Famílias de manifestantes indignadas com duras condenações em Cuba

ROTANEWS176 E POR AFP0 1/04/22 13h58

Reprodução/Foto-RN176 Um homem é preso durante uma manifestação contra o governo cubano no setor de Arroyo Naranjo, em Havana, em 12 de julho de 2021 – AFP/Arquivos

“Dentro de mim há uma revolucionária sofrendo”, diz Virgen Frómeta, irmã de um cubano com cidadania alemã, que saiu para protestar em 12 de julho em Havana e foi condenado a 25 anos pelo crime de sedição.

“Peço liberdade imediata para meu irmão” Luis Frómeta Compte, de 59 anos, e “para todos os presos” de 11 e 12 de julho, disse Virgen à AFP com lágrimas nos olhos.

Luis estava há 40 dias em Cuba vindo de Dresden, na Alemanha, quando as manifestações sem precedentes eclodiram deixando um morto, dezenas de feridos e 1.395 detidos, dos quais 728 ainda estão presos, segundo a última contagem de ONG Cubalex, com sede em Miami.

O pedreiro Emilio Román, de 51 anos, também está arrasado. Seus três filhos foram condenados por sedição. O mais velho, Yosney Emilio Román (25 anos) e sua irmã Mackyani Yosney (23) receberam penas de 12 anos de prisão, enquanto o mais novo Emy Yoslan (18) foi condenado a sete anos.

Durante as duas semanas que duraram os julgamentos em janeiro, Román permaneceu na entrada do tribunal.

“Não tive forças para (entrar), para ver a injustiça que estavam cometendo com todos aqueles meninos”, diz ele.

As duras sentenças assustaram a muitos, inclusive o cantor e compositor Silvio Rodríguez, defensor ferrenho da revolução cubana.

“Condenados a 15, 20 e 30 anos por desordem pública? Não me parece justo”, comentou Silvio no site de notícias Cubadebate.

“Se cometeram atos de violência pelos quais são acusados, tudo bem que sejam julgados, e que sejam aplicadas as penas correspondentes. Mas que eu saiba, não mataram ninguém”, questionou.

Nos vídeos, Mackyani apenas “está com uma garrafa na mão”, esclarece o pai. No caso de seus irmãos, o processo indica que “atiraram pedras e garrafas em agentes do Ministério do Interior”.

Houve manifestantes que jogaram “garrafas incendiárias” nos policiais, mas nenhum “foi atingido”, admite.

Os promotores se defenderam das críticas, argumentando que agiram de forma transparente e de acordo com a lei. Eles também reclamam que receberam ameaças de morte por suas ações.

A União Europeia expressou “grande preocupação” na quarta-feira com as altas sentenças judiciais, que considerou “desproporcionais”, e, assim como os Estados Unidos, pediu a libertação “de todos os presos políticos e pessoas detidas por exercerem suas liberdades de reunião e expressão”.