O que você faz hoje para a sua felicidade?

ROTANEWS176 E POR  JORNAL BRASIL SEIKYO  16/07/2022 10:21 10:21    

MATERIA DA DIVISÃO SÊNIOR DA BSGI

Por Divisão Sênior da BSGI

 

Reprodução/Foto-RN176 Logomarca da Divisão Sênior da BSGI – Fotos: BS

Como evidenciar a harmonia familiar, demonstrar alegria e felicidade, ter um desenvolvimento profissional, atuar na organização foram temas do diálogo realizado entre os líderes da Divisão Sênior (DS) da BSGI Fábio Oda, Luís Otávio Vieira, Ricardo Miyamoto, Takao Sakamato e Edvaldo Kakegawa, responsável pelo Grupo Alvorada da BSGI. Esse diálogo é fonte de inspiração para os encontros da Divisão Sênior do mês de agosto.

Fábio Oda: Caros membros da Divisão Sênior da BSGI! Desejo que todos estejam bem. O tema do nosso diálogo é sobre todas as pessoas que desejam ser felizes. A felicidade é uma busca incessante do ser humano e um fascinante universo pesquisado ao longo da história. É tão importante que tem sido tema de inúmeras reflexões. A ciência, a filosofia, as religiões, os estudiosos, os poetas, os artistas, enfim, todas as áreas das atividades humanas já expressaram das mais diversas formas seus conceitos a respeito dela. Mas o fato é que, no dia a dia, a felicidade é a busca permanente das pessoas. Cada qual à sua maneira, com sua interpretação, todas desejam se sentir felizes.

Conquistar o que deseja, ter saúde, adquirir o emprego dos sonhos, estar rodeado de amigos, construir uma família harmoniosa, enfim, viver satisfatoriamente é, sem dúvida, uma condição importante para alimentar nossa felicidade. O budismo ensina que a felicidade é um direito inalienável de todas as pessoas. Mas não significa que invariavelmente ela acontecerá. Ele amplia a visão ensinando que a felicidade é uma condição de vida inabalável diante de qualquer situação. Portanto, sua conquista deve ser exercitada, fortalecida, alcançada mediante as atitudes manifestadas no cotidiano.

Pergunta: O período que compreende a fase na Divisão Sênior abrange pessoas em plena atividade econômica até a aposentadoria. Em termos de prática da fé, podemos dizer que também temos desde os novatos, bem como os veteranos com muitas décadas de experiência. Nesse sentido, qual a importância dos veteranos diante do cenário atual?

Takao Sakamato: Em várias orientações, o Mestre nos ensina que, na prática da fé e em nossa missão, não existe aposentadoria. E a figura dos veteranos na fé busca alcançar o brilho no caráter, permeando a confiança, o respeito e a admiração das pessoas. Compartilho uma orientação do presidente Ikeda que diz:

As pessoas que estão sempre assumindo novos desafios, não importando qual seja sua idade, conseguem viver com todo o vigor. É assim que a vida deve ser. Nós, da SGI, além do mais, recitamos Nam-myoho-renge-kyo, o supremo ensinamento da eterna juventude e da longevidade. Vamos seguir nosso caminho em direção ao ápice da vida, o cume do kosen-rufu, armados com a Lei Mística, ficando mais jovens a cada ano que passa, enquanto continuarmos a nos desafiar com alegria e tenacidade e conquistarmos vitórias e mais vitórias.1

Pergunta: Como devo encarar situações de desemprego, falência e crises financeiras?

