Encorajar com o coração

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  03/03/2022 17:13

REDE DA FIDELIDADE

Incentivos extraídos do romance Nova Revolução Humana

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustrações da Matéria – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Neste trecho do romance Nova Revolução Humana, Shin’ichi Yamamoto [pseudônimo do presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, na obra] incentiva os líderes participantes da reunião do conselho diretivo de Kyushu, Japão, realizada em maio de 1978, sobre a importância e a forma correta de oferecer orientação individual.

  1. DAISAKU IKEDA

Durante o conselho, Shin’ichi falou a respeito da postura do líder na realização de orientação individual.

Até então, Shin’ichi vinha enfatizando a significativa importância da orientação individual para que todos os membros trilhassem seguramente o grande caminho da felicidade, como também para o fortalecimento da organização e o desenvolvimento do movimento pelo kosen-rufu. E agora, já surgia, em toda a Soka Gakkai, a tendência de todos os seus líderes se empenharem na realização de orientações individuais.

As pessoas possuem, cada qual, uma condição distinta, seja pelas suas circunstâncias ambientais, pela sua personalidade ou pelas suas angústias. Por isso mesmo, é fundamental a orientação individual que, tendo como base os princípios universais do budismo, focaliza uma única pessoa e proporciona um diálogo franco e aberto.

— Hoje gostaria de falar mais informalmente a respeito de alguns assuntos — disse Shin’ichi Yamamoto ao iniciar suas palavras, e então passou a discorrer sobre a postura fundamental de um líder na orientação individual.

— Em primeiro lugar, jamais devem se deixar levar pelo sentimentalismo. Há pessoas que, mesmo sendo membros da Soka Gakkai, não têm muita consciência de realizar a prática e ainda manifestam palavras críticas à organização. Contudo, nessas ocasiões, jamais devem se levar pelo sentimentalismo a ponto de elevarem o tom de voz ou falar com aspereza. Se aquele que está na posição de orientar for dominado pela emoção, o ouvinte não abrirá seu coração. E se isso acontecer, tanto a orientação como o incentivo não terão efeito. Em segundo lugar, na orientação individual é essencial possuir uma convicção firme e inabalável em relação à fé. É por meio da nossa grande convicção da fé que tocamos e instigamos o coração e o espírito da pessoa. Esse é o ponto fundamental da orientação individual. É assim que a consistência lógica daquilo que falamos vai se tornando compreensível e ganha sentido. Portanto, ao realizar uma orientação individual, é importante preparar-se com firme recitação de daimoku para evidenciar forte energia vital. Além de transmitir sua convicção, também será necessário relatar suas experiências de comprovação da prática da fé, como também as de outros companheiros. Em terceiro, quero que gravem profundamente que jamais devem comentar com outras pessoas sobre assuntos que lhes for confidenciado. Especialmente os religiosos têm o dever de manter sigilo. Se por um terrível lapso o conteúdo de algo que foi confidenciado vazar, significará a quebra de confiança de toda a Soka Gakkai. Do ponto de vista do budismo, ao final representará um erro gravíssimo, que destrói o kosen-rufu. O quarto ponto é dedicar-se inteiramente à missão de orientar com perseverança e muita tolerância. Por exemplo, digamos que visitem um membro da organização de sua responsabilidade que não está participando das atividades e realizem orientação individual. É muito raro acontecer de este membro se levantar imediatamente e despertar novamente para a prática com uma só visita. Deve-se visitá-lo mais vezes em outras ocasiões e prosseguir incentivando-o com toda a paciência. É em meio a essa dedicação que nosso sincero coração toca o do outro, nasce a confiança, e a pessoa sente o desejo de voltar a se esforçar novamente. Na orientação individual, o que se exige é força, bem como capacidade de manter a continuidade.

A voz de Shin’ichi Yamamoto foi se tornando ainda mais eloquente:

— Mesmo no caso em que a pessoa para a qual realizamos a orientação individual desperte novamente para a prática budista, é importante preocupar-se, e continuar a incentivá-la, seja por telefone ou por cartas, procurando acompanhá-la: “Como será que ela está agora?”, “Ela já conseguiu superar aquela adversidade?”. Imaginemos um líder que acabou de assumir uma nova função. Então, cheio de entusiasmo, visita a residência de seus membros e faz orientações individuais. Contudo, se ele se limitar a visitar apenas uma única vez, é como abandonar o trabalho pela metade. Em quinto lugar, solicito que não se esqueçam de que o grande objetivo da orientação individual está no espírito budista de extrair o sofrimento das pessoas e lhes conceder a alegria. As pessoas buscam orientação depois de sofrer com vários tipos de adversidades e angústias. Por essa razão, uma vez que vão orientar, é extremamente importante que o incentivo possa minimizar e aliviar essa angústia. Por exemplo, digamos que exista uma integrante da Divisão Feminina que sofre porque o marido não faz a prática budista. Nesses casos, antes de tudo, devem falar: “Não se preocupe. Nossa vida é longa, não há necessidade de se afobar. Seu marido também nasceu com uma grandiosa missão. A oração de uma esposa que pensa sinceramente na felicidade do marido sem falta tocará a vida dele”. Diante dessas palavras, essa esposa com certeza ficará mais tranquila. Dito isso, poderão lhe falar a respeito de como lidar com a situação de maneira concreta.

