ROTANEWS176 E POR OLHAR DIGITAL 02/07/2022 14h16 Por Karol Albuquerque
Que a Austrália é o lugar com mais bichos estranhos do mundo ninguém duvida. Do canguru ao demônio da Tasmânia, do ornitorrinco ao emu e diversas espécies venenosas de aranhas e escorpiões, o país oferece uma grande variedade na fauna. O animal da vez é um caranguejo peludo.
Claro, os caranguejo dos manguezais brasileiros também têm pelos. Mas só nas patas. O animal encontrado perto da cidade de Denmark, na costa ocidental sul da Austrália, usa esponjas para ficar ainda mais peludo e está intimamente ligado aos caranguejos eremitas mais conhecidos.
Uma família avistou o bicho e enviou o espécime para Andrew Hosie, curador das coleções de crustáceos e vermes do Western Australian Museum, em Perth. Ele reconheceu o animal como uma espécie de caranguejo-esponja “bastante incomum”.
“A extrema fofura foi o presente para nós. Os caranguejos-esponja são muitas vezes peludos, mas é mais parecido com feltro ou veludo, em vez de um casaco desgrenhado completo”, disse Hosie, em entrevista à Live Science. Ele, então, contatou Colin McLay, biólogo marinho aposentado e ex-professor da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia.
O professor estuda caranguejos-esponja há décadas e confirmou que se trata de uma espécie anteriormente desconhecida. Ao comparar com outros crustáceos da coleção do museu, notaram que outros quatro espécimes foram coletados entre 1925 e 1983, sem serem identificados.
O caranguejo ganhou o nome de Lamarckdromia beagle, em homenagem ao HMS Beagle, navio que levou Charles Darwin em sua segunda expedição de pesquisa em Albany, na Austrália, no ano de 1836. Além disso, o crustáceo tem a pelagem no tom similar a dos cachorros da raça beagle.
Reprodução/Foto-RN176 O caranguejo peludo da Austrália usa esponjas para se camuflar. Imagem: WA Museum/Colin McLay
Ele é também um mestre da camuflagem. Os membros da família usam as garras para coletar pedaços de esponjas e ascídias e as traseiras para segurar acima da cabeça. Com o tempo, esses pedaços viram um tipo de gorro que evita que peixes predadores, outros caranguejos e polvos o reconheçam. Além disso, as esponjas usadas produzem químicos nocivos, tornando o bichinho menos saboroso para quem tentar comê-lo.
“Todos os membros deste grupo de caranguejos são peludos até certo ponto, mas este é ridículo. Muito desgrenhado, surpreendentemente macio. Belo bronzeado. Coloração beagle”, emendou Hosie.
A nova espécie de caranguejo-esponja foi descrita por pesquisadores na revista Zootaxa no dia 28 de abril deste ano. Os animais são encontrados em águas rasas e até algumas centenas de metros. Eles também ficam em torno de lugares de crescimento substancial de esponjas.