ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 09/06/2022 15:40 CADERNO NOVA REVOLUÇÃO HUMANA
Capítulo “Aguardando o Tempo”, volume 30
Ho Goku
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações Kenichiro Uchida
PARTE 53
Shin’ichi Yamamoto perguntou aos participantes a respeito da vida deles, e aproveitando os assuntos que surgiam, orientou-os e os incentivou sobre a prática da fé e liderança. Pode-se dizer que todos desejavam ter muito um diálogo como esse com Shin’ichi.
O assunto passou para a postura com a qual os líderes deveriam se relacionar com os membros:
— Como líderes, sempre devem respeitar e valorizar o desejo dos membros e ter cuidado para não os ofender ou ferir seus sentimentos. Claro que existem todo tipo de pessoa. Nem todo mundo simplesmente vai aceitar o que vocês têm a dizer. Ser um líder é muito desafiador, mas a verdadeira prática budista consiste em envolver a todos com um grande coração e empenhar dedicados esforços para que se tornem felizes incentivando-os pacientemente. Esses esforços sem falta se transformarão em benefícios e boa sorte de si próprios. Na canção que cantávamos nos primórdios da Soka Gakkai havia o trecho que dizia: “Com a compaixão / Que acolhe até mesmo o mar”. Se cantarem dessa maneira, mas não porem em prática, isso é um problema, não acham?
A risada se espalhou entre todos.
— Então, vamos recitar gongyo!
O gongyo se iniciou sob a liderança de Shin’ichi. A leitura da liturgia e a recitação do daimoku do juramento seigan de mestre e discípulo pelo kosen-rufu reverberou com força e vigor.
A partir das 15h30 foi realizada uma reunião de diálogo e promovido um jantar. Shin’ichi participou com a Divisão Sênior e a Divisão Feminina no sétimo andar e ouviu relatórios e comunicações dos componentes sentados à sua mesa. Depois de terminarem a refeição no quarto andar, os integrantes da Divisão dos Jovens se juntaram ao grupo no andar em que Shin’ichi estava e então se iniciou uma série de apresentações.
Um coral interpretou a música Nangoku Tosa Wo Ato Ni Shite [Deixando Tosa], e um grupo de dança apresentou Awa Odori [Dança Folclórica], seguida de várias outras atividades musicais. Shin’ichi aplaudiu com entusiasmo a cada apresentação e incentivou os membros a se divertirem. Quando as músicas e as danças chegaram ao fim, ele disse:
— Então, tocarei piano.
A primeira música que se ouviu foi Atsutamura [escrita em memória do seu mestre].
Ele tocou piano com o desejo de que, mais que nunca, naquele momento, os membros avançassem com coragem e bravura, imbuídos do espírito de levantarem-se sós em meio à nevasca do Mar do Norte, assim como seu venerado mestre, Josei Toda.
Provações fortalecem o caráter das pessoas. Aqueles que desafiam intrepidamente as fortes nevascas que obstruem o caminho do kosen-rufu são os maiores heróis.
PARTE 54
Shin’ichi Yamamoto seguiu tocando Atsuhara no Sanresshi [Os Três Mártires de Atsuhara] e Sakura [Cerejeiras em Flor]. Foi uma apresentação que continha sua profunda súplica: “Desenvolvam-se como praticantes budistas de resoluta coragem!”; “Vivam de maneira que as flores de cerejeira da felicidade desabrochem como na primavera!”.
Ele pensou: “Sem dúvida, esta atitude audaciosa e destemida dos companheiros de Shikoku, que vieram às terras de Yokohama neste momento com ardente espírito de procura, atravessando as ondas revoltas, resplandecerá brilhantemente na história do kosen-rufu e será transmitida eternamente para as gerações futuras. O importante é qual tipo de ação tomaremos para avançar quando a Soka Gakkai estiver enfrentando adversidades”.
— Por último, tocarei Dainanko. Vamos nos encontrar novamente.