Luís Otávio: Um dos nomes que o Buda recebe é “Aquele que Consegue Suportar”. Sobre isso, Ikeda sensei nos incentiva:

Não existe ninguém mais forte que aquele que não teme a nada, não é derrotado por nada, e é capaz de suportar o sofrimento sem a menor lamentação — mesmo sendo perseguido ou aprisionado. A história prova que aqueles que vivem e lutam com elevada dignidade, destemidos diante de qualquer intimidação, são os que desfrutam a vitória final. Consequentemente, a força para resistir, não importando o que aconteça, isto é, a força para viver e sobreviver em meio a qualquer adversidade, é a base da suprema felicidade para os seres humanos. Isso corresponde ao estado de buda. O propósito da fé é estabelecer firmemente o estado de buda em nossa vida, um estado de felicidade indestrutível que perdure pelas “três existências” — passado, presente e futuro. Eis a razão pela qual nos devotamos à nossa prática budista nesta existência. Atingiremos essa maravilhosa condição de vida por meio de esforços e lutas resolutos que empreendemos nesta vida.2

Pergunta: Um dos desafios relatados é a harmonia familiar. Não por acaso, é a primeira das “Cinco diretrizes eternas da Soka Gakkai”: “Prática da fé para criar a harmonia familiar”. Muitos companheiros comentam que querem ter harmonia familiar, mas brigam com as pessoas em casa. Como mudar esse pensamento?

Edvaldo Kakegawa: Caros membros da Divisão Sênior, respondendo à pergunta, compartilho um trecho de uma orientação do presiden­te Ikeda:

Em vez de culpar alguém à sua volta pelo fato de não conseguirem criar a harmonia entre as pessoas, devem mudar a si próprias. Por exemplo, se uma mãe consegue realizar a sua revolução humana e seus filhos passarem a sentir orgulho de que ela é a melhor mãe do mundo, eles também mudarão a sua postura em relação à mãe e passarão a zelar por ela, com gratidão. Isso também ocorrerá com o marido. Enquanto não olharem para si mesmas, enquanto não fizerem quaisquer esforços para realizar a sua revolução humana, e enquanto ficarem apenas criticando os filhos ou o marido como os culpados da situação, jamais sairão dessa circunstância. (…) Para tanto, é necessário que se empenhem arduamente na recitação de daimoku para lapidarem a si mesmas, cultivarem um coração magnânimo que envolve com ternura a família; um coração forte, que não se esmorece diante de nada, e para de­senvolveram uma grande sabedoria. Fazer com que a flor da felicidade desabroche dentro da família, que é composta pelas pessoas que lhe são mais próximas, se transformará numa grande força para a promoção do kosen-rufu na localidade.3

Pergunta: Por que saúde e longevidade são considerados objetivos fundamentais da prática da fé?

Ricardo Miyamoto: No capítulo “Coroa de Louros”, da Nova Revolução Humana, volume 10, o presiden­te Ikeda apresenta as diretrizes para a Divisão Sênior na ocasião da fundação da divisão: “Uma existência passa rapidamente e o tempo que podemos viver com saúde é ainda mais limitado. Além disso, o tempo de atuação como membro da Divisão Sênior é muito curto. Se não se levantarem agora, quando então se levantarão?”.4

A vida é o mais precioso de todos os tesouros. Por isso, temos de usar nossa sabedoria para conquistar a boa saúde, pois esse é um requisito fundamental para conquistar a verdadeira felicidade. Ter boa saúde não é simplesmente uma questão de não ocorrência de doenças. Saúde significa constantes desafios, constante criatividade. O budismo é um ensinamento para ter uma vida sadia, um ensinamento para viver melhor. Aqueles que perseveram com forte fé podem manifestar uma infinita fonte de sabedoria e energia vital para vencer as doenças. Essas pessoas podem maximizar a eficácia de um bom médico e de bons remédios, de forma que ambos possam agir como forças protetoras. A essência do triunfo sobre a doença está em reunir a força da fé e da prática e, ao mesmo tempo, fazer uso do que a medicina tem a oferecer. O presidente Ikeda nos ensina: “A forte fé é um importante pilar da saúde, pois nos permite extrair uma poderosa energia vital, vencer as funções negativas e transformar nosso carma”.5 Por meio da prática da fé, fortalecemos nossa energia vital; desenvolvemos nosso caráter e expandimos nossa capacidade como indivíduos. Além disso, para se obter boa saúde, devemos ter um estilo de vida saudável e produtivo e nos alimentar com sabedoria. “Dormir o suficiente é outra base importante para ter boa saúde”,6 ensina o Mestre. Também, “Comer em demasia e beber de forma imprópria”7 pode se tornar a causa de várias doenças. Devemos nos esforçar para realizar a propagação do budismo indo ao encontro das pessoas, visando à felicidade dos amigos e agindo para construir uma sociedade melhor. Essa luta é uma fonte inigualável de revitalização interior e energia para viver com ânimo. Além do mais, quando nos movemos ao encontro das pessoas, estamos realizando atividades físicas que são fator crucial para melhorar a saúde. Como orienta o presidente Ikeda:

