimento e da morte são o nirvana”. É um princípio que afirma que sofrimentos e ilusões se tornam a própria iluminação. Por existirem os sofrimentos é que há iluminação. O “grande despertar” acontece porque existem os grandes sofrimentos.4

O compromisso deste jornal é compartilhar os ideais do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, e manter os leitores nessa órbita — uma trajetória em que pessoas corajosas, com espírito jovem, buscam a sua felicidade, enquanto assumem a responsabilidade pela transformação da sociedade.

Brasil Seikyo deseja a você, leitor, um feliz ano-novo, um feliz “Ano dos Jovens e do Progresso Dinâmico”, certo de que, na órbita da fé, está criando no presente um futuro maravilhoso!

Ótimo ano e excelente leitura!


Notas:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 405, 2020.
  2. Ibidem, p. 347.
  3. Ibidem, p. 203.
  4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana, v. 27. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2021. p. 198-199.