Assim dizendo, Shin’ichi se voltou ao piano e tocou essa canção.
A letra dessa música conta a história do famoso guerreiro japonês do século 14, Kusunoki Masashige, pedindo ao filho Masatsura para prosseguir lutando pela causa mesmo depois que ele não estiver mais neste mundo. Enquanto ouviam a melodia, os membros associaram essa relação de pai e filho com a relação de mestre e discípulo Soka, e renovaram seu juramento no coração: “Nós vamos, sem falta, suceder o espírito da Soka Gakkai. Independentemente das circunstâncias, vamos seguir abrindo o caminho do kosen-rufu até o fim. Shikoku jamais será derrotada. Seguiremos erguendo alto e fazendo tremular a bandeira da vitória Soka!”.
Lágrimas brilhavam nos olhos de muitos desses companheiros de ardente espírito de procura.
A reunião terminou com a plateia se unindo para dar “três vivas” pela Soka Gakkai de Shikoku e em meio a uma retumbante salva de palmas.
Shin’ichi disse:
— Muito obrigado! Por favor, cuidem-se! Estarei zelando pelos senhores na partida. Transmitam minhas melhores recomendações aos seus familiares que ficaram cuidando da casa, e aos companheiros das respectivas organizações. Aos membros da Divisão dos Jovens, por favor, zelem por seu pai e por sua mãe!
Já estava escuro quando os membros de Shikoku deixaram o Centro Cultural de Kanagawa.
Mais de duzentos companheiros de Kanagawa se reuniram no píer para se despedir deles em sua jornada de retorno.
A banda masculina tocou a canção de Shikoku, Warera no Tenchi, enquanto os membros de Shikoku jogavam serpentinas coloridas do convés.
Na sequência, os companheiros de Kanagawa cantaram sua música Aa Hi wa Noboru, e depois todos juntos entoaram Kofu ni Hashire e Ifu Dodo no Uta.
O coração dos amigos da Lei Mística Soka se fundiu em um só e a voz deles ecoou alto para o céu estrelado.
PARTE 55
O som do apito do navio reverberou no mar noturno sinalizando a partida do Sunflower 7.
Os membros de Shikoku estavam todos no convés, e o navio começou a se afastar silenciosamente da costa.
Os companheiros de Kanagawa, que se reuniram no píer para se despedir dos amigos de Shikoku, acenavam e gritavam: “Adeus!”; “Venham novamente!”. Na costa estava o Centro Cultural de Kanagawa, com as luzes acesas visíveis pelas janelas. A iluminação da cidade de Yokohama se estendia ao longe. No momento seguinte, todas as luzes do centro cultural foram apagadas no mesmo instante. Então, numa janela do último andar superior, era possível ver pequenos pontos de luz balançando.
Uma ligação foi recebida no navio: “Sensei e sua esposa estão no andar superior acenando com lanternas acompanhando a partida dos senhores. Conseguem ver as luzes do navio?”.
Isso foi imediatamente comunicado aos membros de Shikoku pelo interfone da embarcação.
Do convés, todos acenaram vigorosamente em direção às luzes do último andar do prédio e gritaram com todas as suas forças:
— Sensei, Shikoku vai se esforçar!
— Por favor, fique tranquilo!
— Nós seremos pioneiros do kosen-rufu da localidade!
Todos estavam com lágrimas nos olhos.
Shin’ichi e Mineko continuaram a acenar com as lanternas até o navio desaparecer de vista.
Não havia como a voz dos membros, que gritavam do navio, ser ouvida por Shin’ichi. Contudo, tanto ele como Mineko podiam ouvir o que estava no coração de seus companheiros. As luzes enviadas por eles estavam sendo refletidas no coração dos membros de Shikoku como chamas de coragem e de esperança que jamais poderiam ser apagadas.
Nichiren Daishonin afirma: “As grandes distâncias percorridas por essas pessoas são indicativas de sua devoção”.1 Aqueles com espírito de procura se desenvolvem. Possuem alegria e gratidão. Isso se torna em poderosa força motriz para um novo avanço.
