Momentos inesquecíveis: volume 5

ROTANEWS176 E POR  JORNAL BRASIL SEIKYO 07/10/2022 10:38                                                                      APRENDER COM A NOVA REVOLUÇÃO HUMANA                                                                                                Por Dr. Daisaku Ikeda 

Nesta continuação da série publicada no Seikyo Shimbun, trechos selecionados do romance.

 

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

A ação valente abre o caminho para a vitória

Em outubro de 1961, durante a sua visita a Paris, Shin’ichi Yamamoto comenta a liderança do general Charles de Gaulle (1890–1970), que comandou a libertação da França da ocupação da Alemanha nazista .

Quando De Gaulle se aproximou do microfone sobre a plataforma erguida na praça, levantou os braços e formou um “V” em direção aos céus. Era a sua grande declaração de vitória.

E afirmou que o triunfo da França era o resultado da incessante e tenaz luta do povo contra o inimigo. Como resposta, a multidão começou a cantar A Marselhesa, o hino nacional francês. As vozes desse grande coro ressoaram pelos céus da pátria francesa. (…)

Os membros da comitiva ouviam atentamente a história narrada por Shin’ichi. Quanto à pessoa de De Gaulle, as avaliações divergem. Entretanto, Shin’ichi admirava nele a força do líder de superar adversidades.

Ele prosseguiu:

— A firme e inabalável determinação de um líder, unida a uma valente ação, é o que abre o caminho para a vitória mesmo nas mais difíceis situações. Assim como uma pequena chama pode se espalhar e destruir um grande campo, essa determinação move o coração de outros e cria as condições para uma transformação favorável. Qual foi então a fonte da poderosa determinação de De Gaulle? Foi a sua consciência embasada nesta convicção: “Eu sou a própria França”. No nosso caso, seria: “Eu sou a própria Soka Gakkai”. Isso significa que, em vez de depender dos demais, é preciso assumir esta posição: “Eu sou o protagonista. A responsabilidade está em minhas mãos. Se eu for derrotado, todos cairão na infelicidade”. É esse compromisso que torna fortes as pessoas. Nós também, não importando quanto forem difíceis e duras as batalhas a serem enfrentadas, vamos, sem falta, vencê-las todas e avançar orgulhosamente através do Arco do Triunfo do kosen-rufu.

(“Abrindo Caminho”, p. 28-30, 2019)

Recordações da juventude na Praia de Morigasaki

Durante a visita à Cidade do Vaticano, Shin’ichi lembrou-se ternamente das caminhadas na Praia de Morigasaki e da profunda conversa filosófica com um amigo que decidira seguir a fé no cristianismo.

Nessa época, não tinha abraçado um pensamento ou filosofia que pudesse transmitir com convicção para seu amigo. O que podia fazer era somente respeitar a intenção dele.

— Se você decidiu por esse caminho, acho que está bem. O que eu desejo é a sua felicidade. Será provavelmente diferente do meu caminho, mas espero que você encontre algo importante que possa alçá-lo para o grande universo da sua vida. Tenho tuberculose e também uma vida muito difícil. Porém, estou disposto a vencer tudo e criar uma vida vigorosa para poder contribuir para o bem-estar das pes-soas e da sociedade. Seja como for, vamos nos esforçar mutuamente

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustrativo  da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

Então, Shin’ichi estendeu a mão e seu amigo a apertou com firmeza. No meio dos murmúrios das ondas do mar, do canto dos insetos e da luz suave do luar, os dois se despediram e cada qual tomou rumos diferentes na vida. Pouco tempo depois, Shin’ichi encontrou-se com Josei Toda.

Shin’ichi anotou num caderno a conversa com seu amigo na forma de versos e deu o título de Praia de Morigasaki:

Estou com meu amigo

Na Praia de Morigasaki.

Forte é o perfume do mar,

Frente às ondas que se afastam.

(…)

Boa sorte, meu amigo.

Em nosso próximo encontro —

quando há de ser

ninguém sabe —

Silenciosos partiremos

Para diferentes rumos.

Ondas de prata vão e vêm

Na Praia de Morigasaki.

Shin’ichi contou essa recordação aos jovens que o acompanhavam.

— Se eventualmente encontrá-lo, desejo muito conversar novamente sobre a vida, e quero ensinar-lhe o budismo. A propagação religiosa inicia-se pela amizade. É respeitando as pessoas que se pode desenvolver o verdadeiro diálogo.

(“Alegria”, p. 99-101, 2019)

Expor as maquinações da promotoria

No decorrer do processo pelas alegações feitas contra ele no Incidente de Osaka, Shin’ichi expôs as falsas acusações do promotor, acarretando sua total absolvição em 25 de janeiro de 1962. Quando o promotor do caso depôs como testemunha no âmbito do interrogatório, Shin’ichi teve permissão para questioná-lo.

O magistrado relatou nessa ocasião o incidente que ocorreu no dia em que foi libertado após os interrogatórios.

— Naquela manhã, disse o promotor, uma multidão de aproximadamente 8 mil pessoas estava concentrada desde cedo no Centro Cívico Central. De repente, um grupo invadiu a promotoria e ocupou um corredor do prédio. Nessa ocasião, disse ao Sr. Yamamoto: “Nestas condições, é impossível continuar as investigações”. Então, ele me respondeu prontamente: “Está bem. Vou aconselhar que se dispersem”. Logo que falou com um dos líderes, os invasores deixaram o local em apenas cinco minutos.

Com esse relato, o promotor pretendia demonstrar que Shin’ichi detinha um poder absoluto na Gakkai e que tudo funcionava sob suas ordens. Queria manchar a imagem da organização como uma instituição antidemocrática.

