Tecer fios dourados da vitória total

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  19/02/2022 08:22

HIROMASA IKEDA

VICE-PRESIDENTE DA SGI

Aprender com a Nova Revolução Humana | Posfácio

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Editora Brasil Seikyo – BSGI

O presidente Ikeda começou a escrever a Nova Revolução Humana (NRH) há 28 anos [este ensaio foi escrito em 2021], no dia 6 de agosto de 1993, e terminou três anos atrás [em 2021], na mesma data em 2018. Ele descreveu essa batalha de 25 anos para concluir a série durante a sua existência como uma “luta intensa e ininterrupta”. Trata-se de um feito que, com certeza, podemos denominar histórico.

Seis de agosto é dia do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima e Nagasaki [em 1945] e 8 de setembro [2018] [quando a última parte do romance foi publicada no Seikyo Shimbun] é o aniversário da Declaração pela Abolição das Armas Nucleares, proferida pelo segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda [em 1957]. O presidente Ikeda escolheu essas datas específicas para iniciar e concluir essa obra como expressão de seu compromisso de transmitir e deixar, para as futuras gerações, um registro eterno do juramento que herdou do seu mestre de eliminar essas armas e garantir que a tragédia provocada pelo uso delas jamais se repita.

A partir de 2010, o foco central das atividades do presidente Ikeda convergiu para a continuação da Nova Revolução Humana. Creio que isso tenha sido possível graças ao caloroso apoio e orações de todos os membros ao redor do mundo, que extraíram alento e estímulo do romance. Nesse sentido, a conclusão do romance representa realmente a vitória da luta conjunta de mestre e discípulos Soka no século 21.

O derradeiro volume 30 termina com as seguintes palavras: “Seus olhos visualizavam o aspecto heroico dos majestosos jovens águias Soka alçando voo pelos céus do mundo, com vigor e envoltos pelo sol do amanhecer do terceiro milênio” (p. 349).

Essas palavras captam, de forma sucinta, o pensamento do nosso mestre ao se aproximar do final da obra. Expressam sua convicção de que os jovens sucessores continuarão surgindo como o raiar da manhã para ensejar uma era de coexistência pacífica.

Neste ensaio final comentando a Nova Revolução Humana, gostaria de reconfirmar alguns dos principais temas contidos nos trinta volumes como um todo.

Um deles é o conceito budista “carma adotado por desejo próprio” (ganken-ogo). Como consta no Posfácio: “Em outras palavras, o destino e a missão são os dois lados de uma mesma moeda. O destino se torna propriamente a nobre missão específica da pessoa”1 (p. 358).

Reprodução/Foto-RN176 Desenhos de ilustração  dos três primeiros presidentes da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguchi (acima, à esq. ), Josei Toda (acima, à dir.) e Daisaku Ikeda entre os dois presidentes. Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editorial Brasil Seikyo – BSGI

Outro tema se refere à verdadeira natureza das várias funções da maldade e dos “maus amigos” que tentam obstruir o avanço do kosen-rufu no budismo. Constatamos ao longo da série que o requisito essencial para a verdade e a justiça prevalecerem no processo da concretização do kosen-rufu — luta incessante entre o Buda e as funções da maldade — é até que ponto somos capazes de desenvolver uma fé comprometida. O capítulo “Brado da Vitória” do volume 30, diz:
É o levantar na fé, com consciên­cia e decisão. […].

Isso porque é com a conscientização do que está por vir, com a decisão de confrontar e lutar contra as grandes adversidades, que se lapida e fortalece a própria fé conquista a transformação do destino. (p. 52-53)

Como descrito, minuciosamente, no romance, acredito que a força propulsora que habilitou a Soka Gakkai a ultrapassar a infinidade de desafios que enfrentou foi a fé comprometida de Shin’ichi Yamamo­to. Nesse sentido, empenhar-se numa luta conjunta com o nosso mestre vincula consolidar essa fé comprometida e resoluta, com a qual estamos dispostos a encarar qualquer coisa.

Um novo guia para a humanidade

O presidente Ikeda redigiu o Posfácio em 8 de setembro de 2018, data em que o último episódio foi publicado no Seikyo Shimbun. Ele esclarece as circunstâncias que o levaram a escrever as obras Revolução Humana e Nova Revolução Humana, sua motivação e o significado da conclusão delas.

Revolução Humana narra o drama de como “uma única pessoa”, presidente Josei Toda, assumiu o desafio de consolidar “uma mudança no destino da nação” e como, depois, ele e seu discípulo reconstroem a Soka Gakkai. A Nova Revolução Humana, por sua vez, retrata os esforços empreendidos por Shin’ichi e seus discípulos para “transformar o destino de toda a humanidade” por meio de sua luta conjunta pelo kosen-rufu mundial.

Exatamente de acordo com esse princípio [de “carma adotado por desejo próprio”], nascemos neste mundo maléfico dos Últimos Dias da Lei com variados destinos, tais como de doença, de dificuldade financeira, de harmonia familiar ou ainda de solidão e de sentimento de inferioridade, com o juramento seigan de salvar as pessoas imersas no sofrimento.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Como elucida esse trecho do Posfácio, todos possuem uma missão só deles a cumprir. Somos os bodisatvas da terra, bem como “os protagonistas e os extraordinários atores do grande drama que transforma as nevascas do inverno em primavera ensolarada e o sofrimento em alegria” (p. 358). Ele acrescenta: “Não é possível conquistar a felicidade pessoal, nem a prosperidade da sociedade, nem a paz perene do mundo, sem a realização da revolução humana” (p. 358).

