ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 12/02/2022 08:01
RELATO
Paula desafiou a si mesma e conquistou a felicidade
Reprodução/Foto-RN176 Paula Haruka Sato, Vice-responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) do Distrito César de Souza, RM Mogi Centro-Leste, Sub. Ayrton Senna, CGSP. – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Pratico o budismo de Nichiren Daishonin há quatro anos e, logo após iniciar na prática da fé, decidi fazer parte do Coral Esperança do Mundo (CEM). Pelo fato de o grupo não existir em Mogi das Cruzes, SP, cidade onde moro, participava dos ensaios nos municípios vizinhos. Nesse pouco tempo em que faço parte do coral, tive várias oportunidades maravilhosas de aprimoramento, sempre levando o grupo e meu mestre, Dr. Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), no coração.
Sou enfermeira formada desde 2014 e pós-graduada em enfermagem em cardiologia. Comecei a trabalhar na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal e Pediátrica, em São Paulo, SP. Mesmo não tendo experiência com crianças, fui aprovada para a vaga. Como precisava do emprego, aceitei. Ao longo dos meses, percebi algo errado comigo. Sentia extremo cansaço mental e físico, além de insegurança e desmotivação. Emagreci, pois comia mal e não conseguia ter uma boa noite de sono. Ao acordar, nunca estava disposta e inúmeras vezes pensei em desistir de viver. Não sentia vontade de fazer nada a não ser ficar deitada.
Reprodução/Foto-RN176 No local de trabalho atual – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Um dia, enquanto ia para o trabalho, tive uma crise de profunda tristeza e de desespero e chorava incessantemente. Enxuguei as lágrimas, recobrei o pouco da minha consciência e me dirigi à entrada da UTI. Entrei em colapso e não consegui trabalhar. Contei para a minha chefe o que estava acontecendo e ela, por sua vez, me acolheu de forma muito humana. Fui encaminhada ao pronto-socorro e medicada com calmantes. Por recomendação médica, permaneci em repouso em casa por duas semanas. Diagnosticada com depressão, iniciei o tratamento imediatamente.
Pedi demissão do emprego, pois não achava correto cuidar da saúde de crianças com doenças tão graves já que não poderia dar o meu melhor para atendê-las devido à minha condição de saúde. Jamais pensei que essa doença um dia me afetaria, mas senti “na pele” como a depressão é incapacitante, severa e real. Eu me sentia totalmente incapaz de reverter tal situação.
Reprodução/Foto-RN176 Paula com os membros da RM Mogi Centro-Leste – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Causei preocupação aos meus pais, porém nunca quis que sofressem. Aquela não era eu. Sempre pensava: “O que está acontecendo comigo?”. Certo dia, sentei em frente ao Gohonzon e olhei para uma foto de Ikeda sensei na mesinha do meu oratório. Peguei o juramento do CEM e me emocionei assim que o li. Da gaveta da mesinha, retirei o livro Coragem, de autoria do presidente Ikeda, e abri num trecho que aqueceu meu coração:
A vida é longa. Algumas vezes conseguimos ter êxito, outras, não. Não há necessidade de se sentir envergonhado por causa de reveses temporários. O importante é vencer no final, nunca perder o espírito de lutar, por mais difícil que seja a situação.1 (…)
Exatamente quando as circunstâncias estão difíceis é que devemos encorajar aqueles à nossa volta com um sorriso radiante. Se, aparentemente, não houver esperança para a situação, crie-a. Não dependa dos outros. Acenda a chama da esperança dentro do próprio coração.2
Reprodução/Foto-RN176 Com os componentes do CEM – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Sou discípula de Ikeda sensei! Sou a “esperança do mundo”! Assim como o Mestre incentiva, vou me levantar quantas vezes forem necessárias! Era como se ele falasse diretamente comigo. Senti todo o carinho de suas palavras quando li aquele trecho. Precisava me reerguer, cuidar dos meus pais e protegê-los por ser a única praticante budista da família. Tranquilizei-os, porque tudo aquilo passaria: continuaria lutando e venceria aquela doença; procuraria um novo emprego para ajudar nas despesas de casa e para pagar meu tratamento.
Venci com muita “fé, prática e estudo”. Conquistei um emprego como atendente e estoquista num supermercado, aqui perto de minha residência. Ouvi pessoas dizendo que era uma pena eu ter feito faculdade para me tornar atendente de supermercado. Ao contrário do que elas pensavam, estava muito feliz em trabalhar nesse local, pois eu me levantei! Tenho a oportunidade de crescimento e conheci pessoas maravilhosas. Lá, também, posso falar sobre o budismo para outras pessoas. Nesse emprego, eu me sinto bem, sem o estresse de antes, os funcionários são legais e trabalhamos em união.
Reprodução/Foto-RN176 Com o noivo, Haroldo – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Em dezembro de 2020, fui promovida no trabalho, inclusive por sempre dar o meu melhor para atender o cliente. Hoje trabalho como auxiliar administrativa na mesma rede de supermercados. Meu salário aumentou um pouco e ainda estou transformando meu carma financeiro, mas garanto que o tesouro do coração sem dúvida é o mais precioso e me impulsiona a lutar todos os dias. Não penso em parar por aqui, mas, com essa chance, planejo cursar a pós-graduação que tanto desejo.
Sei que meu perfil não é de enfermeira de hospital, hoje compreendo isso e está tudo bem. Ainda tenho um longo caminho pela frente e muito a me desenvolver e a transformar. Continuarei a cuidar da minha saúde e relatarei minha vitória ao Mestre. Agradeço imensamente aos meus pais, ao meu irmão, que está no Japão e cuida de nós, mesmo distante fisicamente, à minha família, ao meu noivo Haroldo e à sua família, aos meus amigos, à família Soka e ao meu amado Coral Esperança do Mundo. Vocês me incentivam e me inspiram demais. Eterna gratidão a todos! Muito obrigada, sensei!
Reprodução/Foto-RN176 Com os pais, Maria e Pedro, no dia de sua formatura da faculdade (fotos das atividades são de antes da pandemia) – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Paula Haruka Sato, 29 anos. Enfermeira. Vice-responsável pela Divisão Feminina de Jovens (DFJ) do Distrito César de Souza, RM Mogi Centro-Leste, Sub. Ayrton Senna, CGSP.
Notas:
- IKEDA, Daisaku. Coragem. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2018. p. 55.
- Ibidem, p. 56.