Shin’ichi interpelou-o prontamente:

— Vossa Excelência relatou que uma multidão invadiu o prédio da promotoria e tomou um dos corredores. Disse também que, quando pedi que se dispersassem, o prédio foi desocupado num instante. Parece-me que Vossa Excelência pretende dizer que eles estavam fazendo pressão contra a promotoria. Pergunto-lhe, então: em que local do prédio ocorreu esse suposto incidente e quantas pessoas participaram da invasão?

O promotor hesitou por um instante, mas logo respondeu valendo-se de sua prepotência.

— É impossível calcular o número exato de invasores.

— Então, pode me dizer exatamente em que local eu me encontrava quando ordenei a dispersão?

Como o promotor permanecia calado, continuou:

— Ninguém mais, além de Vossa Excelência, mencionou esse incidente. Suponho, portanto, que o episódio relatado é um equívoco ou uma mentira descabida.

— O que eu disse é pura verdade — insistiu o promotor.

Contudo, diante de todos, ficou evidente que o promotor havia apresentado falso testemunho perante o tribunal a fim de sustentar a condenação. Isso colocou em dúvida a validade das investigações conduzidas pelas autoridades policiais e pela promotoria.

(“Vitória”, p. 128-129, 2019)

“Cem mil jovens campeões” que construirão uma nova era

Josei Toda, mestre de Shin’ichi, confiou à Divisão Masculina de Jovens (DMJ) o objetivo de consolidar um núcleo designado por ele como “100 mil jovens patriotas”. Como o número de membros da DMJ já havia chegado a 78 mil em dezembro de 1957, Shin’ichi pôde garantir convictamente que alcançariam o propósito deles.

Certa ocasião, em janeiro de 1958, Shin’ichi disse a Josei Toda, o qual estava acamado:

— Este ano, a Divisão Masculina de Jovens conseguirá finalmente concretizar o objetivo de 100 mil integrantes.

Sentando-se, ele respondeu radiante:

— Isto é maravilhoso! Com 100 mil rapazes, podemos realizar qualquer empreendimento. O alvorecer da nova era para o bem do povo está chegando finalmente!

— Quando o objetivo for concretizado efetivamente, vamos reuni-los para que o senhor possa vê-los pessoalmente.

— Será um evento inédito e terei o maior prazer de estar junto com eles.

Entretanto, Josei Toda não pôde viver para ver a concretização do seu ideal. Ele faleceu em 2 de abril de 1958, e o objetivo de 100 mil foi alcançado em setembro. Shin’ichi lamentou muito o fato do seu mestre não ter vivido para vê-los, pelo menos uma vez, para sentir a grande energia e o dinamismo dos jovens herdeiros da Soka Gakkai, os quais formaram uma nova força propulsora da organização. Quando Shin’ichi assumiu a presidência, eles se uniram ao seu ideal de concretizar 3 milhões de famílias e iniciaram uma marcha intrépida.

Depois de algum tempo, ele sugeriu aos líderes da Divisão Masculina de Jovens a realização de um evento reunindo 100 mil integrantes com o objetivo de assinalar a partida para um novo futuro desses rapazes.

(“Vitória”, p. 137, 2019)
Declaração em defesa da justiça e das pessoas comuns

Em janeiro de 1962, Shin’ichi proferiu discursos na Reunião de Líderes da Divisão Feminina de Jovens de Kansai, no Auditório Cívico Central de Osaka, local em que se deu o Protesto de Osaka em julho de 1957, bem como na Reunião de Líderes da Divisão Masculina de Jovens no Ginásio Municipal de Esportes de Amagasaki.

Naquela reunião, Shin’ichi declarou:

— Acredito que tudo está sendo observado claramente pelo Gohonzon. O presidente Josei Toda disse que esse caso é uma manifestação dos “três poderosos inimigos”. Com convicção nas palavras douradas de Daishonin, “Quando um grande mal ocorre, um grande bem o sucederá”,1 vou me empenhar ainda mais fervorosamente na prática budista e avançar junto com os senhores em prol do kosen-rufu. Vamos lutar com a convicção de que, no final, vencerão aqueles que realmen-te se devotaram à prática budista acreditando no Gohonzon, e que o Budismo Nichiren será sempre vitorioso.

Reprodução/Foto-RN176 Desenho de ilustração da matéria – Ilustração: Kenichiro Uchida

As palavras dele foram uma declaração de vitória antes mesmo de qualquer julgamento. (…)

Depois da reunião das moças, Shin’ichi dirigiu-se para a reunião de líderes dos rapazes. Fazendo um retrospecto do Incidente de Osaka, declarou que sua detenção era uma arbitrariedade baseada em falsas denúncias e completou:

— Estou preparado para enfrentar quaisquer perseguições. Se for condenado e novamente atirado à prisão, isso será insignificante comparado às perseguições a Nichiren Daishonin. Uma vez que estou decidido a seguir os ideais dos presidentes Tsunesaburo Makiguchi e Josei Toda, não pretendo de maneira alguma poupar minha vida. Contudo, declaro minha luta contra o poder enquanto este oprimir os cidadãos que se dedicam honestamente ao bem-estar da população. Budismo é vitória ou derrota. Vamos colocar à prova quem está correto: nós ou os promotores que agiram com autoritarismo nas investigações.

As palavras dele eram um enérgico protesto.

(“Leão”, p. 230-232, 2019)
(Traduzido da edição do jornal Seikyo Shimbun do dia 13 de fevereiro de 2019.)

Nota:

  1. Coletânea dos Escritos de Nichiren Dai-shonin. São Paulo: Editora Brasil Seikyo, v. II, p. 387, 2019.

Ilustrações: Kenichiro Uchida