ROTANEWS176 E POR AH 29/01/2022 09:00
Na década de 1980, importantes construções históricas foram derrubadas por seus proprietários
Reprodução/Foto-RN176 Avenida Paulista em 1902 – Wikimedia Commons / Guilherme Gaensly
O ano era 1982, dia 20 de junho, quando dois históricos casarões foram demolidos na Avenida Paulista. O primeiro imóvel situava-se no número 283 do logradouro, na esquina com a Rua Teixeira da Silva enquanto o segundo ficava no 498. Três dias depois, numa quarta-feira, veio abaixo a conhecida casa mourisca de D. Josephina Lotaif.
O motivo para tais destruições era simples: os proprietários não queriam que suas residências fossem tombadas como patrimônio histórico.
Contrariando a opinião pública
À época, a demolição das construções foi considerada uma grande barbárie. Mas os proprietários não deram ouvidos aos jornais e à opinião pública, conforme informações da revista Crescer.
A demolição do casarão de Josephina, que se deu perto das 2h da manhã, em 23 de junho, foi o caso de maior repercussão. Ela se situava no 867, próximo à Alameda Joaquim Eugênio de Lima e era conhecida como casa mourisca em razão de seus detalhes que lembravam as construções árabes.
Autoridades da Secretaria da Cultura já haviam notificado os donos do imóvel sobre a possibilidade do tombamento meses antes. Contudo, não teriam ficado satisfeitos com a medida e optaram por demolir a habitação.
Revolta
Após o ocorrido, pela manhã, uma grande manifestação de repúdio foi organizada em frente ao terreno. Quem passava pela área poderia ver inúmeros móveis e pedaços de cortinas misturados ao concreto. Não havia mais o que ser feito.
Reprodução/Foto-RN176 A Casa das Rosas é um dos poucos casarões que ainda permanecem de pé na Avenida Paulista / Crédito: Wikimedia Commons / PedroBDoprattsen
O casarão da família Lotaif
A casa mourisca foi erguida em 1896 para abrigar a família de Henrique Schaumann, mas foi somente ao final dos anos 30 que ela ganhou seus vitrais coloridos e demais elementos característicos de construções árabes.
Ninguém da família comentou sobre o caso, mesmo tendo se passado décadas desde o ocorrido. A época da reportagem, a revista Crescer entrou em contato com o então advogado Celso, neto de D. Josephina, mas o mesmo recusou o pedido de entrevista por e-mail.
“(…) na ocasião dos fatos aludidos, eu era uma criança e não tenho memória do que ocorreu. A minha avó Josephina já é falecida. Os demais membros da minha família são idosos e não desejam dar qualquer sorte de informação a respeito. Aliás, eles não desejam inclusive ver nosso sobrenome ou nossa propriedade estampados em sua matéria por questões de reserva pessoal e preservação de segurança.”