ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 31/03/2022 19:43
RELATO
Rodrigo transforma carma em missão, dá adeus às drogas e espalha esperança
Reprodução/Foto-RN176 Rodrigo da Silva Cruz, Membro da Divisão Sênior da Comunidade Camaru, Distrito Uberlândia, RM Uberlândia Sul, Sub. Triângulo Mineiro, CRE Leste. – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Gratidão é tudo para mim. Eu me chamo Rodrigo da Silva Cruz, sou paulistano e moro em Uberlândia, MG, desde 1993. Estar nesta cidade não é mero acaso, mas o resultado de muita oração dos meus avós paternos, Antônio Alves Cruz e Sebastiana Maria Cruz, já falecidos. Eles se converteram em 1984, tornando-se desbravadores da luta pela paz na região do Triângulo Mineiro. O Budismo Nichiren e a Soka Gakkai os salvaram de uma vida de sofrimento, na qual imperava a desarmonia e a batalha contra o alcoolismo. Venceram e nos deixaram esse precioso legado.
Nasci um ano antes, em 1983. Minha família morava em Jandira, SP, e nos fins de ano íamos para Uberlândia visitá-los. Criamos nossa relação com o budismo. Após dez anos, meus pais venderam tudo em São Paulo e fomos para Uberlândia; primeiro, moramos com uma tia e, depois, nos fundos da casa de meus avôs. O Gohonzon, objeto de devoção dos budistas finalmente entra em nosso lar. Assim foi minha infância e início da adolescência na família Soka.
Reprodução/Foto-RN176 Um amigo, ao centro, decide pelo budismo, tendo Rodrigo à direita. – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Vem então o carma da família. Primeiro, minha irmã se envolveu com más companhias. Meu pai, Henrique, hoje meu exemplo de ser humano, passou a beber muito. Ele não praticava o budismo, mas apoiava minha mãe.
Nessa época, aos 20 anos, eu estava sem emprego e sem esperança. Um líder da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) tenta se aproximar de mim, embora eu sempre fugisse dele (risos). Mas, pela sua sinceridade, torna-se meu exemplo de luta. Ele é meu amigo e veterano.
Juntos, conhecemos o Centro Cultural Campestre (CCCamp) em São Paulo. Que local mágico! Na reunião, ouvi de um líder: “Uma vida significativa é aquela que vivemos em prol de uma missão”. Aquelas palavras me acompanharam por toda a viagem.
Chegando a Uberlândia, com minha mãe, minha guerreira Izabel, decidi vencer a tudo. Fui nomeado responsável por um bloco, promovendo uma grandiosa luta. Entendi que meu pai sofria também e assim comecei um desafio de três horas diárias de daimoku. Em 2006, vitória: a primeira participação dele em uma reunião e, no dia seguinte, a decisão: “Vou me tratar!”.
Reprodução/Foto-RN176 Rodrigo no seu atual trabalho de terapeuta – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Avancei ainda com mais garra, sendo nomeado responsável por um distrito. Nos grupos horizontais, tenho imensa gratidão por ter sido treinado no Sokahan e no Gajokai, grupos de bastidores da DMJ. São lembranças de ouro que trago no peito. Apoiei a luta na Divisão dos Estudantes (DE), o que me fez retornar aos estudos do ensino médio. E entrei na Faculdade de Direito, com uma bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos)
Enfrentando o meu carma
Em 2013, porém, numa festa da faculdade, um “amigo” me oferece algo e experimento. Começava ali meu maior desafio na vida: a dependência química. Uma parte de mim, sabendo que era errado e, a outra, sem forças para reagir. Não foi fácil. Comecei a perder empregos, relacionamentos, a confiança das pessoas.
Participava das reuniões e me desafiava a recitar daimoku, sempre com o apoio dos meus companheiros Soka. Passei por algumas clínicas terapêuticas, locais em que fazia daimoku e ensinava aos amigos que cultivei. Concretizei shakubuku em alguns.
Minha luta interna era grande. Na mente, um trecho de um escrito de Nichiren Daishonin, A Felicidade neste Mundo:
Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemente do que aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei?¹
Reprodução/Foto-RN176 Avós paternos seguram no colo uma garotinha que atualmente é jovem da localidade – Editora Brasil Seikyo – BSGI
A situação se prolongou e, por persistir, recuperei meu eu, longe das drogas. Vitória! Agora, queria oferecer luz a outras pessoas.
Ano passado, eu me formei da amada DMJ, em 16 de julho, reafirmando o juramento de ser um verdadeiro pilar de ouro, como membro da Divisão Sênior (DS). Determinei recitar cinco horas de daimoku diárias até dezembro. Novos desafios surgiram, com o diagnóstico de esquizofrenia. Nada me tirou do eixo. Era hora de avançar!
Em agosto, participei da minha primeira convenção na DS e senti uma alegria indescritível. Ao sair, escrevi novamente para Ikeda sensei, recebendo em seguida a resposta: “Desfrute ótima disposição”.
Transformei meu carma em missão! De um vago desejo, decidi fazer cursos na área. Finalizei o ano com leveza na alma, tendo recitado 2 milhões de daimoku nesse período. Lacrei no peito o juramento de erradicar o carma de drogas e de alcoolismo da minha família.
Em janeiro deste ano, comecei a dar treinamento e palestras em uma clínica terapêutica. Conclui outro curso como palestrante motivacional. Em paralelo, construí o projeto “Recomeçar”. Eu o apresentei e obtive o apoio da Secretaria Antidrogas, da Prefeitura Municipal de Uberlândia. Em fevereiro, eu me formei terapeuta.
Reprodução/Foto-RN176 Em reunião com os companheiros; ao fundo, no centro, o veterano Wellington – Editora Brasil Seikyo – BSGI
Recentemente, iniciei um trabalho numa clínica para tratamento de dependentes químicos em Abadiânia, GO. Nas minhas recaídas, perdi a chance de bons empregos e duvidava do meu potencial. Porém, para quem tem um mestre na vida, não há como ser derrotado. Venci!
Agradeço aos meus avós, à minha família, aos queridos companheiros Soka. Reafirmo meu juramento de concretizar o kosen-rufu, sempre com ótima disposição e meu direcionamento de atuação na DS orientado pelo Mestre. Muito obrigado!
Rodrigo da Silva Cruz, 38 anos. Terapeuta e palestrante motivacional. Membro da Divisão Sênior da Comunidade Camaru, Distrito Uberlândia, RM Uberlândia Sul, Sub. Triângulo Mineiro, CRE Leste.
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Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2019.