Na orientação individual, é imprescindível possuir um coração que tem verdadeira estima e afeição pelo outro. É esse sentimento que se transforma em vários tipos de cuidados e preocupações em relação ao outro, e também se manifesta em forma de considerações e palavras de incentivo.

Na sua juventude, Shin’ichi costumava convidar integrantes da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) ao seu apartamento para incentivá-los. Houve ocasiões em que os encorajou preparando-lhes uma refeição ou ainda ouvindo juntos clássicos como Bee­thoven. Além disso, onde quer que fosse, não só no seu Distrito Bunkyo, mas também em Sapporo, Osaka, Yamaguchi ou Yubari, ele sempre se dedicou intensamente às orientações individuais.

Havia um jovem que lutava para pagar as dívidas feitas pelo pai ao mesmo tempo em que sustentava os pais e seus irmãos menores. Também havia um membro da Divisão Sênior que estava doente e desempregado, tinha sob sua responsabilidade a esposa doen­te e ainda uma criança de colo. Todos se esforçavam ao máximo para sobreviver enfrentando a dura e cruel realidade. A orientação indivi­dual é o sagrado empreendimento que consiste em estender a luz da esperança para cada um desses companheiros e fazê-los resplandecer como budas.

Shin’ichi Yamamoto falou de sua própria experiência em relação à orientação individual:

— Até hoje, venho observando muitos líderes e sinto que todos aqueles que vieram se empenhando com sinceridade na realização das orientações individuais não se afastaram da prática budista. Isso porque a orientação individual é um árduo empreendimento sem qualquer ostentação que requer paciência e contínuo esforço. É pondo esse empenho em prática que se consegue aprofundar verdadeiramente a fé. Além disso, em meio aos esforços constantes de realizar a orientação indivi­dual, capacita-se a orientar as pes­soas com base na observação de si mesmo. É por isso que não se afastam da prática. Naturalmente, o shakubuku também é essencial. Contudo, se fizerem somente o shakubuku, e não cuidarem devidamente da sua orientação e do direcionamento após a conversão, acabará se tornando uma luta apenas de momento. Por um lado, como o resultado de shakubuku é algo visível aos olhos, quem o faz é aclamado e elogiado pelos companheiros ao redor. Houve pessoas que se deixaram levar pela vaidade e pela arrogância devido a isso e arruinaram sua fé. Por isso, destinar todas as forças para a orientação individual em paralelo com a realização do shakubuku é a condição indispensável para fortalecer a fé e elevar a condição de vida. O shakubuku e a orientação individual são tarefas para desbravar o espírito por meio do diálogo. Para isso, é necessário possuir coragem para desafiar as adversidades e persistência para não desistir até conseguir. Mas é justamente esse trabalho árduo que cultiva a vida das pessoas e produz o fruto da felicidade. Por favor, peço a vocês que se empenhem incansavelmente no diálogo sincero e continuem desbravando e cultivando a vida dos companheiros. A orientação individual é também o caminho para fortalecer a organização e fazer o calor humano fluir nela.

Todos observavam Shin’ichi com os olhos brilhando de ardente decisão. Ele então sorriu e disse:

— No mundo da Soka Gakkai, a orientação individual é realizada diariamente como algo muito natural. É uma grande rede de incentivos para superar as adversidades e é também um trabalho de restauração da relação de vida a vida entre as pessoas que acabaram sendo afastadas umas das outras nessa sociedade contemporânea. Tenho a convicção de que em meio a nossas ações existe um relevante e importante patrimônio invisível, não só da Soka Gakkai, mas da sociedade como um todo. Com certeza chegará o dia em que a sociedade e o mundo observarão com muito interesse esta verdade.

Reprodução/Foto-RN176  Presidente Yamamoto incentiva os participantes do conselho diretivo de Kyushu sobre a importância da orientação individual

O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.

Fonte:

IKEDA, Daisaku. Batalha Feroz. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 27, p. 259-264.