Se a água parar de correr, ela se tornará turva e fétida. No domínio da Lei Mística, também, aqueles que abandonam a prática por achar que contribuir para a felicidade das outras pessoas é uma tarefa tediosa, são os que permitem que a água cristalina de sua fé se torne turva, levando-os a estagnar espiritualmente.8

Concluindo, com a determinação de vencer na prática da fé e realizar a luta em prol da felicidade das pessoas, desenvolvemos uma abundante energia vital capaz de vencer qualquer doença e obter saúde e longevidade

Pergunta: Estamos diante de um cenário bastante árduo e de­safiador. E muitas vezes isso provoca uma atmosfera de pessimismo, dúvidas e desesperança. Como podemos transformar a realidade negativa e conquistar a vitória?

Takao: Há um princípio chamado “tríplice transformação da terra” que pode ser compreendido como a transformação de países, áreas ou locais em que nos encontramos em terras do Buda, ou seja, uma terra de paz e de prosperidade alcançada como resultado dos princípios iluminados e humanísticos das pessoas que nela residem. Essa transformação é obtida somente com contínuos e repetidos esforços, além de paciência e perseverança, sem jamais desistir. Quando a situação estiver extremamente difícil, é importante orar sinceramente e continuar se empenhando e se desafiando, e, dessa forma, abrir o caminho para um futuro vitorioso. O progresso de uma pessoa retrata o próprio desenvolvimento da localidade, assim como é importante o seu avanço contínuo. Quanto mais avançamos, mais evidenciamos a esperança. Analisando da ótica da simultaneidade de causa e efeito, as ações que estamos empreendendo neste momento com a fervorosa oração e a dedicação em prol do kosen-rufu contêm brilhantes efeitos de vitória e de felicidade.

Sem dúvida, estamos edificando muitas transformações. Portanto, vamos nos fortalecer ainda mais na continuidade da recitação do daimoku que ativa a Lei Mística da simultaneidade de causa e efeito com a imediata iluminação. Vamos continuar nossa jornada expandindo a felicidade, a solidariedade, a paz e a esperança!

 

Pergunta: Tenho grandes ambições profissionais. De que maneira devo direcionar minha prática para esse objetivo?

Luís Otavio: Vou citar um exemplo da Nova Revolução Humana, volume 5. Nesse episódio, Ikeda sensei estava em visita a Paris e se encontra com uma bailarina que era membro da Soka Gakkai e tinha acabado de regressar da Espanha. Ele perguntou qual era o propósito daquela bailarina em Paris. A resposta foi: “Estudar balé para tornar-me uma bailarina de primeira categoria”.

Após ouvir a resposta, ele a orientou da seguinte forma:
Posso compreender a atração que Paris exerce nas pessoas que possuem aspirações artísticas. Contudo, deve deixar de lado a ilusão de que, estando em Paris, o sonho será alcançado. Não há mal nenhum em almejar o topo da carreira, mas deve antes criar metas bem claras de cada passo até chegar ao auge, desafiando a si mesma todos os dias com esforços compenetrados. O sonho e a determinação são coisas distintas. Somente acalentar o que gostaria de ser sem nenhum esforço, é como assistir de camarote a um sonho que nunca será realizado. (…). O budismo ensina a mais suprema razão, e é no esforço que vive a verdadeira fé. Por isso, é importante estabelecer uma sólida base no modo de vida com a prática budista para desenvolver ao máximo seu potencial a fim de criar uma vida feliz e inabalável.9

 

