Coração herdeiro

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  14/04/2022 18:50

RELATO

Monique encara sofrimentos, encontra amor familiar e cultiva sonhos

Reprodução*/Foto-RN176 Monique Mayumi Yazawa, Membro da DE-Herdeiro, Comunidade Ipiranga, Distrito Recife, RM PE Norte, Sub. Nordeste 1, CRE Leste. – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

A dor de perder a mãe não cicatriza nunca. Eu tinha 5 anos quando a minha mãe se foi, em 2013, deixando um vazio imenso em nossa família. Sara era seu nome. Meu pai, Antonio Keniti, nasceu no Budismo Nichiren, que conheceu aqui em Recife (PE). Estava afastado da prática e conseguiu retornar um ano e meio após a morte da minha mãe. Sorte nossa. Assim, mesmo pequena, não deixo de observá-lo horas e horas diante de um oratório, recitando as mesmas palavras. Hoje, sei que buscava forças para recomeçar, retornando ao seu ponto primordial.

Dois anos depois, em 2015, estamos todos com o desafio de superar a situação, meu pai e meus irmãos mais velhos, Kamilla e Anderson (26 e 25 anos, respectivamente), meu primo Hideki (20 anos), que meu pai cria desde pequeno, e eu. Nesse momento, o budismo entra firme em nossa vida. Eu não entendia quase nada. O significado do Nam-myoho-renge-kyo (as palavras que meu pai recitava), da religião em si. Aos 7 anos, não consigo lidar com um monte de coisas, e muitas dúvidas no coração. Porém, aos poucos, aprendo alguns conceitos básicos e sobre a importância da prática. Passo a fazer muito daimoku para minha família, para mim e sempre por minha falecida mãe. Eu a amo demais, e estará sempre comigo.

Nesse período, sou estimulada a participar das reuniões da Divisão dos Estudantes (DE) e a integrar um grupo horizontal. Entro no Taiga, grupo incrível. A dança é também um símbolo de amor e me encantei com os ensaios, as novas amigas e todo aquele acolhimento. Acredito que a BSGI com esses grupos abre possibilidades para que o jovem descubra formas de despertar suas potencialidades. E se reconstrua, como eu.

Reprodução/Foto-RN176 Família Yazawa: da esq. para a dir., Anderson, Mayumi, o pai Antonio, a madrasta Andreia, e Kamilla. Agachados estão Dyelson e Hideki. – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Passados uns anos, meu pai encontra uma nova companheira, Andreia. Em casa, o relacionamento com meus irmãos não ia muito bem. Minha irmã mais velha sem tempo de me dar atenção, e eu na fase de questionamentos. Não me sentindo preenchida pelo amor que buscava, eu me isolo. As lembranças constantes da minha mãe martelavam minha cabeça. A depressão se avizinha.

Em 2019, meu pai e minha madrasta decidem morar juntos e sigo com eles. Buscam ajuda psicológica para mim. Com o tratamento e muito daimoku, consigo comprovar que não há oração sem resposta. Aprendo que, diante dos problemas que surgem, posso vencer. Encaro e resolvo. Com a pandemia, por exemplo, todos em casa contraí­ram a Covid-19, mas não perdemos a esperança e tudo se ajustou bem. Tenho comigo um trecho de um escrito de Nichiren Daishonin:

Sofra o que tiver de sofrer, desfrute o que existe para ser desfrutado. Considere tanto o sofrimento quanto a alegria como fatos da vida e continue recitando Nam-myoho-renge-kyo, independentemen­te do que aconteça. Que outro significado isso poderia ter senão a alegria ilimitada da Lei?¹

Reprodução/Foto-RN176 Com as integrantes do grupo de dança Taiga, antes da pandemia da Covid-19. – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Creio que a vida é igual a uma montanha russa, sabe? Altos e baixos. Mas quem tem uma vida “perfeita”? Estou há sete anos na Soka Gakkai, e com convicção posso dizer que me sinto encorajada em tudo. Leio os incentivos de Ikeda sensei e procuro pôr em prática.

Aos 14 anos, curso o nono ano do ensino fundamental 2, estou contente de estar com meu pai e minha madrasta, uma segunda mãe para mim! Ganhei também um irmão, o Dyelson, vice-responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de bloco. Sigo na luta de ser feliz e amadurecer para me tornar uma pessoa melhor e encher meus pais de orgulho, os quais já me deram tudo. Agora, quero oferecer o dobro a eles.

Meu pai é líder de distrito e bastante dedicado. Minha madrasta, que também nasceu no budismo (olha a minha boa sorte), é vice-responsável pela Divisão Feminina (DF) de comunidade. Tenho um bom relacionamento com meus irmãos também, quase todos praticantes. Orgulho-me de minha família.

Reprodução/Foto-RN176 Atividade da Academia Magia da Leitura. – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

Hoje, sei o que é amor. Aprendi o que é companheirismo e sobre a força do diálogo. Atualmente, não vou mais ao psicólogo. Sei que precisei no início, mas, diante do Gohonzon (objeto de devoção), que nós budistas temos em casa, os sentimentos afloram. Às vezes, choro; em outras, sorrio. Converso mentalmente com ele em minhas orações e me sinto mais leve. É como se todos os problemas não fossem nada. E assim não me abalo, jamais!

Sou da DE-Herdeiro e aqui as atividades para os estudantes são mensais, em nível de RM. Procuro me conscientizar de cultivar uma forte relação com o Mestre para compreender a nossa missão como sucessores Ikeda. Adoro ler os relatos na RDez!

Divido com vocês a linda experiência de participar da Academia Magia da Leitura (AML), ano passado, projeto da nossa Região Estadual, que integra a Coordenadoria Educacional (CEduc) da BSGI. Uma ajuda e tanto no meu desenvolvimento de oratória e como pessoa. No formato on-line, as meninas e eu fazíamos um rodízio, para as atividades de sábado. Em uma semana, a apresentação (shikai) é por minha conta; na outra, leio um poema de cordel. E assim vou me soltando aos poucos. É um aprendizado estimulante.

Reprodução/Foto-RN176 Nos poucos momentos com a mãe, Sara – Editorial do Brasil Seikyo – BSGI

E o futuro? Penso morar no Japão. Antes, quero fazer faculdade de medicina, para ser uma cirurgiã plástica, e estar em uma condição de vida elevada. Nosso mestre nos ensina a cultivar sonhos, não é mesmo? Tenho outro: construirmos um centro cultural da BSGI aqui em Recife. E ver o budismo chegar ao coração de muitas pessoas, porque é maravilhoso! Obrigada!

Monique Mayumi Yazawa, 14 anos. Estudante. Membro da DE-Herdeiro, Comunidade Ipiranga, Distrito Recife, RM PE Norte, Sub. Nordeste 1, CRE Leste.

 No topo: Monique Mayumi Yazawa
Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 713, 2019.