ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 26/02/2022 07:35
ENCONTRO COM O MESTRE
Reprodução/Foto-RN176 Sempre encorajando os membros, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, rege a canção Ifu Dodo no Uta (Auditório Memorial Toda de Kansai, Japão, maio 2008) Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editorial Brasil Seikyo – BSGI
No Encontro com o Mestre desta edição, o presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, discorre sobre gratidão. Ele explica valores como a justiça e a nobreza de um ser humano
- DAISAKU IKEDA
As pessoas gratas são denominadas humanas, ao passo que as ingratas nada mais são que animais — esse era o espírito tanto de Nichiren Daishonin como de Shakyamuni. Aquelas que compreendem quais são suas dívidas de gratidão merecem ser chamadas humanas. Por outro lado, as que não têm espírito de gratidão são simplesmente animais com aparência de seres humanos. Independentemente do sucesso que essas pessoas alcançam, a verdadeira natureza delas será sempre a dos animais. O ponto de extrema importância reside no fato de a pessoa ter ou não gratidão.
Nichiren Daishonin escreveu:
Desde que comecei a estudar a Lei transmitida pelo buda Shakyamuni e a praticar os ensinamentos budistas, sempre acreditei que o mais importante era reconhecer as obrigações para com os demais, e assim estipulei que meu primeiro dever seria saldar as dívidas de gratidão. Neste mundo, temos quatro dívidas de gratidão. Aqueles que as reconhecem são dignos de serem chamados seres humanos; aqueles que as ignoram, nada mais são que animais.1
Daishonin também disse, citando um episódio da época bastante conhecido:
A velha raposa jamais se esquece da colina onde nasceu.2 A tartaruga branca retribuiu ao ato de bondade de Mao Bao.3 Se mesmo criaturas inferiores têm essa consciência, os humanos deveriam ter muito mais!4
As pessoas diziam antigamente que, quando as raposas morriam, elas voltavam a cabeça na direção do outeiro onde haviam nascido. Mao Pao foi um guerreiro chinês que salvou a vida de uma tartaruga branca. Quando Mao Pao foi derrotado em uma batalha, a tartaruga apareceu e carregou o guerreiro para a segurança do outro lado do rio.
Esse episódio afirma que até os animais retribuem a gentilezas; o que não dizer então no caso dos seres humanos e ainda mais no mundo do budismo. Qualquer pessoa que trair a gratidão devida no mundo da fé será muito mais baixa do que qualquer animal.
A história nunca será mudada enquanto as pessoas de bem permanecerem em silêncio. Cada um de nós precisa ter fé em nossa força espiritual e procurar mudar a sociedade. Com isso, não apenas conseguiremos manifestar nosso potencial de forma plena, como também despertaremos no coração das pessoas a esperança e a fé no potencial humano.
Vencer cada questão com bravura e disciplina
A vida é uma batalha. Se não nos desafiarmos para vencer as dificuldades, não conseguiremos nos tornar fortes. Nós batalhamos para adquirir essa força. A Soka Gakkai lutou continuamente, sem retroceder, contra os “três poderosos inimigos” (sanrui-no-goteki) e os “três obstáculos e quatro maldades” (sansho-shima) que buscam obstruir o caminho budista para o kosen-rufu. É essa luta contínua que nos torna fortes.
Vamos continuar com nossa batalha decididamente, pela eterna vitória do kosen-rufu, pelo ilimitado desenvolvimento da Soka Gakkai. E pela felicidade e prosperidade de todos vocês, preciosos membros de nossa organização, existência após existência!
O escritor chinês Lu Xun (1881–1936) viveu durante um período em que seu país estava imerso em grande perigo. Como foi que a China, a mais importante civilização do mundo no passado, acabou chegando a esse impasse? Lu identificou uma das causas: “Quando não há estímulo externo, cessa o autoaprimoramento, o que faz as pessoas ficarem fracas e estagnadas”.5 Ele também escreveu que a China perdera a disposição de tentar aprender com as realizações positivas dos outros.6
É crucial buscarmos estímulos exteriores, mantermos nossa “antena” mental e espiritual precisamente sintonizada nos novos desenvolvimentos e estarmos preparados para aprender com eles. Tornar-se conservador, displicente e autoprotetor são maus presságios que levam ao declínio no futuro.
No mês de outubro [1954], o presidente Josei Toda bradou aos membros da Divisão dos Jovens: “Jovem, levante-se só! Um segundo e um terceiro também o seguirão”.7
Já se iniciou a nova batalha em prol do kosen-rufu para os próximos cinquenta anos. Eu também dei início a uma nova luta. Estou decidido. Avanço com a determinação de construir a Soka Gakkai, uma vez mais, a partir do zero.
A Lei Mística é o supremo ensinamento da esperança ilimitada, da força motriz para o incessante avanço. Por isso, temos de tomar a iniciativa com coragem e ilimitado vigor. Essa é a chave para abrir o caminho para uma nova vitória.
Reprodução/Foto-RN176 Mestre e discípulo lado a lado em todos os momentos. Jovem Daisaku Ikeda (à esq.) em atividade com Josei Toda (Japão, maio 1956) Dr. Daisaku Ikeda, ele é um filósofo, escritor, fotógrafo, poeta e líder budista da SGI atualmente o Mestre e Presidente da Soka Gakkai Internacional – SGI – Editorial Brasil Seikyo – BSGI
No topo: Sempre encorajando os membros, presidente da SGI, Dr. Daisaku Ikeda, rege a canção Ifu Dodo no Uta (Auditório Memorial Toda de Kansai, Japão, maio 2008)
Discurso proferido na 42a Reunião Nacional de Líderes da Soka Gakkai, realizada em conjunto com a 3a Convenção da Região de Tyugoku 1, no Auditório Soka da Amizade Internacional em Sendagaya, Tóquio, no dia 7 de outubro de 2004. Leia na íntegra no Brasil Seikyo, ed. 1.777, 1º jan. 2005, p. A4.
Notas:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 126-127, 2014.
- Esse trecho aparece nos “Nove Trechos” das Elegias de Chue em outras obras chinesas. Um comentário sobre as Elegias de Chu, por Zhu Xi, da dinastia Song, afirma: “A velha raposa quando morre, volta a cabeça para a colina. Isso ocorre porque ela jamais se esquece do local onde nasceu”.
- Essa história aparece na Coletânea de Histórias e Poemas. Quando o jovem Mao Bao, que mais tarde se tornou um general na dinastia Jin, caminhava ao longo do rio Yang-Tsé, ele viu um pescador se preparando para matar a tartaruga que havia pescado. Sentindo pena dela, Mao Bao ofereceu a própria roupa ao pescador em troca da vida da tartaruga e a salvou. Tempos depois, quando estava sendo perseguido por seus inimigos, Mao Bao foi parar na beira do rio Yang-Tsé. A tartaruga que ele havia salvado quando jovem apareceu e o carregou para a outra margem do rio.
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 722, 2014.
- XUN, Lu. Wenhua pianzhi lun. In: Lu Xun Quanji[Obras Completas de Lu Xun]. Pequim: Renmin Wenxue Chubanshe, v. I, p. 44, 1996.
- Ibidem.
- Extraído de Jovens, Sejam Patriotas!, editorial do presidente Josei Toda publicado na edição de outubro de 1954 da revista mensal de estudo da Soka Gakkai, Daibyakurenge.