A maior das alegrias

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  31/03/2022 19:38

ESPECIAL / REDAÇÃO

Em 28 de abril de 1253, o buda Nichiren Daishonin revelou o Nam-myoho-renge-kyo e o instituiu como a Lei fundamental do universo, capaz de transformar positivamente o destino das pessoas, conduzindo-as a uma existência de vitórias e de felicidade.

Reprodução/Foto-RN176 Ilustração retrata o Buda, que viveu no século 13 – Editora Brasil Seikyo – BSGI

O budismo surgiu na Índia há cerca de 2.500 anos com Shakyamuni que, preocupado com a felicidade das pessoas, desejou incessantemente descobrir o caminho para uma existência sem sofrimentos. Com essa busca, ele despertou para a verdade de que existe uma lei fundamental, a qual permeia o universo, inclusive a vida das pessoas.

No século 13, no Japão, Nichiren Daishonin, aos 12 anos, começou a estudar os principais ensinamentos budistas. Após muito empenho e dedicação, na idade adulta chegou à conclusão de que o Sutra do Lótus continha o ensinamento mais profundo do buda Shakyamuni. Ele havia despertado para a mais ampla lei da vida revelada no Sutra do Lótus. Essa Lei fundamental denomina-se Nam-myoho-renge-kyo e reside no interior da vida de todas as pessoas.

Ao meio-dia de 28 de abril de 1253, Nichiren Daishonin recitou pela primeira vez em público o Nam-myoho-renge-kyo, e assim deixou sua oração como um legado para a humanidade. Ele também expôs a um grupo de pessoas o Sutra do Lótus e revelou ser este o ensinamento supremo capaz de conduzir as pessoas à iluminação.

Sua declaração aconteceu no templo Seicho-ji, com a presença do seu mestre, Dozen-bo, e de outros sacerdotes. Daishonin afirmou nesse dia que o daimoku (recitação do Nam-myoho-renge-kyo) é a essência do Sutra do Lótus. Foi a partir dessa data que ele começou a propagar seus ensinamentos.

O presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, declara:

O ponto-chave que distingue o Budismo Nichiren de outras escolas budistas foi o estabelecimento desse meio concreto para atingir o estado de buda. Desde que recitou pela primeira vez o Nam-myoho-renge-kyo até o momento de sua morte, Nichiren Daishonin dedicou-se incansavelmente em ensinar esse supremo caminho da iluminação a todas as pessoas da nação japonesa.1

Reprodução/Foto-RN176 Atualmente o Nam-myoho-renge-kyo é recitado na maioria dos países do mundo pelos membros da SGI – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Daishonin dedicou a vida a uma luta de compaixão e de juramento para propagar a Lei Mística, visando revelar o estado de buda das pessoas e eliminar a infelicidade da humanidade. Ao mesmo tempo, combateu durante toda a sua vida as funções malignas que tentavam obstruir a felicidade das pessoas comuns. Nesse processo, ele enfrentou grandes obstáculos e perseguições, empenhando-se para que seu ensinamento fosse transmitido às futuras gerações por meio de seus discípulos e de seus escritos, denominados Gosho.


Prática do daimoku

Os praticantes do Budismo Nichiren fazem orações que consistem na recitação do Sutra do Lótus (gongyo) e do Nam-myoho-renge-kyo (daimoku).

Nichiren Daishonin estabeleceu a prática da recitação do daimoku ao agregar a palavra nam (devotar a vida) à verdade universal de Myoho-renge-kyo (título do Sutra do Lótus, em japonês). Recitar daimoku representa a determinação e o juramento de dedicar a vida à verdade de Myoho-renge-kyo.

Esse é o meio para que todos manifestem a força da Lei Mística concretamente na vida.

Entretanto, Ikeda sensei salienta:
Nichiren Daishonin também adverte que se buscarmos a Lei Mística fora de nós mesmos, por mais daimoku que recitemos, não poderemos atingir a iluminação. Ao contrário, ele adverte que nossa prática budista só se converterá em algo “austero, angustiante e sem fim”. Diz, também, claramente: “Mesmo que recite e acredite no Myoho-renge-kyo, se pensa que a Lei existe fora de seu coração, o senhor não está abraçando a Lei Mística, mas um ensinamento inferior”.2

Com a prática da fé, evidenciamos energia vital, sabedoria, benevolência, ilimitada capacidade e boa sorte, possibilitando que nossa vida brilhe de plena felicidade, expandindo e influenciando positivamente o nosso ambiente.

