ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 22/01/2022 09:25
RELATO
Reprodução/Foto-RN176 Fernanda Ramos Zeferino, Responsável pela DF do Distrito Jari e vice-responsável pela Área Amapá, Sub. Amazônia Oriental, CRE Oeste.
Nasci numa família budista. Meus pais, convertidos no grande movimento da organização de 1974, se mudaram para o Pará cerca de dez anos depois. Minha infância e adolescência foram por aqui no estado, mas tive oportunidades maravilhosas de viajar durante a minha juventude.
Hoje, como uma jovem senhora, orgulhosamente, faço parte do grupo Zenshin da Área Amapá (Sub. Amazônia Oriental, CGRE). Tenho uma família incrível, bem como muitas amigas e amigos maravilhosos. Moro no Vale do Jari, que abrange três municípios, sendo dois no sul do Amapá e o outro em Almeirim, banhado pelo rio Amazonas. Minha residência fica justamente no distrito de Monte Dourado, pertencente a esse município do Pará, mas boa parte da minha rotina é em Laranjal do Jari, Amapá, onde sou concursada pelo município e pelo estado. Logo em seguida, após passar nos dois concursos públicos, em 2005, engravidei da minha primeira filha, Júlia. Além dela, tenho mais dois filhos, Vítor Cauã e Tainá.
Sou professora de educação física da rede pública de ensino e, atualmente, trabalho numa escola de ensino fundamental 2 e EJA (Educação de Jovens e Adultos) do município. Amo essa escola e é um grande privilégio atuar em apenas uma escola, um dos diversos benefícios conquistados entre 2020 e 2021.
Ainda muito jovem e imatura, queria continuar com minha grande paixão, a dança, a qual me possibilitou muitos aprimoramentos. Ao passar por essa fase, voltei a focar na sala de aula. Estava cheia de angústias e preocupações, porém com vontade de fazer a diferença. Nessa época, ocorreram mudanças na educação nacional, o que refletiu positivamente na minha área, um grande benefício.
Na BSGI, por meio de diferentes atividades, surgiram diversas oportunidades que me ajudaram a munir meu coração de esperança e de coragem, assim como descobrir muitas ferramentas tecnológicas para desbravar novos caminhos inimagináveis, inclusive profissionalmente. Tenho estreitado laços de amizade e parcerias com outros “bodisatvas educadores”, também consegui desenvolver materiais de trabalho baseados em outros existentes em vários estados do Brasil, mas adaptados para nosso currículo prioritário amapaense. De maneira sutil, sugiro reflexões sobre quanto nosso estado precisa de leis e de políticas públicas na educação, que não se resumem a políticas de governo. Sei que estou no caminho correto.
Sabedoria, paciência e benevolência
Antes de falecer, minha mãezinha fez uma grande causa positiva ao decidir que a Júlia, sua primeira neta, cursaria o ensino médio no Colégio Soka do Brasil, em São Paulo. Herdei essa decisão dela e, graças ao surgimento do programa de homestay, no qual os estudantes de outros estados convivem com famílias indicadas pela instituição, esse sonho se tornaria possível. A questão é que, no início, Júlia foi super-resistente à ideia.
Para minha surpresa, no fim de 2020, Júlia manifestou o desejo de estudar no Colégio Soka e foi assim que nossa jornada teve início. Recebemos a resposta de aprovação, porém Cléber, meu marido, por não ser membro da BSGI, não compreendeu a importância disso e foi totalmente contra devido às condições financeiras. Senti então a profunda necessidade de comprovar a veracidade do Budismo de Nichiren Daishonin e manifestar sabedoria, paciência e benevolência. Como realizar o sonho da minha família sem causar desarmonia com meu parceiro, pai dos meus filhos, homem que tanto admiro e amo? Com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo (daimoku), os incentivos de veteranas, as visitas e o estudo, e muito afeto e amor da família, respeitei e compreendi o coração do Cléber que, aos poucos, aceitou a ideia e assumiu as negociações com o colégio. Graças a ele, tenho grandes oportunidades. E, hoje, vê-lo ao meu lado compartilhando o mesmo propósito de garantir um futuro promissor para nossa filha, dentro da órbita da Gakkai, não tem preço.
Reprodução/Foto-RN176 da dir. para a esq., Fernanda; seu pai, Dirceu; sua filha Júlia; a tia Dolores e o tio Mauro. Na mesma foto, à frente de Fernanda estão Cléber, seu marido, e os filhos Cauã e Tainá
Minha lista de vitórias não para por aí. Muitas coisas maravilhosas estão acontecendo em minha vida. No âmbito profissional, o reconhecimento dos meus esforços tem se manifestado constantemente. Na família, percebo quanto inspiramos uns aos outros. Meu pai, aos 75 anos, se submeteu ao processo seletivo para estudar engenharia civil, o que me deixa muito emocionada. Outra grande vitória é que voltei a dançar. Precisava disso, pois, ao parar, por mais que estivesse ocupada, sentia um vazio em mim. E, além de cuidar da saúde física, estou cuidando da minha saúde mental, acompanhada por uma psicóloga excelente. Eu me sinto a mulher mais afortunada do mundo!
Existe uma estrada.
E essa é a estrada
que eu amo.
Eu a escolhi.
Quando trilho essa estrada,
as esperanças brotam
e o sorriso se abre
em meu rosto.
Dessa estrada nunca,
jamais fugirei!1
Com essas palavras do meu mestre, Dr. Daisaku Ikeda, manifesto o sentimento de saldar, mesmo que pouco, minha dívida de gratidão com ele e com a Gakkai. Decido avançar cada vez mais em 2022, rumo a 2030.
Fernanda Ramos Zeferino, 41 anos. Professora de educação física. Responsável pela DF do Distrito Jari e vice-responsável pela Área Amapá, Sub. Amazônia Oriental, CRE Oeste.
No topo: Fernanda num dos projetos culturais da escola na qual leciona
Nota:
- Brasil Seikyo, ed. 1.730, 10 jan. 2004, p. A4.