ROTANEWS176 E POR JORNAL BRASIL SEIKYO 23/09/2022 13:19 RELATO/REDAÇÃO
Jovem carioca renova determinação e abre vigorosos caminhos de vitórias
Reprodução/Foto-RN176 Breno Sousa Plácido, Responsável pela DMJ da Comunidade Papucaia, Distrito Cachoeiras de Macacu, RM Serra Imperial, Sub. Niterói, Coordenadoria Serra-Mar do Rio de Janeiro (CSMRJ) – Foto: Arquivo pessoal
A cidade de Cachoeiras de Macacu é vizinha dos municípios de Tanguá, Nova Friburgo e Rio Bonito, e fica a 75 quilômetros de distância do Rio de Janeiro. É nesse município, mais precisamente em Papucaia, que Breno Sousa Plácido passou boa parte da infância e adolescência. Aos 20 anos, espírito independente, sorriso fácil e muita disposição, mostra a que vem depois de desafiar o desânimo, a falta de perspectivas e de ir à luta atrás dos sonhos.
É responsável pela Divisão Masculina de Jovens (DMJ) de comunidade e atua como representante da localidade no Gajokai, grupo que reúne em todo Brasil rapazes que se dedicam à proteção das sedes e dos centros culturais da Associação Brasil SGI (BSGI). “Um grupo que me deu a oportunidade de retornar ao meu ponto primordial da prática da fé e dos meus sonhos”. E de sonhos Breno não abre mão. A magia de suas escolhas em tempos desafiadores de pandemia da Covid-19 é comprovação pura. Uma história adoçada de esperança que esse jovem carioca traz para os leitores do Brasil Seikyo.
Breno está na Soka Gakkai desde que nasceu, em 2002. Sua família sempre morou no estado do Rio de Janeiro, mas boa parte em Papucaia, amplo bairro cercado de riachos, cachoeiras e inúmeras opções para turismo ecológico. Nessa localidade, a trajetória de Breno se desenha, ao lado da mãe, Kássia Sousa do Amaral, 43 anos. Ela nos conta que estava com 7 anos quando a mãe dela, Maria de Fátima de Sousa, ingressou na Soka Gakkai, em 1987. Após o nascimento do filho, Kássia se casa com Jonatas Neves Silva, que se torna o pai de criação do garoto. “O pai biológico é nosso amigo, nos relacionamos bem. Na formatura do Breno, os dois entregaram o diploma”, esclarece a mãe, que também tem a caçula Amanda Sousa do Amaral Neves, de 12 anos, membro da banda feminina Asas da Paz Kotekitai do Brasil.
Breno sempre se aplicou na escola, integrando-se facilmente com todos. Algo que ele credita ser efeito de sua personalidade sendo construída nos jardins Soka em meio às atividades da Divisão dos Estudantes e, posteriormente, da Divisão dos Jovens. Aos 13 anos, ingressa no grupo de bastidor Gajokai da DMJ. No ano seguinte, torna-se responsável pelos rapazes do seu bloco.
“Sempre fui bem ativo nas reuniões e programações na Gakkai, e isso eu levei também para os ambientes da sociedade”, conta Breno, que teve no ensino público sua principal base de conhecimento. “Presidi o grêmio estudantil por dois anos seguidos no colégio, e depois fui vice-presidente. Gosto muito de contribuir”.
Seu senso curioso o leva também à escolha de formação universitária. Aos 15 anos, apaixona-se pela tecnologia, fazendo diversos cursos. Em casa, não hesita em abrir e tentar consertar eletrodomésticos. Cresce então o desejo de cursar faculdade na área, mas as condições financeiras o desafiam. Ainda menor, aventura-se em alguns projetos de experiência. Com apoio dos líderes locais dos jovens, dedica-se à prática do Nam-myoho-renge-kyo, com o sentimento de que “A vitória está sendo construída. Colei nessa determinação”.
