A força de um jovem

ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO  11/06/2022 15:12                                                                      RELATO / REDAÇÃO 

Diego manifesta na vida os resultados da determinação e da oração confiantes

Reprodução/Foto-RN176 Diego, com a esposa, Jessica, e o filho, Pedro Lucca. Diego Freire de Souza, Responsável pela DMJ da Regional Horto Florestal, RM Jaçanã, Sub. Norte, CNSP – Foto: arquivo pessoal

“Jamais ser derrotado!” De tantas vezes que ouvi e aprendi sobre esse lema, acabei gravando-o na vida. Ao entrar para um grupo horizontal na Soka Gakkai, muitas vezes não nos damos conta do precioso valor de cada dia passado ali. Desde os 8 anos vivencio gratas experiências; primeiro, no Núcleo de Desenvolvimento da Orquestra (NDO) e, depois, quando começo a atuar, no Gajokai, grupo de bas­tidor da Divisão Masculina de Jovens (DMJ) da BSGI. Isso me permitiu ser treinado até hoje. Com base na prática da fé, comprovo com gratidão a vitória sobre as maldades e os sofrimentos.

Sou Diego Freire de Souza, filho mais velho, seguido de perto pela minha irmã Gleisse Freire, de 34 anos, e Karine Freire, 30. Desfruto a imensa boa sorte de ter nascido numa família de praticantes budistas, razão que fez minha mãe, Norma Suely, me estimular desde cedo a fazer parte das atividades e dos núcleos de aprimoramento na família Soka.

Na infância, vejo a luta dos meus pais para nos manter. Morávamos de aluguel. Meu pai, Benedito Cadena, não praticava, além de ter sérios problemas com a bebida. Minha mãe, que trouxe o budismo para o nosso lar, trabalhava em escola. Procuramos nos manter unidos, superando cada desafio, e com muito esforço conseguimos nossa casa própria. Mudamos várias vezes de região até nos fixar na Barra Funda, bairro de São Paulo, SP, e na organização local da BSGI que nos acolheu com carinho, assim como nas demais localidades pelas quais passamos.

Reprodução/Foto-RN176 Os pais, Norma e Benedito (em memória), registro feito na celebração dos 70 anos dele – Foto: arquivo pessoal

Um fato marcante ocorre em 2001. Meu pai manifesta forte dor no peito que irradia para o braço esquerdo, início de infarto. Na internação, constata-se que as veias do coração estavam entupidas, sendo necessária cirurgia, que, na época, indicava sério risco de morte. Eu tinha 15 anos, minhas irmãs, 14 e 9 anos. Fazíamos daimoku pela vida do meu pai, parando apenas para beber água, tomar banho e comer. Após 21 dias da cirurgia, meu pai voltou para casa, transformamos o veneno em remédio. Ele parou de beber e nos tornamos grandes amigos. E ele também me apoiou quando assumi como responsável por bloco, depois comunidade, e fui vice-responsável pela DMJ de distrito na região da Barra Funda. Meu pai faleceu de infarto, em 2015, tendo prolongado a vida por mais de dez anos. Conseguiu nos deixar legado de comprovação financeira, sendo expert em planejamento, dinheiro que antes gastava com bebidas. Meu herói, meu grande exemplo.

Juventude de aprimoramento

Ingresso no Gajokai em 2006, aos 20 anos, e no ano seguinte passei a trabalhar na empresa em que estou até hoje. Comecei como vendedor de celular. Um ano antes de completar dez anos de empresa fui promovido a gerente e, em 2020, assumi a principal unidade da rede, loja conceito e projeto, na qual permaneço atualmente. Com a prática budista desde a infância, venho sendo lapidado a ter convicção, esforço e persistência. Apresentei este maravilhoso budismo aos meus colegas de trabalho, e um deles recebeu seu Gohonzon (objeto de devoção) em 2019.

Reprodução/Foto-RN176 Ao centro com a mãe, Norma, e Pedro no colo, tendo as irmãs nas laterais: Karine à esq. (cabelo curto), e Gleisse, a dir. da foto. – Foto: arquivo pessoal

Sim, faltava o amor, objetivo laten­te no coração. Por não duvidar e seguir com firmeza, em 2012, Jessica surgiu em minha vida, por intermédio de um amigo do trabalho. O carinho e a atenção dela se fizeram presentes não só nos bastidores como força para minha atuação na BSGI e para meu trabalho, como por ocasião do falecimento do meu pai. Sempre meu porto seguro. O noivado vem em 2016, e os planos de casamento dois anos depois.

Não sei se todos sabem, mas a atuação no Gajokai é de proteção às sedes e aos centros culturais da nossa organização, que chamamos de castelos do kosen-rufu. Sempre ouvimos no budismo que tudo são causa e efeito. E assim, um ano antes de nos casar, em 2017, conquistei nosso castelo, nossa casa própria no bairro do Tremembé, SP. Eu me sentia pleno por ser jovem, possuir emprego estável, casa própria e uma companheira de todas as horas. Sabia que poderia contar com o daimoku dela nas horas cruciais, mesmo ela ainda não sendo membro oficial.

Coragem para suportar

Chega 2020, trazendo medo e sofrimento com a pandemia da Covid-19. Inicia-se período em que tive de viver cada direcionamento do Mestre. Primeiro, a morte do meu sogro, causada pelo coronavírus, o que afetou em muito o psicológico da Jessica. Ela é formada em gestão financeira, e no trabalho como gerente de uma clínica não estava feliz. Então, recitou daimoku (Nam-myoho-renge-kyo) para conseguir um emprego próximo de casa, com mais flexibilidade de horários. Meses depois, conquista vaga no mercado on-line e gerencia empresa na área.

