ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 25/08/2022 18:00 ESPECIAL DA REDAÇÃO
Reprodução/Foto-RN176 Josei Toda profere a histórica declaração pela erradicação das armas nucleares (Yokohama, Japão, 8 set. 1957). Mestre, Educador, Pacifista e o Segundo Presidente da Soka Gakkai – Fotos: Seikyo Press / Reprodução
Diante de 50 mil jovens, no dia 8 de setembro de 1957, o segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, deixava um direcionamento eterno para as ações da organização pela paz no mundo, seguido com todo o coração pelo jovem discípulo Daisaku Ikeda.
Em 1957, Daisaku Ikeda era um discípulo consciente, fortalecido diariamente durante dez anos, do momento em que se convertera ao Budismo de Nichiren Daishonin. Ele respirava e vivia ao lado do seu mestre, Josei Toda. Havia entendido completamente o conceito de mestre e discípulo embasado na profunda filosofia budista.
Exatamente às 9 da manhã daquele 8 de setembro, foi iniciado o Encontro Esportivo dos Jovens do Leste do Japão. Mais de 50 mil jovens lotavam o Estádio de Desportos de Mitsuzawa. Desde muito cedo, os membros chegavam à estação de Yokohama e entravam nos ônibus que os levariam ao estádio. Um ônibus a cada quarenta segundos. Nessa média, rapidamente os participantes chegavam e aguardavam ansiosos o evento.
A expectativa geral era sobre a possibilidade de um tufão exatamente naquele dia. Mas Josei Toda desejava ardentemente que o clima estivesse agradável para que seus discípulos desfrutassem momentos tranquilos. E assim foi. O dia estava particularmente quente e o sol brilhava com radiância. O tufão enfraqueceu e se dissipou.
Segundo o próprio presidente da Soka Gakkai Internacional (SGI), Dr. Daisaku Ikeda, Josei Toda encarava aquele festival de maneira diferente desde os primeiros momentos. Ele pressentia que seu corpo frágil não suportaria muito tempo e, numa profunda atitude reflexiva, pensou: “Deixarei esta declaração como principal testamento dedicado aos jovens”.1
Para os japoneses da época, pairava as imagens dos ataques no fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945. As bombas de destruição em massa lançadas nas cidades japonesas de Hiroshima e de Nagasaki mataram instantaneamente cerca de 300 mil vidas. Nos anos seguintes, outras milhares sucumbiram em decorrência da radiação delas.
Doze anos depois, a Guerra Fria estava no apogeu. Os Estados Unidos e a extinta União Soviética corriam, freneticamente, para polarizar e militarizar territórios. E a bomba nuclear era utilizada para representar força. Por isso, testes incessantes, com arsenais cada vez mais poderosos, eram feitos em diversos pontos do mundo. A sensação era de que uma nova guerra mundial poderia começar. E a quantidade de armamentos atômicos já era tão grande que o mundo poderia ser dizimado em questão de horas.
Josei Toda declarou-se contra as armas nucleares, bradando ser a missão dos jovens erradicar o impulso dos seres humanos que as constroem. Em um trecho da declaração, o líder afirma:
Como já venho dizendo há muito, a próxima era será sustentada pelos jovens. Não preciso salientar que a missão de nossa vida é o kosen-rufu. Esse é um empreendimento que devemos conquistar infalivelmente, mas, diante das notícias de testes da bomba atômica e de hidrogênio que têm agitado o mundo, quero deixar bem clara minha posição em relação a essas questões. Se são meus discípulos, gostaria que herdassem esta minha mensagem e que propagassem pelo mundo o significado de seu conteúdo.
Mesmo que neste momento esteja sendo realizado no mundo inteiro um movimento para abolir os testes nucleares, o meu desejo é atacar o problema pela raiz, ou seja, cortar as garras ocultas exatamente na origem. (…)
Digo isso porque nós, cidadãos do mundo, temos o direito inviolável à vida. Todo indivíduo que tentar colocar esse direito em perigo merece ser chamado de criatura diabólica, um ser abominável, um monstro. Mesmo que um país conquiste o mundo por meio de armas nucleares, o conquistador deverá ser considerado um demônio, a expressão suprema do mal. Creio que a missão de cada membro da Divisão dos Jovens do Japão é difundir essa ideia em todo o mundo.2
A histórica declaração de Toda sensei deu origem às ações concretas da SGI para exterminar a miséria do coração humano, não mais somente no campo religioso, mas pela promoção da cultura e da educação. Hoje, os membros da organização realizam diversas iniciativas para o fim das guerras e a eliminação das armas nucleares sob a liderança do presidente Ikeda.
Fontes:
Brasil Seikyo, ed. 1.906, 8 set. 2007, p. B2.
Idem, ed. 2.578, 4 set. 2021, p. 6-7.
Notas:
- Terceira Civilização, ed. 292, dez. 1992, p. 11.
- Brasil Seikyo, ed. 1.906, 8 set. 2007, p. B5.
