ROTANEWS176 E POR OLHAR DIGITAL 20/10/2022 18h18                                                                                      Por Marcelo Zurita editado por André Lucena

Todo mês de outubro, a Terra atravessa a nuvem de detritos deixada pelo Cometa Halley em suas prévias passagens pelo Sistema Solar interior. Quando esses detritos atingem nossa atmosfera, ocorre a Oriónidas, uma chuva de meteoros de média intensidade que pode ser vista de todo Brasil se as condições meteorológicas permitirem. A máxima dessa chuva ocorre na noite entre 21 e 22 de outubro, quando poderão ser observados até 20 meteoros por hora, dependendo das condições do tempo e do local de observação.

Reprodução/Foto-RN176 [ Orionídeos sobre a Mongólia – Créditos: Lu Shupei ]

Os orionídeos (nome que se dá aos meteoros dessa chuva) poderão ser vistos já a partir das 23h, mas o melhor horário para observá-los será a partir das 02h30 e até o amanhecer da madrugada entre os dias 21 (sexta) e 22 (sábado). Nas noites anterior e posterior, também poderá ser observada uma atividade interessante de meteoros da Oriónidas, embora com menor intensidade. Em média, os fragmentos dos orionídeos atingem a Terra numa velocidade de 67 km/s (241 mil km/h), o que gera meteoros muito rápidos e luminosos, alguns deles deixando uma trilha ionizada por alguns segundos. Embora não seja muito comum, alguns orionídeos podem ser bastante luminosos e explosivos.

Oriónidas este ano

Este ano, a Lua em fase minguante, não vai atrapalhar a visualização da Oriónidas. Na noite da máxima, ela só deve nascer pouco antes do amanhecer, por volta das 4h da madrugada. Isso deve clarear ligeiramente o céu na direção leste, ofuscando apenas os últimos meteoros que surgirem naquela parte do céu.

Mesmo sendo uma chuva com radiante no Hemisfério Norte Celeste, a Oriónidas apresenta taxas muito boas para todo o Brasil. É uma chuva de bastante constante e dificilmente decepciona, podendo atingir até 20 meteoros por hora nas regiões Norte e Nordeste. Mesmo na região Sul, ainda será possível observar até 15 meteoros por hora.

Reprodução/Foto-RN176 [ Taxa média de meteoros por hora para a Oriónidas em 2022 em condições ideais de observação – Créditos: BRAMON ]

Todas essas taxas são estimadas considerando condições ideais de observação, ou seja, uma noite sem nuvens em um local afastado das luzes das grandes cidades. Essas luzes são prejudiciais porque ofuscam as estrelas e os meteoros mais tênues, então, se você está em uma cidade, procure desligar o máximo de luzes ao redor antes de iniciar as observações.

Como observar a chuva de meteoros

Apesar de não estar entre as chuvas de meteoros mais intensas do ano, a Oriónidas, é uma das melhores para nós brasileiros. Ela ocorre entre 2 de Outubro e 7 de Novembro, no momento em que a Terra atravessa a trilha de detritos deixada pelo Cometa Halley. O momento de maior intensidade será na noite entre 21 e 22 de Outubro, quando passaremos pela região mais densa dessa trilha. Essa noite é, sem dúvida, o melhor momento para se observar a chuva de meteoros Oriónidas, especialmente, nas últimas horas da madrugada do dia 22, quando a atividade de meteoros estará mais intensa. Entretanto, nas madrugadas do dia 21 e 23, também é possível observar uma boa quantidade de meteoros dessa chuva.

A observação de uma chuva de meteoros é uma das atividades mais democráticas na astronomia. Está acessível a qualquer pessoa que tenha uma boa visão e um pedaço de céu para contemplar. Não é necessário de nenhum equipamento nem instrumento óptico. No máximo uma cadeira de praia e uma garrafa de café. O melhor a se fazer é procurar um local escuro e confortável, que tenha uma boa visibilidade do céu e, preferencialmente, longe das grandes cidades. A maioria dos meteoros vistos durante uma chuva tem brilho mais fraco e são facilmente ofuscados pelas luminosidade dos centros urbanos. Por isso, observá-los em um local escuro, permite que sua visão se adapte à baixa luminosidade, se tornando mais sensível e possibilitando a observação de um número maior de meteoros.

Reprodução/Foto-RN176 [ Radiante da Oriónidas – Créditos: BRAMON ]

Os melhores locais são nas zonas rurais, afastadas dos grandes centros. Se não for possível ir até um local assim, procure um quintal, jardim, varanda, ou qualquer área que lhe forneça uma boa visão do céu. De preferência um local escuro ou o mais escuro possível.

Todos os meteoros de uma mesma chuva parecem irradiar de um mesmo ponto no céu, chamado de radiante. No caso da Oriónidas, seu radiante está localizado na Constelação de Órion, por isso ela recebe esse nome. Entretanto, não é preciso olhar nessa direção para vê-los, porque os meteoros ocorrerão em todas as partes do céu.

O Cometa Halley

Durante milhares de anos, o Cometa Halley nos visitou e encantou nossos antepassados. Ele retorna a cada 76 anos, tempo demais para que um ser humano comum percebesse sua regularidade. Mas, no século XVIII, o astrônomo Edmond Halley, encontrou registros de passagens de três grandes cometas em 1531, 1607 e 1682 e percebeu se tratarem na verdade do mesmo objeto. Halley calculou sua órbita e seu período de 76 anos, prevendo, pela primeira vez, o reaparecimento do cometa para o ano de 1758. Halley não viveu para ver sua previsão se confirmar, mas seu nome foi imortalizado no primeiro cometa da história a ser percebido como periódico.

Reprodução/Foto-RN176 [ Cometa 1P/Halley fotografado em 1986 por W. Liller ]

Nesse momento, o Cometa Halley está bem distante, a cerca de 5,3 bilhões de quilômetros da Terra e se aproximando de seu afélio, o ponto mais afastado do Sol. Ele só deve voltar a “dar as caras” por aqui no ano de 2061. Muitos dos que hoje estão lendo essa matéria podem não tê-lo visto em sua última passagem e nem verão sua próxima. Enquanto o Halley passa todo esse tempo distante, podemos apreciar a beleza dos seus meteoros. Tanto a Oriónidas, em outubro, quanto a Eta Aquáridas, em maio, são pequenas lembranças de suas sucessivas passagens pelo Sistema Solar interior ao longo de vários milênios.