ROTANEWS176 E POR IG 16/04/2022 04:00 Por Daniela Ferreira
A técnica de estimulação ovariana é essencial para os tratamentos de reprodução assistida; saiba mais
Reprodução/Foto-RN176 O Dr. Rodrigo Rosa explica mais sobre a técnica – Divulgação
A cada ano cresce a procura pela fertilização assistida . Uma parte fundamental desse processo é a estimulação ovariana, técnica que consiste em estimular os ovários a liberarem mais óvulos durante um único ciclo menstrual.
“No ciclo menstrual normal, múltiplos folículos, as estruturas que contêm os óvulos, são estimulados a crescer. Apenas um amadurece o suficiente para liberar o óvulo em seu interior, processo que é controlado pelo organismo através de hormônios. Então, na estimulação ovariana administramos esses hormônios em uma maior dose para fazer com que vários folículos consigam amadurecer e liberar seus óvulos”, explica Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana.
Segundo o médico, a estimulação ovariana, apesar de ser constantemente relacionada a fertilização in vitro e ao congelamento de óvulos por serem procedimentos mais comentados, é um processo comum a praticamente todas as técnicas de reprodução assistida que visam tratar a infertilidade feminina causada por disfunções ovulatórias, incluindo também a inseminação artificial e o coito programado.
“Independentemente da técnica de reprodução assistida, antes da estimulação ovariana propriamente dita, realizamos uma série de exames para avaliar as condições atuais do sistema reprodutor da mulher para estimar a eficácia do tratamento e verificar a existência de qualquer alteração que possa atrapalhá-lo”, explica.
Uma vez que as condições estejam adequadas, a estimulação ovariana é devidamente iniciada através da administração de hormônios que vão estimular que mais folículos amadureçam. Mas a intensidade desse estímulo, e consequentemente a dosagem dos hormônios, será definida caso a caso de acordo com uma série de fatores, como a reserva ovariana da mulher, sua produção habitual de óvulos e a complexidade da técnica de reprodução assistida a ser utilizada.
“Nas técnicas de baixa complexidade (coito programado e inseminação artificial), em que não temos controle sobre o processo de fecundação por ocorrer no organismo, é importante que a estimulação seja menos intensa para obtermos uma menor quantidade de óvulos e assim evitar o risco de uma gestação múltipla”, ressalta o Rodrigo Rosa.
Reprodução/Foto-RN176 Imagem ilustrativa – Foto de Nadezhda Moryak no Pexels
“Já nas técnicas de maior complexidade, como a fertilização in vitro, o estímulo ovariano pode ser mais intenso, uma vez que a fecundação ocorre de maneira controlada no laboratório e apenas uma certa quantidade de embriões é transferida para o útero. Na verdade, para a FIV, é interessante termos uma maior quantidade de óvulos coletados, o que aumenta o número de embriões viáveis e assim as chances de sucesso do tratamento. Os óvulos e embriões não utilizados podem ser tranquilamente congelados ou doados”, prossegue.
Ele ainda explica que todo esse processo de estimulação ovariana é acompanhado através de ultrassonografias. Quando os folículos estão devidamente amadurecidos inicia-se a etapa conhecida como indução da ovulação, que, também através da administração de hormônios, faz com que os folículos se rompam e liberem os óvulos.
“Nos tratamentos de baixa complexidade, é nesse momento em que os óvulos são liberados que os espermatozoides devem alcançá-los para que a fecundação ocorra, seja através da relação sexual programada ou da inseminação artificial. Já nos casos de fertilização in vitro, os óvulos são removidos com uma agulha colocada na vagina sob orientação de ultrassom para serem fecundados em laboratório”, afirma o médico.
Durante todo o processo, a paciente pode sentir alguns efeitos colaterais comuns à utilização dos medicamentos hormonais, mas que vão variar caso a caso, podendo incluir, por exemplo, inchaço, enjoo, ganho de peso, cansaço e irritabilidade. Mas, para a tranquilidade das mulheres que se submeterão ao processo, a estimulação ovariana é bastante segura, desde que devidamente acompanhada por um médico especializado.
“Além do risco de gestação gemelar, a principal complicação relacionada à estimulação ovariana é a Síndrome do Hiperestímulo Ovariano, que, apesar de bastante rara, pode ocorrer caso o procedimento não seja realizado da maneira adequada, fazendo com que os ovários produzam uma quantidade excessiva de hormônios, que, por sua vez, podem levar ao surgimento de problemas como alterações metabólicas, trombose e até mesmo perda da gestação. Por isso, antes de realizar qualquer procedimento de reprodução assistida, o mais importante é que você tenha certeza de que o profissional responsável é experiente e devidamente certificado para realizá-lo de forma a evitar complicações”, finaliza.