Nossos dramas pessoais de transformação do carma podem, na verdade, servir de fonte de coragem e de esperança para as pessoas à nossa volta e na sociedade. Assim como declara nosso mestre, a filosofia e nossas provas reais de revolução humana fundamentadas no Budismo Nichiren com certeza serão “o novo guia da humanidade que já iniciou o terceiro milênio” (p. 359).

Diálogo interior com nosso mestre

Foi um privilégio contribuir, no decorrer dos últimos três anos aproximadamente, para esses ensaios comentando a Nova Revolução Humana. Muito mais que simplesmente narrar a história da Soka Gakkai, a obra também esclarece os princípios imutáveis do kosen-rufu; portanto, com cada comentário, analisei sinceramente de que forma destacar a relevância deles à luz de nossas atuais atividades.

Ao reler cada volume, percebi que, com isso, estava gravando mais profundamente o significado do romance, que resumi da seguinte maneira em meu coração:

1. Pode ser considerado um livro didático da fé para se aprender o espírito Soka.

  1. Trata-se de um texto por meio do qual podemos manter um diálogo interior com nosso mestre.
  2. Consiste num registro do juramento do nosso mestre, legado aos discípulos.

    Como explica o Posfácio, a Revolução Humana e a Nova Revolução Humana representam o “diário do kosen-rufuda Soka Gakkai” (p. 351). Expressam “verdadeira história do espírito Soka” (p. 352) e podem ser consideradas como um “livro didático da fé” por intermé­dio do qual podemos estudar e cultivar o espírito da Gakkai.

Além disso, o presidente Ikeda expõe que devotou todo o seu coração ao escrever o romance, recordando-se de seus inestimáveis companheiros:

Lembrando-me dos preciosos companheiros que se empenham bravamente na fé, no Japão e no mundo, extraía as palavras do fundo da minha vida e me dedicava à elaboração e à revisão do texto com o sincero sentimento de enviar uma carta de incentivo a cada pessoa. Era também uma tarefa que realizava dialogando em meu íntimo com o mestre. (p. 353-354)

Para nós também, cada página do romance constitui uma oportunidade para abrir a porta do diálogo interior com nosso mestre. O presidente Ikeda expressa:

Registrei essas duas linhas iniciais para eternizar o juramento como discípulo de transformar a história do século de “guerra” para o século de “paz”, sucedendo o espírito e os ideais do meu mestre e do mestre predecessor. (p. 353)

Portanto, pode ser, inclusive, considerado um registro do juramento do nosso mestre, que ele, por sua vez, delega a seus discípulos.

O presidente Ikeda termina o Posfácio manifestando sua expectativa de que os membros da Soka Gakkai “façam da conclusão do romance Nova Revolução Humana um novo ponto de partida” (p. 359). É hora de cada um de nós assumir o grande palco do kosen-rufu e criar a própria resplandecente história de revolução humana.

“Eu sou Shin’ichi Yamamoto!” Com essa consciência e o olhar voltado para o quinto e o décimo aniversários da conclusão da obra, avancemos em nossa jornada de mestre e discípulo para cumprir o grande juramento pelo kosen-rufu e prossigamos tecendo os fios da magnífica trama da vitória humana em nossa vida.

Resumo do conteúdo do capítulo “Juramento Seigan”

Para realizar o grande ideal da paz, é necessária a mobilização da força e da paixão dos jovens. (p. 161)

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Uma vez aberto, o caminho do intercâmbio deve ser percorrido repetidas vezes a passos firmes para consolidá-lo e expandi-lo como uma grande estrada. (p. 181)

A estrada da nova era do kosen-rufu também será repleta de provações. A menos que sejamos sábios e determinados, não podemos conquistar a vitória e a glória. (p. 270)

O objetivo do budismo é aliviar o sofrimento das pessoas. Isso não deve ser apenas um idealismo teórico, mas deve ser feito, de forma concreta, por meio da sabedoria aliada à ação. De nossa perspectiva, trata-se da “transfor­mação da fé em sabedoria”, isto é, a conquista da sabedoria do buda em nossa vida pela prática da fé. (p. 309)

A maior missão e a maior responsabilidade de um religioso na atualidade se encontram em fortalecer o compromisso de construir um mundo livre do flagelo da guerra e de unir os homens em torno do objetivo comum da concretização da paz e da felicidade da humanidade. (p. 322-323)

O desenvolvimento dos jovens, responsáveis pela próxima geração, e a vitória do discípulo eram sua maior alegria, felicidade e esperança. Esse era o coração do mestre, pois é nele que se encontra o vínculo da relação de mestre e discípulo. (p. 331)

Nota:

  1. No Posfácio do volume 30, a frase citada tem a seguinte redação: “o destino e a missão são os dois lados de uma mesma moeda. O destino se torna propriamente a nobre missão específica da pessoa” (p. 358).

Traduzido do Seikyo Shimbun, jornal diário da Soka Gakkai, edição de 6 de agosto de 2021.