Fabio Oda: A visão budista sobre felicidade é cada vez mais reconhecida por todas as áreas de conhecimento. É muito intrigante ver que, quanto mais a ciência estuda sobre a felicidade, mais referenda a visão budista de Nichiren Daishonin e as orientações do presidente Ikeda sobre ela. Estudo desenvolvido pela Universidade de Michigan indica que abrir os braços para alguém não faz bem apenas para quem recebe a boa ação. Segundo a pesquisa, a prática de atividade voluntária estimula a produção dos neurotransmissores do bem-estar, como serotonina, dopamina, endorfina e ocitocina. Os cientistas concluíram que esses hormônios da felicidade podem evitar doenças graves e aumentar nossa expectativa de vida. Os voluntários pesquisados nesse levantamento viveram quatro anos a mais em relação às outras pessoas.

Henrique Bueno, mestre em psicologia positiva pela University of East London, diz que a felicidade pode ser treinada. Alegria e tristeza são estados passageiros. Enquanto felicidade é algo mais constante e algo que você pode construir ao longo da vida, inclusive sabendo lidar melhor com os momentos de alegria e de tristeza que invariavelmente vão acontecer no dia a dia. Ele esclarece que nosso cérebro se desenvolve pela vida toda. Nós temos uma tendência genética, evolutiva e cultural de focar no negativo, no perigo, nos problemas que envolvem nossa vida. Mas temos meios de treinar nosso cérebro para perceber ainda mais o positivo em nossa vida e, com isso, treinar essa conexão cerebral que nos traz mais a positividade.

Assim, constatamos que esses experimentos corroboram a visão budista sobre a felicidade.

O budismo expõe a filosofia capaz de conduzir a vida à felicidade plena e absoluta porque ensina o correto significado do sofrimento e, por isso, desenvolve o meio de conduzir uma existência capaz de gerar valor positivo e conquistar um estado permanente e inabalável de felicidade. E o princípio dessa transformação está contido no conceito de revolução humana revelado pelos mestres da Soka Gakkai.

O presidente Ikeda diz:
Revolução humana não se refere a algo fora do comum ou especial. (…) Revolução humana consiste numa revolução em nossas ações e comportamentos. Significa assumir um comportamento que seja pautado pela compaixão, ações que nos libertem do ciclo dos seis caminhos que nos conduzam aos estados de bodisatva e de buda. Quando a revolução humana se propaga à família, ao país e ao mundo, converte-se numa revolução não violenta em prol da paz.10

Reprodução/Foto-RN176 Entregantes da Divisão Sênior da BSGI – Fotos: BS / Arquivo pessoal

As práticas do gongyo e do daimoku e a dedicação em prol da felicidade das pessoas e da paz mundial (kosen-rufu) consistem nos exercícios diários que despertam nossa mais elevada condição de vida (estado de buda) e nos capacitam a promover nossa revolução humana. São essas atitudes que fortalecem o caráter benevolente, a compaixão, a sabedoria e a coragem para lidar corretamente com as adversidades da vida e consolidar uma condição de felicidade plena em meio às mais diferentes condições em busca dos objetivos.

Dessa forma, vamos promover constantes e sinceros diálogos com amigos, familiares e companheiros da organização fortalecendo nossos laços de amizade e expandindo essa rede de solidariedade em prol da paz, do bem-estar e da felicidade tanto nossa como dos outros, sem deixar ninguém para trás. Boa sorte!

Notas: 1. Brasil Seikyo, ed. 1.847, 10 jun. 2006, p. A3. / 2. RDez, ed. 80, ago. 2008, p. 17. / 3. Terceira Civilização, ed. 536, abr. 2013. / 4. IKEDA, Daisaku. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 10, p. 244, 2012. / 5. Brasil Seikyo, ed. 2.309, 30 jan. 2016, p. B1-B3. / 6. Idem, ed. 2.342, 8 out. 2016, p. C4. / 7. Ibidem. / 8. Brasil Seikyo, ed. 2.316, 19 mar. 2016, p. B1. / 9. IKEDA, Daisaku. Abrindo o Caminho. Nova Revolução Humana. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. 5, p. 31, 2019. / 10. Brasil Seikyo, ed. 2.270, 4 abr. 2015, p B3.

 Fotos: BS / Arquivo pessoal