Nessa noite também, Shin’ichi orou para que o navio não balançasse e que todos retornassem sem acidentes para a casa. Tarde da noite, contatou o navio e pediu para que transmitissem suas melhores recomendações às pessoas que não conseguiram fazer a viagem.
Na manhã seguinte, ele ainda telefonou para verificar se a viagem transcorria em segurança.
Para ele, seus discípulos eram seu tesouro mais precioso, o sol que iluminaria o futuro.
PARTE 56
Em 17 de fevereiro de 1980, cerca de um mês depois que os membros de Shikoku viajaram a bordo do Sunflower 7 para visitar o Centro Cultural de Kanagawa, um grupo de 86 membros da Divisão Feminina de Jovens da Regional Amami Oshima, da província de Kagoshima, Kyushu, chegou ao Centro Cultural de Tachikawa (em Tóquio), onde Shin’ichi Yamamoto se encontrava.
No ano anterior, em 1o de fevereiro de 1979, Shin’ichi havia participado de uma reunião de líderes da região de Kyushu no Centro de Treinamento de Kyushu. Foi logo antes de sua viagem à Índia, que culminaria com a conclusão do ciclo dos “Sete Sinos”.
Dentre os representantes de cada província de Kyushu também estava presente uma líder da Divisão Feminina de Jovens das ilhas Amami. Ao se juntar aos membros em uma foto comemorativa, Shin’ichi disse aos representantes de Amami:
— Se tiverem alguma solicitação, informem mais tarde à líder nacional da Divisão Feminina de Jovens. Pode ser qualquer coisa. Não precisam fazer cerimônia. Meu desejo é corresponder a qualquer pedido de vocês na medida do possível. Afinal, vocês são as pessoas mais preciosas que vieram lutando arduamente em um ambiente extremamente desafiador nas ilhas remotas.
A representante de Amami transmitiu o desejo delas à coordenadora da Divisão Feminina de Jovens:
— Permita-nos realizar uma reunião de gongyo da Divisão Feminina de Jovens da Regional Amami Oshima no Centro da Divisão Feminina de Jovens Soka!
Esse Centro da Divisão Feminina de Jovens Soka havia sido inaugurado em Shinanomachi, Tóquio, como castelo da divisão, em dezembro de 1977. A partir de então, as integrantes da Divisão Feminina de Jovens de todo o país estavam ansiosas para conhecê-lo.
Shin’ichi aceitou com satisfação a solicitação.
As jovens de Amami juraram umas às outras:
— Vamos provocar grandes ondas de expansão do kosen-rufu, cada qual em sua localidade, e vamos nos reunir com Yamamoto sensei, o mestre do kosen-rufu!
Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustrações Kenichiro Uchida
Os sacerdotes da Nichiren Shoshu continuaram seus ataques infames contra a Soka Gakkai. Porém, as componentes da Divisão Feminina de Jovens de Amami empunharam alto a bandeira da justiça defendendo a integridade da Soka Gakkai e se esforçaram com grande paixão para apresentar o budismo para as pessoas. Então, menos de três meses depois de terem se encontrado no Centro de Treinamento de Kyushu, Shin’ichi renunciou ao cargo de presidente.
Parecia que o sol havia sido encoberto de repente por nuvens escuras. Mesmo assim, elas não foram derrotadas.
— É justamente por ser um momento como este que precisamos tranquilizar sensei conquistando uma grande vitória na nossa campanha de propagação!
A adversidade se transforma em pedra de toque que revela o verdadeiro valor de uma pessoa.
O personagem do presidente Ikeda no romance é Shin’ichi Yamamoto, e seu pseudônimo, como autor, é Ho Goku.
Nota:
- The Writings of Nichiren Daishonin[Os Escritos de Nichiren Daishonin]. Tóquio: Soka Gakkai, v. II, p. 1030.
Ilustrações: Kenichiro Uchida