ROTANEWS176 E POR IG 19/12/2021 07:08 Por Fernando Garcia
Desenvolvido em meio a uma crise financeira, o lendário esportivo logo se tornou um mito entre seus fãs
Reprodução/Foto-RN176 Chevrolet Corvette Stingray 1966 logo se tornou um dos ícones entre os esportivos fabricados nos Estados Unidos – Divulgação
Quando o assunto fica por conta dos automóveis americanos, por lógica, logo vem em nossa mente aqueles grandalhões cheios de extravagância, repletos de apliques em cromo por toda a sua carroceria, um belo e emblemático motor de oito cilindros em V, conforme manda a tradição e dependendo da década, o característico estilo “rabo-de-peixe”.
Porém, neste cultuado e disputado mercado, nos Estados Unidos há um bom exemplo do que a indústria automobilística fez de melhor e ainda faz. Estou me referindo ao Chevrolet Corvette . E você, caro leitor, mesmo os menos aficionados pelo modelo, certamente concordará comigo. Prova de sua magnitude, são os seus mais de 50 anos de prosperidade, uma lenda viva, sem dúvida, e muita viva!
Concebido oficialmente em 1953 pela empresa norte-americana General Motors durante um evento automobilístico, o Corvette conseguiu se tornar um dos superesportivos mais desejados do mundo graças as suas linhas ousadas e únicas. O “Vette” , apelido dado pelos americanos, já participou de grandes campeonatos automobilísticos pelos quatro cantos do mundo.
E, como é de costume das montadoras lançarem um esportivo através de conceitos desenvolvidos das pistas de corrida, a GM lançou diversos modelos de Corvette durante meio século de existência do modelo, mas o mais interessante é que nenhum deles teve a audácia de compor linhas tão revolucionárias para a época quanto a série StingRay , lançada em 1963. Esta séria foi inspirada dos modelos conceito StingRay de 1959 e do Mako Shark , de 1961.
Os grandes destaques do StingRay eram seus faróis escamoteáveis, as grades instaladas nos pára-lamas laterais dianteiros – para uma melhor refrigeração do motor e o vigia traseiro da versão cupê que era bipartido, denominado pela fábrica de Split Window (janela dividida).
Reprodução/Foto-RN176 Chevrolet Corvette Sting Ray Split Window, com a janela traseira bipartida entre as principais características – Divulgação
O esportivo era comercializado nas duas configurações de carroceria: cupê e conversível. As primeiras versões podiam contar com motores 327 Quadrijet de oito cilindros em V desenvolvendo a potência máxima de 300 cv.
Além disso, algumas versões também contavam com injeção mecânica de combustível cuja potência era elevada para 360 cv fazendo com que o Vette ultrapassasse a casa dos 210 km/h .
Para se obter estas marcas de desempenho, os engenheiros da General Motors haviam desenvolvido para os StingRay uma avançada carroceria feita de plástico reforçado junto a uma camada de fibra de vidro prensada garantindo um carro extremamente leve, cerca de 1.300 kg.
Em 1965, o Corvette passaria a utilizar freios a disco também nas rodas traseiras e já não contava com o tradicional vigia traseiro Split Window que consagrou a série StingRay. De acordo com chefes de design, esses vidros separados por uma coluna central atrapalhavam o motorista quando esse olhava pelo retrovisor interno ao fazer uma manobra, diminuindo desta forma o ângulo de visibilidade.
No mesmo ano a oferta de motores aumentava com o exclusivo 396 Mk IV (6478 cm³) de 425 cv , mas ainda não satisfeita com o desempenho dos Vette , a General Motors lançava em 1967 o modelo L88 – nome do projeto – desenvolvido para competições.
Reprodução/Foto-RN176 Interior com volante esportivo de três raios e vários instrumentos no cluster e no console central – Reprodução/Pinterest
O L88 vinha equipado com um propulsor Big Block 427 (6999 cm³) V8 com cabeçotes de alumínio e três carburadores de corpo duplo Holley cuja potência ultrapassava facilmente a barreira dos 400 cv.
Externamente, as mudanças estavam sobre o capô com uma entrada maior para receber mais ar, além dos pneus maiores de 9,20 x 15´. Desta série foram produzidas somente 20.000 unidades e hoje são os mais cotados por colecionadores.
Em 1968 era a vez de chegar ao mercado norte-americano a terceira geração ( C3 ) do mito StingRay – inspirada nos Mako Shark II de competição – com uma carroceria totalmente nova nas opções cupê e conversível que contava agora com linhas mais robustas e limpas, reduzindo o número de cromados do veículo. Aparentemente muita coisa havia mudado no novo carro, porém os propulsores eram os mesmos da versão anterior.
O C3 abrigava novos faróis escamoteáveis em seu imenso capô, agora mais aerodinâmico e eficiente e para-brisa mais inclinado.
Reprodução/Foto-RN176 Chevrolet Corvette C3 vem com capô longo e faróis escamoteáveis entre os detalhes estéticos mais marcantes – Divulgação
Uma das marcas registradas da época era o teto que podia ser rebatido transformando-se em um targa. Os modelos de 1968 até 1977 ainda podiam contar com um vigia traseiro rebatível, que aumentava ainda mais a sensação de estar dirigindo um conversível.
Em 1969, o C3 recebia um novo motor 350 V8 small block de 300 cv e dois anos depois o exagerado big block 454 V8 de 7,4 litros, que exigia novas mudanças em seus componentes e estruturas como freios mais potentes, molas exclusivas e um superchassi reforçado.
O 454 foi o maior motor utilizado na série StingRay e durou até 1974, devido às novas legislações dos Estados Unidos e a crise do petróleo, em 1973.
O C3 foi a série que mais fez sucesso no mundo todo e ao longo de seus 15 anos de existência foram produzidas cerca de 250 mil unidades do modelo. É sinal de que uma lenda nunca morre.