Cada pessoa é o próprio Nam-myoho-renge-kyo

Todos possuem inerente a condição de buda, pois cada um é o Nam-myoho-renge-kyo. Mas, sem a percepção dessa verdade da vida, muitos não conseguem extrair a força e as funções dessa Lei fundamental.

Quando nos conscientizamos do nosso valor e missão, manifestamos força para nos levantar com iniciativa própria e recitamos Nam-myoho-renge-kyo. Dessa forma, nossa vida é envolta por uma grande alegria capaz de superar quaisquer adversidades.

Nichiren Daishonin declara:

Grande alegria é aquela que uma pessoa experimenta quando compreende pela primeira vez que, desde o início, é um buda. O Nam-myoho-renge-kyo é a maior das alegrias.3

Em sua época, o buda Nichiren Daishonin levantou-se só esforçando-se para propagar ao maior número de pessoas a grandiosidade da Lei. Porém, durante aproximadamente sete séculos, seu ensinamento ficou confinado a um número reduzido de pessoas que se reuniam em templos.

Somente com o surgimento da Soka Kyoiku Gakkai, organização que antecedeu a Soka Gakkai, fundada e liderada pelo seu presidente Tsunesaburo Makiguchi e pelo jovem discípulo, Josei Toda, em 18 de novembro de 1930, é que o Budismo Nichiren passou a ser amplamente propagado com o propósito essencial de salvar as pes­soas e construir uma sociedade de paz e de harmonia. Após 3 de maio de 1960, com a posse de Daisaku Ikeda como terceiro presidente da Soka Gakkai, o budismo se expandiu para fora do Japão. A partir daí, sob a liderança do jovem Ikeda, na ocasião com 32 anos, o Budismo Nichiren foi estabelecido em várias regiões, consolidando-se como uma religião mundial.

Reprodução/Foto-RN176 Na imagem, o sol (símbolo do Budismo de Nichiren Daishonin) nasce por trás do Monte Fuji. – Editora Brasil Seikyo – BSGI

Atualmente, os milhões de membros da SGI em 192 países e territórios se dedicam para pôr em prática os ensinamentos de Nichiren Daishonin na própria vida, edificando uma existência repleta de felicidade. Convictos de que todos têm o direito de desfrutar paz e felicidade e se esforçam para compartilhar este maravilhoso ensinamento com os demais ao redor, unindo corações e contribuindo com sua nobre vida para um mundo melhor.

Significado dos ideogramas


Nam — devotar

Nam (ou namu) é a reprodução fonética dos ideogramas em chinês da palavra original em sânscrito namas, que significa “reverenciar”. O termo foi traduzido a partir do significado dos ideogramas em chinês “devotar a própria vida”, e tem o sentido de fazer da Lei Mística a base da vida.

Myoho – Lei Mística

É assim chamado porque o mistério da vida é de inimaginável profundidade e está além da compreensão comum.

Renge  flor de lótus

O budismo vê a simultaneidade de causa e efeito em todos os fenômenos do universo. Essa dinâmica é simbolizada pela flor de lótus, que produz a flor (causa) e fruto/semente (efeito) simultaneamente.

Kyo — sutra ou ensinamento do Buda

Significa também a transformação do destino, representando a continuidade da vida pelas “três existências” — passado, presente e futuro.

Flor de lótus

É possível compreender a característica da Lei Mística ao observarmos a flor de lótus.

O lótus cresce em meio à água lamacenta e, mesmo nesse habitat hostil, não perde suas características, produzindo uma flor bela com agradável fragrância. Diferentemente de outras plantas, a flor e o fruto crescem de forma simultânea. A flor (causa) e o fruto/semente (efeito) germinam ao mesmo tempo e ilustram a simultaneidade da lei de causa e efeito.

Mesmo diante das mais desafiadoras situações, todos podem desfrutar plena felicidade e mudar o ambiente para melhor. Nosso valor não se modifica conforme a situação que enfrentamos ou o ambiente em que nos encontramos. O importante é saber que boas causas dão bons efeitos.

No topo: ilustração retrata o Buda, que viveu no século 13

 Fontes:

Os Fundamentos do Budismo Nichiren para a Nova Era do Kosen-rufu Mundial. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 12.

Brasil Seikyo, ed. 2.177, 27 abr. 2013, p. A1 e A7.

Idem, ed. 2.419, 12 maio 2018, p. C2 e C3.

Notas:

  1. IKEDA, Daisaku. Atingir o Estado de Buda nesta Existência. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, 2019. p. 15.
  2. Ibidem, p. 19.
  3. Gosho Zenshu[Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, p. 788