Esforços da SGI pelo desarmamento nuclear
A abolição das armas nucleares é um dos principais focos das atividades de promoção da paz realizadas pela SGI, tendo como ponto primordial a declaração proferida pelo presidente Josei Toda em 8 de setembro de 1957. Daisaku Ikeda atendeu ao chamado do seu mestre e, desde 1983, vem encaminhando propostas de paz anuais à Organização das Nações Unidas (ONU), em que delineia, entre outras questões, sugestões concretas para a eliminação das armas nucleares.
O presidente Ikeda destaca quatro pontos que sugere para nortear os esforços pelo desarmamento nuclear:
- Edificar a solidariedade na sociedade civil para a oposição às armas nucleares por meio da voz ativa.
- Enfatizar a desumanidade das armas nucleares nas discussões pela abolição.
- Promover a adoção de acordos internacionais no foro das Nações Unidas.
- Garantir que as vozes das vítimas de armas nucleares (hibakusha) reflitam no espírito fundamental de tais acordos. (…)
As principais atividades da SGI pelo desarmamento nuclear na última década incluem um esforço constante para despertar a opinião pública e criar uma rede global de pessoas dedicadas a esse propósito por meio de iniciativas como a campanha Década do Povo pela Abolição Nuclear, lançada em setembro de 2007.
A organização tem trabalhado para promover e divulgar os testemunhos de hibakusha (sobreviventes das bombas atômicas lançadas em Hiroshima e Nagasaki), preservando a voz deles para o futuro em forma de livro e vídeo, convidando-os a palestrar em eventos no Japão e no mundo.
Reprodução/Foto-RN176 Painel da exposição Tudo o Que Você Valoriza – Por um Mundo Livre das Armas Nucleares, promovido pela SGI – Fotos: Seikyo Press / Reprodução
Os jovens da Soka Gakkai em todo o mundo têm sido particularmente ativos em uma variedade de ações, como a campanha Senzatomica, na Itália; Our New Clear Future, nos Estados Unidos; e eventos promovidos pelo Comitê de Paz da Juventude, da SGI-Reino Unido. Além disso, mais de 5 milhões de assinaturas foram coletadas em apoio à petição “Nuclear Zero” pelos jovens da Soka Gakkai no Japão.
Em 2015, a Cúpula Internacional da Juventude para a Abolição Nuclear, co-organizada pela SGI, foi realizada em Hiroshima. A partir dessa cúpula, foi lançada a Amplify, rede internacional de jovens que trabalham pela abolição nuclear.
Além de se envolver em atividades de base, a SGI tem participado ativamente e contribuído para o debate internacional sobre questões cruciais para a humanidade.
Desde 2013, a organização tem sido convidada pelos governos anfitriões para participar das Conferências sobre o Impacto Humanitário das Armas Nucleares em Oslo, Noruega (março de 2013); Nayarit, México (fevereiro de 2014); e Viena, Áustria (dezembro de 2014). Também colaborou com outros grupos representantes de movimentos religiosos para emitir uma série de declarações destacando as dimensões morais e éticas dos efeitos das armas nucleares. Apresentou o próprio documento de trabalho aos processos da ONU em 2016, um dos quais foi registrado como documento oficial da organização.
Tais iniciativas refletem a convicção de que a chave para a abolição das armas nucleares está em reunir diversos indivíduos neste empreendimento global compartilhado. A sociedade civil e os jovens, em particular, têm papéis importantes a desempenhar.
Fonte:
https://www.sokaglobal.org/in-society/initiatives/sgis-activities-for-nuclear-abolition.html Acesso em: 23 ago. 2022.
Estimativa de bombas atômicas no mundo em 2022
O maior número de armamentos nucleares já registrado no planeta foi de 70.374, em 1986, durante a Guerra Fria. A partir de então, o número vem diminuindo, mas a velocidade de redução está desacelerando. Segundo relatório da Federação de Cientistas Americanos (FAS), desde 2018, cinco países aumentaram a quantidade de armas nucleares em estoques militares: Rússia, China, Índia, Israel e Paquistão.
Reprodução/Foto-RN176 Campanha de assinaturas realizada pelos jovens da Soka Gakkai em Hiroshima, Japão – Fotos: Seikyo Press / Reprodução
Na atualidade, o poder destrutivo das bombas atômicas é muito maior que as lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Além disso, há cerca de 2 mil armas nucleares em “alerta máximo”, ou seja, que podem ser disparadas em quinze minutos.
Fonte:
Disponível em: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2022/03/12/armas-nucleares-eua-russia-ucrania-guerra.htm#:~:text=Atualmente%20h%C3%A1%2012.705%20armamentos%20nucleares,e%20dos%20EUA%20(42%25) Acesso em: 23 ago. 2022.
Rússia 5.977
Estados Unidos* 5.428
China 350
França 290
Reino Unido 225
Paquistão 165
Índia 160
Israel 90
Coreia do Norte 20
Total 12.705
*Parte das bombas nucleares americanas estão instaladas em bases militares na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda e Turquia.
Fonte: Hans M. Kristensen e Matt Korda, 2022, Federação de Cientistas Americanos (FAS).
No topo: Josei Toda profere a histórica declaração pela erradicação das armas nucleares (Yokohama, Japão, 8 set. 1957)
Fotos: Seikyo Press / Reprodução