Presta o Enem em 2019 e se inscreve também no Prouni, para uma oportunidade na escola privada, sendo possível conciliar ofertas de trabalho. A bolsa integral, no entanto, é descartada pela pontuação. “Nessas horas a gente fica sem saber muito o que fazer, mas meu coração não desistiu”, relembra Breno, que logo em seguida recebe uma oferta da universidade de 70% de desconto. Com o apoio dos familiares, ele marca um ponto na sua lista de sonhos: cursar engenharia de computação.
Vem a Covid-19 e traz junto medo e incertezas. Breno, que até então participava assiduamente das atividades, se vê em meio à falta de expectativas. “Confesso que estava um pouco desanimado, falhava na prática do daimoku. Eu queria me levantar, mas estava sem forças”
A família Soka se faz presente, sem deixar ninguém para trás. Assim, em julho de 2021, Breno participa de um encontro on-line. Companheiros da liderança do Gajokai o convidam para se envolver nas atividades comemorativas dos cinquenta anos de fundação do grupo, em julho de 2022. Indicado para integrar um grupo de aprimoramento virtual com representantes do Gajokai do Brasil e do Japão, bradou um sonoro Hai! (“Sim!”, no idioma japonês), comprometendo-se a desafiar duas horas de recitação diária do Nam-myoho-renge-kyo, unindo-se aos demais participantes. “Fiquei imensamente feliz e supermotivado pela dose de incentivos e ‘tapas na cara’ da visita. Eu me lancei de cabeça a esse desafio diário e decidi que seria o divisor de águas da minha vida. Só tenho duas opções, vitória ou vitória.” Reacende a chama da esperança em seu interior.
Surgem obstáculos e maldades, encarados por ele como pontos de impulso. Vêm também as comprovações. Consegue uma vaga em trabalho informal com horários flexíveis. Apesar do baixo salário, por morar com os pais, consegue se manter. Meses mais tarde, recebe proposta do pai biológico para trabalhar com ele no Rio de Janeiro, no ramo de delivery. Aceita, pois tinha o objetivo de voltar para o Rio, em função da universidade que gradualmente retoma o modo presencial. Chega no dia 10 de janeiro, logo após completar seus 20 anos.
Reprodução/Foto-RN176 Ao lado da avó materna, da irmã e da mãe e o marido – Foto: Arquivo pessoal
Poucos meses e muito a realizar. Mora um período com o pai, depois com a avó materna, Maria de Fátima, 68 anos, no centro do Rio. Havia tempos que enviava currículos pela internet para empresas em sua área de formação. Decide avançar. “Passei quatro dias rodando na entrega de currículos, comendo só amendoim para economizar o pouco de grana que eu ainda tinha.” Nesses momentos, a mente traz um trecho do escrito Abertura dos Olhos, de Nichiren Daishonin, em que se lê:
Eu e meus discípulos, ainda que ocorram vários obstáculos, desde que não se crie a dúvida no coração, atingiremos naturalmente o estado de buda. Não duvidem, mesmo que não haja proteção dos céus. Não lamentem a ausência de segurança e tranquilidade na vida presente. Embora tenha ensinado dia e noite a meus discípulos, eles nutriram a dúvida e abandonaram a fé. Os tolos tendem a esquecer o que prometeram quando chega o momento crucial.1
Novo sinal o desperta. Recebe estímulo da mãe e do pai de criação para vender doces e alguns itens na faculdade. Outra característica de Breno é seu desempenho em relação às finanças desde menino. “Tenho sempre uma reserva, para emergências.” Era hora de usar. Após a aula, vai ao mercado central comprar os itens para vender no dia seguinte, porém começa ali mesmo, na rua. “Em quarenta minutos, vendi minha primeira caixa. Não fui pra casa, voltei e comprei mais duas caixas, e só voltei pra casa depois de vendê-las”, relembra. Passados dois dias, compra material para fazer brigadeiros gourmet, com receita extraída da internet. Dá o seu toque especial e “Surge o melhor brigadeiro do Rio de Janeiro”. “Em um dia, vendi quase tudo o que fiz. Ganhei meu dia. Continuei me aprimorando e indo vender. Não é fácil pôr a vaidade de lado e botar a cara a tapa. É preciso determinação e persistência”, ensina. “E agora eu sou o Mago dos Docinhos!”, entusiasma-se. Breno ainda trabalha com vendas de doces na faculdade e em alguns outros locais nos quais conseguiu se instalar, mas agora o ritmo é menor. E por uma superconquista.
