Seu dente pode morrer sem que você perceba

ROTANEWS176 E IG 26/12/2016 11:52                                                                                                               Por Aline Viana

A morticação pulpar pode ser causada por cáries ou traumas que ultrapassem a capacidade de defesa do organismo

Pouca gente sabe, mas os dentes podem morrer. Esse processo tem até nome: mortificação

pulpar. Ele acontece quando o tecido vivo, a polpa ou “nervo”, que há no interior do dente morre.

O processo de mortificação pulpar é assintomático até o momento que ela se estende para o

periodonto (estrutura de suporte do dente): “Neste momento o paciente começa a ter

sensibilidade a palpação, dor na mastigação, sensação de dente crescido, leve mobilidade,

inchaço local, sensibilidade ao alimento mais quente”, aponta Cássia Sigueta Detilio, dentista especializada em implantodonti

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Reprodução/Foto-RN176  Mortificação pulpar

mortificação pulpar pode se manifestar de forma aguda ou crônica, complementa Cláudia

Freitas (CRO-SP 75.271), dentista da Quallis Odontologia: “Se aguda, os sintomas são dor

espontânea, aumentada pelo calor, contínua e raramente localizada. Se crônica, há a ausência

de dor espontânea, só ocorrendo quando provocada, por exemplo, durante a mastigação ou toque no dente”.

“Eu quis até arrancar o dente de tanta dor!”

A jornalista Clarissa Janini sofreu um caso de mortificação pulpar no primeiro semestre deste

ano. Os primeiros sintomas não permitiam que ela identificasse a natureza da dor, segundo

Clarissa: “Eu sentia um pouco de sensibilidade do meu lado inferior direito, tanto para água

gelada como para comer alimentos mais duros. Como não era frequente comecei a jogar o

alimento mais pro lado esquerdo. E aí, fui piorando aos poucos até a véspera de uma viagem

de férias, quando sentia uma dor muito forte no maxilar direito – nem dava para identificar

qual dente era”.

Ela tentou amenizar a dor com antiinflamatórios antes da viagem, porém, a dor se intensificou.

Clarissa procurou um dentista durante a viagem e também um pronto-socorro, mas não

obteve um diagnóstico para o problema. “Eu estava até querendo arrancar o dente de tanta

dor! O dentista recomendou um antiinflamatório a base de buscofeno, mas os intervalos que

eu tinha tomar foram ficando cada vez menores: foi um alívio muito fugaz”, conta ela.

Clarissa consultou sua dentista e a própria mãe, que é médica, via Whatsapp, e ambas a

orientaram a pedir um antibiótico no pronto-socorro local, apenas com essa medicação a dor

diminuiu a ponto de ser identificável qual era o dente dolorido.

Resultado: a jornalista antecipou a volta pra casa, em São Paulo, onde sua dentista de

confiança só chegou ao diagnóstico correto após uma longa análise e uma série de radiografias e testes para enfim identificar a mortificação pulpar.

A causa da mortificação pulpar de Clarissa, porém, não foi identificada. Ela pode ter ocorrido

meses antes dos primeiros sintomas – o aumento da sensibilidade do dente, no caso, para

alimentos gelados e mais duros. Entre as causas da mortificação, podemos destacar a cárie ou

algum trauma que ultrapasse a capacidade de defesa da polpa, levando-a à necrose completa.

A dentista removeu a parte necrosada e realizou um tratamento de canal no local para

preservar o dente. “O tratamento levou umas três ou quatro consultas, mas eu ainda sinto esse dente mais sensível que os outros”, avalia Clarissa.

Dente morto e agora?

O tratamento é basicamente o recebido pela jornalista Clarissa Janini, segundo a Claudia

Freitas: “É feita a remoção polpa necrosada, a limpeza e desinfecção do interior do canal e

seu selamento com material obturador”. Pode haver a necessidade de que o paciente tome analgésicos e antibióticos.

Se o paciente for atendido em tempo hábil por um dentista, não há risco de perda do dente.

“Após o tratamento endodôntico, vamos obter um dente sem vitalidade, mas não haverá a perda”, diz Cássia.

“Se o processo de mortificação pulpar for agudo, o socorro deverá ser imediato para conter a

dor. Se for crônico, ele poderá se programar para uma futura consulta a curto prazo, pois está

com um processo degenerativo em andamento na sua boca”, alerta Cláudia.

Como não entrar nas estatísticas da mortificação pulpar

A prevenção da mortificação pulpar se dá com uma higiene bucal adequada: com escovação

após as refeições, uso do fio ou da fita dental e visitas periódicas ao dentista – assim ele poderá identificar possíveis cáries ou outros agentes irritantes da polpa no início do processo e, assim, evitar a necrose.