ROTANEWS176 E POR IG 18/03/2022 05:00 Por Daniela Ferreira
Para além da estética, a cirurgia íntima pode ajudar a melhorar a saúde vaginal; veja como ela funciona e o que levar em conta ao realizar o procedimento
Reprodução/Foto-RN176 Veja o que considerar antes de procurar o procedimento – Pexels/Dainis Graveris
Provavelmente você já ouviu falar das cirurgias vaginais . O procedimento tem chamado a atenção desde que famosas como Mayra Cardi, Virgínia Fonseca e Deolane Bezerra revelaram ter feito cirurgias plásticas na região íntima. Segundo a Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, trata-se de um mercado em ascensão. Entre as cirurgias mais buscadas se destacam a labioplastia, redução do prepúcio clitoriano, vaginoplastia com laser ou cirúrgico, lipoplastia vulvar, “aumento” do Ponto G e perineoplastia.
Segundo a ginecologista Viviane Monteiro, especialista em saúde da mulher, os procedimentos podem trazer benefícios não só estéticos, mas de melhora de qualidade de vida como em casos de frouxidão vaginal, ocorridos devido ao pós-parto ou com o passar dos anos. Contudo, a médica diz que antes de se decidir pela cirurgia íntima é necessário buscar informações e entender o próprio corpo antes de pensar e buscar por procedimentos estéticos.
“Antes da gente falar da estética genital, a gente precisa informar. Só que hoje em dia ainda existe uma desinformação muito grande das mulheres de diversas classes sociais em relação à parte anatômica. Muitas mulheres não conhecem a própria anatomia (vagina, uretra, clitóris), parece uma coisa óbvia, mas elas têm uma dificuldade de identificação”, diz.
Ela ainda reitera que é de extrema importância procurar um profissional capacitado para realizar tais procedimentos.
“É muito importante frisar que é uma cirurgia, mesmo que minimamente invasiva, e deve ser feita por um profissional capacitado. Geralmente os profissionais que são capacitados para a cirurgia íntima, são ginecologistas, urologistas, cirurgiões plásticos e cirurgiões dermatológicos”, explica.
Com relação aos riscos, a ginecologista explica que são semelhantes aos de outras cirurgias do mesmo porte. “O risco cirúrgico é inerente a qualquer cirurgia, afinal é um procedimento no qual a paciente tem que ser submetida à anestesia, podendo ter algum sangramento, formação de hematoma e dor no pós-operatório. É um tipo de cirurgia que pode ter complicações, como qualquer outra”, alerta a ginecologista.
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Para a psicóloga Aline Cassiano Carezzato, do Grupo Reinserir Psicologia, é necessário existir uma reflexão antes de tudo, para que algo que deveria melhorar a autoestima de alguém não acabe causando mais inseguranças.
“Existe um padrão de beleza idealizado construido coletivamente a partir de uma estrutura racista e pedófila que vão na contra mão do que é possível e natural para mulheres cis adultas, portanto, a busca pela vagina perfeita pode ser uma armadilha que limita sexualmente e fomenta inseguranças”, diz a piscologa.
Aline ainda chama a atenção para a responsabilidade dos profissionais sobre o assunto e afirma que autoestima não é algo construído individualmente, mas de forma coletiva.
“É preciso ter muito cuidado ao individualizar uma questão que é construída e constituída coletivamente.Não se pode medir a dor do outro e muitas vezes pessoas optam por cirurgias plásticas para lidar com as violências que sofrem ao se deparar com os corpos fora do padrão, no entanto, é necessário que os profissionais sejam responsáveis e se questionem se de fato estão vendendo autoestima ou apenas compactuando com construção de padrões de belezas idealizados que exclui pessoas”, conclui.