Não deixa de enviar currículos, participar de entrevistas de estágio, mas objetiva uma área específica. Com o coração turbinado, resultado da oração e ação, fortalece a energia da vitória. Quando passava diante dessa empresa, mentalizava: “Eu vou trabalhar aqui!”. A resposta não tarda e recebe uma ligação para uma entrevista; seguem-se outras duas, até a resposta final: admissão em junho de 2022, em estágio na área de TI de empresa do governo federal. “Tal como sonhei, determinei e orei com a força de meu ser”, celebra Breno, agora no sexto semestre de engenharia da computação.
Na empresa, feliz com a recepção da equipe e o entrosamento com todos, contabiliza outros benefícios, como a oferta de uma plataforma de cursos disponíveis dentro de sua área de formação, plano de saúde e demais benefícios. A conquista de um novo idioma se cristaliza. “Um dos cursos mais completos no mundo, com aulas particulares e em grupo”, afirma.
A família está unida. Breno faz questão de reforçar o constante apoio que recebe de todos. Ao mesmo tempo em que comemora a reconciliação com o pai biológico, marca novo item de objetivo antigo: ter condições de morar sozinho. “Tenho quase tudo, móveis e utensílios que a própria dona da quitinete deixou para eu usar, meus eletrodomésticos e, com minhas economias, novo estoque de materiais dos doces. Sem falar no meu estágio, que vem me agregando mais e mais valor. Está sendo maravilhoso trilhar meus próprios caminhos e evoluir a cada dia.”
E Kássia ressalta: “Meu filho está além do que eu poderia desejar como mãe. Com seus defeitos e qualidades, uma excelente pessoa. É uma honra ele ter crescido nos jardins da Gakkai”. Ele é um exemplo para mim, corajoso, humilde e forte. Grata por ser sua mãe nessa vida”, sintetiza. Ela é vice-responsável pela Divisão Feminina de distrito e responsável pelo Zenshin da RM Serra Imperial. O companheiro, Jonatas, é responsável pelo distrito e vice-responsável pelo Grupo Alvorada de subcoordenadoria.
Reprodução/Foto-RN176 Pai biológico (à esq. da foto) e pelo pai de criação, na formatura do ensino médio – Foto: Arquivo pessoal
Breno explica como foi importante abraçar a oportunidade dada por seus líderes, começando primeiro pelo desafio de vencer a si mesmo com a recitação do Nam-myoho-renge-kyo. “Tudo se desencadeou a partir do momento em que resolvi me empenhar com força, sem medir esforços. As dúvidas e incertezas viram convicção e alegria da vitória. A prática diária é o que transforma. Essa lição está gravada no meu coração.”
O jovem manifesta máxima gratidão à família, aos companheiros do Gajokai e aos membros e líderes da localidade. “Em especial, ao nosso mestre, pela oportunidade de praticar este budismo e ser de um grupo tão especial, no qual tenho grandioso treinamento de vida. E sou imensamente grato ao Breno Sousa Plácido, que conheço como eu! Desejo saldar todas as minhas dívidas de gratidão e ser útil ao movimento pela paz que nossa organização promove. Bora pra cima com tudo, que a vitória é certa!”.
Breno Sousa Plácido, 20 anos. Estagiário. Responsável pela DMJ da Comunidade Papucaia, Distrito Cachoeiras de Macacu, RM Serra Imperial, Sub. Niterói, Coordenadoria Serra-Mar do Rio de Janeiro (CSMRJ).
Nota:
- Coletânea dos Escritos de Nichiren Daishonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. I, p. 296, 2019.
Fotos: Arquivo pessoal