Reprodução/Foto-RN176 Encontro on-line na localidade – Foto: arquivo pessoal

Após o grande vendaval de casados, outro veio ainda com mais força. No segundo semestre de 2020, descobrimos que estávamos “grávidos”; nos três primeiros meses, passamos pela dificuldade de Jessica ter 50% de descolamento da placenta, o que exigia acompanhamento com mais cuidado. Os médicos diziam que até a vigésima semana de gravidez havia risco de perda. Vencemos essa etapa, mas, pouco tempo depois, minha esposa teve sangramento e foi internada no hospital para postergar ao máximo o parto. Descobrimos ali a ocorrência de insuficiência istmocervical, manifestada em 1% das gestantes, quando o colo não aguenta o peso do bebê e, em algum momento da gestação, tem abertura e trabalho do parto prematuro.

Foram meses doloridos, de muita insegurança, pois todo aquele trauma acarretaria possíveis sequelas no nosso bebê. Recebemos total apoio e incentivos da família Soka, nos nossos trabalhos, dos amigos, vizinhos, da nossa família. Muitas idas e vindas ao hospital. Não pude deixar de observar que naquele local antes funcionava a sede da antiga RM Paulista, onde cresci em meio às atividades da Divisão dos Estudantes (DE) e da Divisão dos Jovens (DJ). Atuei no Gajokai regional lá e aprendi muito com os estudos e o daimoku recitados. Nesse hospital, sente-se clima de muito humanismo e, para mim, tem um profundo significado estarmos justamente ali.

Reprodução/Foto-RN176 Atuando pelo Gajokai (grupo horizontal  de proteção da BSGI) – Foto: arquivo pessoal

Após uma semana, novo trabalho de parto. Nosso filho não resistiu, sem vida depois de seis meses de gestação. Foi necessário cremá-lo sem a presença da minha esposa, que não poderia sair do hospital, ocasião em que tive ao meu lado poucos familiares e amigos, em razão de altos casos de Covid-19. Não me senti sozinho, embora triste, mantendo a fé com minha prática para manifestar força e seguir. Nova gravidez três meses depois, medo inicial, mas decidimos lutar pelo nosso herdeiro. Com quinze semanas, fizemos uma cirurgia chamada cerclagem, que são pontos no colo do útero para manter fechado e firme conforme o bebê cresce.

Como nenhuma oração fica sem resposta, aprendemos que, se tivéssemos perdido o primeiro filho antes das vinte semanas, não saberíamos da doença e possivelmente não ocorreria o tratamento nessa segunda gestação. Minha esposa teve liberação na empresa para exercer trabalho home office e seguir em repouso. Na minha empresa também recebi apoio total dos gestores. E, na família Soka, incentivos e chances de luta não faltaram. Quanta gratidão!

No dia 2 de fevereiro de 2022, vem ao mundo Pedro Lucca, em poucos minutos de cirurgia, 38 semanas de gestação. Que emoção indescritível! No entanto, ao voltar para perto de minha esposa, a equipe se mantinha séria. Jessica teve complicações e hemorragia, corria o risco de perda do útero. Ela foi entubada, e me tiraram da sala. Meu pensamento foi preenchido de daimokudaimoku e daimoku. A cirurgia foi finalizada após quatro horas, Jessica seguiu para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Reprodução/Foto-RN176 Dia de treinamento na empresa – Foto: arquivo pessoal

A alta vem depois de uma semana de vida do nosso filho. Agora, em casa, juntos e vitoriosos. Pedro Lucca está com saúde e é a alegria da família. Ele fez 4 meses no dia 2 de junho, três dias antes do meu aniversário. Recebo este presente como um tesouro inestimável: a confiança na vitória. Algo que aprendi com Ikeda sensei, por meio de suas constantes orientações.

Em todos os momentos, um trecho do Gosho Abertura dos Olhos, de Nichiren Daishonin, o qual declamamos no Gajokai, se tornou base em minha vida:
Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.1

Reprodução/Foto-RN176 Reunião da Divisão Masculia de Jovens (DMJ) de distrito, na qual o amigo (terceiro da esq. para dir.), recebe o Gohonzon, antes da pandemia da Covid-19; Diego está na lateral direita da imagem – Foto: arquivo pessoal

Quero agradecer à minha espo­sa pela guerreira que foi, e por todo o apoio que ela sempre me oferece para que eu possa me dedicar aos companheiros Soka pelo grandioso movimento de levar felicidade às pessoas. Atualmente, sou responsável pela DMJ de regional, grato pela chance de aprimoramento em lapidar minha vida. Companheiros do Distrito Fazendinha, Regional Horto e a liderança da RM Jaçanã e Sub. Norte, meus sinceros agradecimentos. Vocês nunca me abandonaram. À minha mãe e às minhas irmãs, gratidão eterna. Ao meu amado Gajokai, a certeza de que honrarei o lema eterno de “Jamais ser Derrotado”! Conte comigo, Ikeda sensei!
Diego Freire de Souza, 35 anos. Gestor comercial. Responsável pela DMJ da Regional Horto Florestal, RM Jaçanã, Sub. Norte, CNSP.

No topo: Diego, com a esposa, Jessica, e o filho, Pedro Lucca

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2019.

Fotos: arquivo pessoal